(continuação do capitulo anterior)
No início da temporada de 1968, Jackie Stewart desistiu na Africa do Sul, e um acidente numa prova de Formula 2 em Espanha, que o colocou de fora durante mais de um mês, fez pensar que a sua temporada com a Matra iria ser difícil. Mas com a entrada do novo chassis MS10, combinado com os pneus Dunlop, fizeram com que Stewart desse a primeira vitória da marca no circuito holandês de Zandvoort, debaixo de imensa chuva. Três provas mais tarde, no circuito de Nurburgring, debaixo de imensa chuva e nevoeiro, o escocês consegue aquele que, para muitos, é a sua vitória mais memorável da sua carreira.
Partindo do sexto lugar da grelha de partida, depois do “poleman” Jacky Ickx e de Chris Amon, ambos nos seus Ferrari, do Lótus de Graham Hill, do Brabham de Jochen Rindt e do Cooper de Vic Elford. No momento da largada, chovia copiosamente. Hill partiu bem e tomou a liderança, seguido por Amon, Rindt e Stewart. E no final da primeira volta… o escocês era o líder da corrida!
Mas as coisas não ficariam por aí. Para além de ter passado quatro carros nos 22 km de circuito, em condições extremas, tinha aberto... nove segundos de diferença! Nas 13 voltas seguintes, Stewart esteve imparável: os pneus Dunlop do seu Matra MS10 estavam no seu melhor, e o escocês "voava", enquanto que a concorrência "patinava". Tudo isso num circuito que tinha zonas secas e molhadas, o que complicava ainda mais a tarefa dos pilotos. No final da corrida, Stewart cortava a meta com quatro minutos de avanço sobre os restantes concorrentes. Humilhando os seus adversários com uma exibição só paralela a de Tazio Nuvolari, em 1935, e a de Juan Manuel Fangio, em 1957...
Apesar da sua grande exibição, Stewart não deixava de confessar o seu espanto sobre a maneira como ganhou, especialmente sob aquelas condições. Anos mais tarde, descreveu as condições dessa corrida:
"A chuva era incrível - não se via nada! Não via os meus pontos de referência para as travagens, nem o carro à minha frente (...) nem queria pensar o que acontecia atrás de mim. O circuito é estreito e mesmo com boa visibilidade é difícil ver onde estamos. (...)"
"Depois (de chegar à liderança) foi andar o mais depressa possível. Duas voltas depois, tinha uma vantagem de 34 segundos e continuei a aumentá-la, sempre com o cuidado de não pisar qualquer poça. A três voltas do fim, a chuva aumentou. Havia rios cruzando a pista. Perto do Karrussel, o carro fugiu, o motor morreu, derrapei em direcção a um comissário, ao lado de uma árvore. Quando ele saltou para um lado, vi que o ia atropelar, mas aí os pneus aderiram e retomei o controlo do carro. Quando Graham Hill chegou a esse local, saiu de pista, mas o comissário tinha mudado de local..."
" (...)Foi uma vitória esfuziante para mim, mas fiquei ainda mais feliz por acabar a corrida. Esta foi talvez a maior ambição quanto a ganhar em circuito. Aquela corrida jamais deveria ter sido realizada e tê-la ganho com tal vantagem deu-me credibilidade sempre que pedia algo a favor da segurança".
Stewart consegue mais uma vitória, no circuito americano de Watkins Glen, em mais uma vitória convincente para a Matra, e o coloca como um dos candidatos ao título nesse ano. Mas na sua corrida final, no México, as coisas correm mal e não chega mais além do que o sétimo lugar, e perde o título mundial desse ano a favor de Graham Hill.
Stewart começou a temporada de 1969 com o mesmo chassis MS10, enquanto que não vinha o novo carro, que só estrearia no Mónaco. Mas Stewart conseguiu duas vitórias, em Kyalami e Montjuich, começando a temporada com o pé direito. Desistiu no Mónaco, na estreia do novo carro, o MS80, mas a partir daí, venceu quatro das cinco provas seguintes (Zandvoort, Clermont-Ferrand, Silverstone e Monza). Nessa última corrida, o escocês venceu por meio carro o seu rival e grande amigo, o austríaco Jochen Rindt. O seu título mundial foi conquistado com 63 pontos, e por fim dava à Matra o título tão ambicionado: ser o primeiro chassis francês a conseguir um título mundial.
Mas isso foi conseguido através de motores Cosworth, e não com os seus próprios motores, que o escocês achava serem demasiado fracos, apesar de terem 12 cilindros, contra os oito cilindros dos motores Ford. No final de 1969, Lagardére queria que eles usassem os motores Matra na temporada de 1970, algo que nem Stewart, nem Tyrrell queriam, devido aos compromissos que tinham com a Ford. Assim sendo, abandonaram a Matra, mas Ken Tyrrell não queria fazer ainda o seu chassis. Andaram várias semanas à procura outros fabricantes, até aparecer a oferta de uma recém-chegada à Formula 1: a March.
Com um chassis desenhado por Robin Herd e tendo como “manager” um tal Max Mosley, a March era o melhor chassis que poderiam ter na altura. Com motores Cosworth e pneus Firestone, e tendo como companheiro o francês Johnny Servoz-Gavin, Stewart começou bem a época com uma “pole-position” na Africa do Sul e uma vitória em Espanha, mas o chassis não dava para mais, apesar de terem conseguido mais duas polé-positions e mais dois pódios. Com a época a passar e com a ideia cada vez mais feita de que era preciso fazer o seu próprio chassis, Ken Tyrrell recorreu aos serviços de Derek Gardner para construir aquilo que seria o chassis 001.
