terça-feira, 9 de junho de 2009

Jackie Stewart, 70 anos - A biografia (1ª Parte)

Poucos foram os que tiveram um impacto tão tremendo na história da Formula 1, não só em termos competitivos, mas também no campo do marketing e da segurança, fazendo dela a sua causa durante a sua carreira e depois dela. Para muitos, era o “escocês voador”. Para outros, foi o primeiro piloto da era moderna da Formula 1. Era escocês, foi tri-campeão do Mundo, foi comentarista e construtor de automóveis. Deteve o recorde de vitórias na Formula 1 durante 14 anos. E tudo isto, vindo de alguém que era disléxico. Hoje falo de Jackie Stewart.


James Young Stewart nasceu a 11 de Junho de 1939 na cidade de Dons, no sul da Escócia. O automobilismo corria na família, pois o seu pai, Robert Stewart, era dono de uma garagem da Jaguar na sua terra natal e tinha sido um corredor de motos, participando no Man TT entre o período das duas guerras. O seu irmão mais velho, Jimmy Stewart (1931-2008), também se tinha envolvido na competição automobilística, correndo na famosa Ecurie Ecosse, tendo participado no GP de Inglaterra de 1953, ao volante de um Cooper-Climax.


Jackie era mau aluno na escola, e cedo se virou para os desportos motorizados. Anos mais tarde, já retirado da competição, soube que a razão para esse mau desempenho: era dislexico. Anos mais tarde, na sua autobiografia, referiu esse tempo na escola como “negro. Quando era um jovem rapaz lutando para sobreviver na escola [por causa da dislexia], o mundo parecia um lugar muito negro. Descobri a minha salvação no mundo das corridas, porque, numa altura de confusão interior e necessidade de referências, foi o meu irmão mais velho que carregou a tocha e mostrou-me o caminho, transportando-me numa espécie de carpete mágico do ambiente selvagem e escuro da escola para o mundo mágico, glamoroso e iluminado do automobilismo.”, contou.


Contudo, dois acidentes graves em que envolveu o seu irmão, nomeadamente as 24 Horas de Le Mans, em 1954, e os 1000 km de Nurburgring, no ano seguinte o fizeram com que se retirasse da competição, e a família o dissuadisse o jovem Jackie de correr. Assim, o jovem rapaz, ávido por desportos, passou a praticar tiro aos pratos. Tornou-se tão bom que falhou por pouco a qualificação à selecção nacional inglesa que iria participar nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960.


Por essa altura, já se tinha envolvido na garagem do seu pai, onde conhece um dos clientes, chamado Barry Filer. Em 1961, Filer convida o jovem de 22 anos para testar os seus carros no circuito de Oulton Park no campeonato local de Turismos, onde ganha por quatro vezes. Isso faz aumentar os índices de confiança de Stewart, e em 1962 vira piloto profissional e a equipa do seu irmão, a Ecurie Escosse. As suas performances são boas e no final do ano de 1963, um jovem “team manager” convida-o para dar umas voltas num Cooper de Formula 3, ao lado do experiente Bruce McLaren. Em poucas voltas, Stewart iguala os tempos do neozelandês, e este regressa à pista para melhorar a sua performance. Stewart não se fez rogado e respondeu, melhorando esses tempos. No final do dia, vendo o talento desse jovem, contratou-o para a temporada de Formula 3 em 1964. O homem que o iria contratar era Ken Tyrrell, e nesse dia começava uma parceria que duraria até ao final da carreira do piloto escocês, nove anos depois.


Nesse ano, Stewart vence a sua primeira corrida, em Snetterton, de forma absolutamente dominadora, com um avanço de 44 segundos sobre a concorrência. Era o inicio de uma temporada esmagadora para o piloto escocês e para a Cooper da equipa de Ken Tyrrell. A meio da época, a Cooper ofereceu-lhe um lugar na sua equipa de Formula 1, mas declinou a oferta, preferindo concentrar-se na sua temporada vitoriosa na Formula 3. No final do ano, seria campeão com sete vitórias, e mais algumas em eventos prestigiantes como o GP do Mónaco.


Entretanto, as ofertas para correr na Formula 1 continuaram. Foi fazer um teste com a Lótus, e Colin Chapman ficou impressionado com a sua rapidez, bem como Jim Clark. Chapman ofereceu-lhe um lugar na equipa, mas este declinou a oferta, preferindo correr na sua equipa de Formula 2. Correu em Clermont-Ferrand, onde num circuito difícil (era o Nurburgring francês) chegou ao fim na segunda posição. Após ter ganho o campeonato de Formula 3 e de ter impressionado na Formula 2, Stewart estava preparado para correr na Formula 1. Aceitou a oferta da BRM para correr na temporada de 1965 ao lado de Graham Hill. Tinha 25 anos de idade e iria ganhar 4000 libras de salário anual. Nunca se tinha pago tão bem para um estreante!


A sua estreia oficial foi no GP da Africa do Sul de 1965, em Kyalami. Descobrindo os limites do carro, não foi muito longe nos treinos, mas conseguiu chegar ao fim na sexta posição, sendo um dos poucos a pontuar, até então, na sua corrida de estreia. Na corrida a seguir, no Mónaco, fez tudo bem e consegue o seu primeiro pódio da carreira, seguido por dois segundos lugares em Spa-Francochamps e Clarmont-Ferrand, sendo superado nessas duas ocasiões apenas por Jim Clark. Consegue mais outro pódio em Zandvoort, um segundo lugar, sendo apenas batido por… Jim Clark.


A sua primeira época competitiva superava todas as expectativas, com quatro pódios em seis corridas. Mas o melhor estava para vir, quando a Formula 1 chegou a Monza, palco do GP de Itália. Partindo da terceira posição da grelha, atrás de Jim Clark, John Surtees e Graham Hill, lutou com esses três pilotos pela liderança, até que Clark e Surtees tiveram problemas e abandonaram. Os BRM ficaram com os dois primeiros lugares, e todos julgavam que Stewart iria ceder a liderança a Hill. Mas na última volta, o inglês perdeu o controle do seu carro na Parabólica e cedeu a liderança para Stewart, vencendo a sua primeira corrida da carreira. No final do ano, conseguiu 33 pontos e o terceiro lugar no campeonato do Mundo, a melhor classificação de um “rookie” até 2007.


Para além disso, Stewart correu nas 24 horas de Le Mans, com o carro - turbina da Rover, sem grande sucesso, e na Formula 2, com o CooperT75, também sem grandes resultados.

2 comentários:

Bruno disse...

Grande especial, Speeder.
Reza a lenda que Stewart era tão ruim e desmotivado na escola que cansou de apanhar dos valentões. Resultado? O nariz torto que muitos pensam ser prova do acidente mais grave de sua carreira na Fórmula 1.

Espero pela próxima parte. Abraços.

Blog do Malfitani disse...

Linda e merecida homenagem Speeder!

Parabéns pelo magnífico blog!

Abraços!