Partindo do sexto lugar da grelha de partida, depois do “poleman” Jacky Ickx e de Chris Amon, ambos nos seus Ferrari, do Lótus de Graham Hill, do Brabham de Jochen Rindt e do Cooper de Vic Elford. No momento da largada, chovia copiosamente. Hill partiu bem e tomou a liderança, seguido por Amon, Rindt e Stewart. E no final da primeira volta… o escocês era o líder da corrida!
Mas as coisas não ficariam por aí. Para além de ter passado quatro carros nos 22 km de circuito, em condições extremas, tinha aberto... nove segundos de diferença! Nas 13 voltas seguintes, Stewart esteve imparável: os pneus Dunlop do seu Matra MS10 estavam no seu melhor, e o escocês "voava", enquanto que a concorrência "patinava". Tudo isso num circuito que tinha zonas secas e molhadas, o que complicava ainda mais a tarefa dos pilotos. No final da corrida, Stewart cortava a meta com quatro minutos de avanço sobre os restantes concorrentes. Humilhando os seus adversários com uma exibição só paralela a de Tazio Nuvolari, em 1935, e a de Juan Manuel Fangio, em 1957...
Apesar da sua grande exibição, Stewart não deixava de confessar o seu espanto sobre a maneira como ganhou, especialmente sob aquelas condições. Anos mais tarde, descreveu as condições dessa corrida:
"A chuva era incrível - não se via nada! Não via os meus pontos de referência para as travagens, nem o carro à minha frente (...) nem queria pensar o que acontecia atrás de mim. O circuito é estreito e mesmo com boa visibilidade é difícil ver onde estamos. (...)"
"Depois (de chegar à liderança) foi andar o mais depressa possível. Duas voltas depois, tinha uma vantagem de 34 segundos e continuei a aumentá-la, sempre com o cuidado de não pisar qualquer poça. A três voltas do fim, a chuva aumentou. Havia rios cruzando a pista. Perto do Karrussel, o carro fugiu, o motor morreu, derrapei em direcção a um comissário, ao lado de uma árvore. Quando ele saltou para um lado, vi que o ia atropelar, mas aí os pneus aderiram e retomei o controlo do carro. Quando Graham Hill chegou a esse local, saiu de pista, mas o comissário tinha mudado de local..."
" (...)Foi uma vitória esfuziante para mim, mas fiquei ainda mais feliz por acabar a corrida. Esta foi talvez a maior ambição quanto a ganhar em circuito. Aquela corrida jamais deveria ter sido realizada e tê-la ganho com tal vantagem deu-me credibilidade sempre que pedia algo a favor da segurança".
Stewart consegue mais uma vitória, no circuito americano de Watkins Glen, em mais uma vitória convincente para a Matra, e o coloca como um dos candidatos ao título nesse ano. Mas na sua corrida final, no México, as coisas correm mal e não chega mais além do que o sétimo lugar, e perde o título mundial desse ano a favor de Graham Hill.
Stewart começou a temporada de 1969 com o mesmo chassis MS10, enquanto que não vinha o novo carro, que só estrearia no Mónaco. Mas Stewart conseguiu duas vitórias, em Kyalami e Montjuich, começando a temporada com o pé direito. Desistiu no Mónaco, na estreia do novo carro, o MS80, mas a partir daí, venceu quatro das cinco provas seguintes (Zandvoort, Clermont-Ferrand, Silverstone e Monza). Nessa última corrida, o escocês venceu por meio carro o seu rival e grande amigo, o austríaco Jochen Rindt. O seu título mundial foi conquistado com 63 pontos, e por fim dava à Matra o título tão ambicionado: ser o primeiro chassis francês a conseguir um título mundial.
Mas isso foi conseguido através de motores Cosworth, e não com os seus próprios motores, que o escocês achava serem demasiado fracos, apesar de terem 12 cilindros, contra os oito cilindros dos motores Ford. No final de 1969, Lagardére queria que eles usassem os motores Matra na temporada de 1970, algo que nem Stewart, nem Tyrrell queriam, devido aos compromissos que tinham com a Ford. Assim sendo, abandonaram a Matra, mas Ken Tyrrell não queria fazer ainda o seu chassis. Andaram várias semanas à procura outros fabricantes, até aparecer a oferta de uma recém-chegada à Formula 1: a March.
Com um chassis desenhado por Robin Herd e tendo como “manager” um tal Max Mosley, a March era o melhor chassis que poderiam ter na altura. Com motores Cosworth e pneus Firestone, e tendo como companheiro o francês Johnny Servoz-Gavin, Stewart começou bem a época com uma “pole-position” na Africa do Sul e uma vitória em Espanha, mas o chassis não dava para mais, apesar de terem conseguido mais duas polé-positions e mais dois pódios. Com a época a passar e com a ideia cada vez mais feita de que era preciso fazer o seu próprio chassis, Ken Tyrrell recorreu aos serviços de Derek Gardner para construir aquilo que seria o chassis 001.
"A 21 de Janeiro [1970] Ken perguntou-me o que eu achava de construirmos o nosso próprio carro. Ken falaria com o projectista Derek Gardner. Segundo ele, poderia estar pronto no final do Verão. Se fosse rápido, tudo bem, se não fosse, teria sido apenas dinheiro desperdiçado... A 6 de Março, depois de conseguirmos a pole na estreia com o March, tivemos a certeza de que o nosso projecto iria avançar. Só Ken, Derek e eu sabiamos deste SP - Secret Project"
O carro estreou-se no GP do Canadá, no final de Setembro, onde fez a pole-position (Stewart tem o feito inédito de ter sido o piloto que fez “pole-position” para duas equipas no mesmo ano), mas desistiu. No final daquela temporada, Stewart marcou 25 pontos e acabou na quinta posição no campeonato, numa temporada nitidamente de transição.
(continua amanhã)
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