As expectativas estavam altas para este Grande Prémio do Brasil 2009. A possibilidade de, pela segunda vez consecutiva, ser decidido o título mundial no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, numa corrida onde a chuva poderia fazer a sua aparição, pela segunda vez consecutiva, era bem real, dadas as previsões meteológicas.
À partida, havia três candidatos: Jenson Button, o mais provável, pois era o líder, Rubens Barrichello, que depois da sua pole-position na véspera, tinha reais chances de apanhar o seu companheiro de equipa, e Sebastien Vettel, que matemáticamente ainda tinha chances. Mas os treinos de ontem tinham corrido mal a Button e Vettel, que largariam respectivamente de 14º e 17º. logo, só dificilmente as coisas lhes seriam favoráveis a eles. Mas Button só precisava de seis pontos para ser campeão, logo, bastava controlar as coisas.
Com sol na hora da corrida, todos estavam expectantes com o que iria acontecer no momento em que os vinte carros partiriam dali, rumo a 68 voltas de um tempo incerto e de muito nervoso miudinho, pois tudo seria decidido aqui. E logo na primeira curva... confusão! O Ferrari de Kimi Raikonnen aparece com o nariz partido, devido a um contacto com Mark Webber, enquanto que Jarno Trulli e Adrian Sutil "encavalitam-se" na Descida do Lago, sobrando ainda para Fernando Alonso, que acabou ali a sua corrida. O italiano saiu do carro realmente chateado com o que aconteceu, mas com todas estas confusões, o Safety Car entra na pista.
Na confusão, alguns vão às boxes para reabastecer. É o caso de Heikki Kovalainen que faz o reabastecimento... e faz uma "saida à Albers!". E ainda sobrou para... o seu compatriota Raikonnen, que quando os respingos cairam no seu carro, este pegou fogo. O finlandês da McLaren lá consegue voltar à corrida depois de andar uma volta inteira com o bocal, mas fica irremediavelmente no final do pelotão...
Durante cinco voltas, o Safety Car esteve na frente da corrida, com Barrichello na primeira posição, e as coisas decorriam a um ritmo lento. Os que foram à boxe, como Lewis Hamilton, aproveitaram para fazer estretégias onde partiriam mais pesados, esperando comensar mais tarde. Na volta seis, a corrida recomeça e depois de Barrichello e Webber, estava o polaco Robert Kubica que, com o seu BMW, tentava dar à marca um final digno. Enquanto isso, mais atrás, Button subia lugares, com uma estratégia de ataque, no sentido de conseguir os pontos necessários para resolver a questão e ser campeão do mundo já em Interlagos. Na volta oito era sétimo, mas era bloqueado pelo Toyota de Kamui Koboyashi.
Um aparte para falar do Kamui Koboyashi: para estreante, esteve excelente! Acho que merece um lugar em 2010 na Toyota, porque hoje conduziu muito, mas muito bem... aquele X ao Button merece estar na categoria das melhores ultrapassagens do ano. Mas aquela manobra kamikaze ao seu compatriota... como se diz "fizeste asneira" em Nihongo?
Com o decorrer da corrida, Barrichello deveria ter abrido alguns segundos, mas o máximo que conseguiu foram cinco até à volta 21, altura em que parou para trocar de pneus. Só que cai em cima de Kubica e Vettel, que estava a fazer uma primeira parte muito longa, para ver se conseguia classificar o mais à frente possivel. Com pneus frios, não conseguiu livrar-se do alemão da Red Bull, ao mesmo tempo em que o seu companheiro, Mark Webber, era o novo lider.
O segundo jogo de pneus para Barrichello não foi tão bom como o primeiro, isso viu-se. Tanto mais que ele não conseguiu trepar até à frente da classificação geral. Chegou a segundo, mas apenas quando Hamilton e Kubica foram às boxes. E quando foi a vez dele, trocou para macios e era terceiro. O pódio não era suficiente, porque nesta altura, Button era sétimo, e isso já era suficiente para ser o campeão. No limite, mas sim.
E na volta 61... as parcas esperanças brasileiras terminaram quando Barrichello sentiu uma vibração no pneu traseiro direito. Era um furo, mas antes disso, Hamilton ficou com o seu terceiro posto, demonstrando uma excelente corrida por parte do piloto inglês, que partira de 17º, para chegar a um excelente pódio. Sem qualquer dúvida, este inglês tem muito talento e muita categoria.
Mark Webber seguia tranquilo para a sua segunda vitória da sua carreira e a segunda consecutiva da Red Bull, demonstrando que a equipa austriaca está em maré alta, enquanto que Robert Kubica tirava a barriga de misérias e conseguia um segundo lugar, um final digno para a aventura da BMW, que sai da Formula 1 pela porta pequena, mas não pelo fundo da grelha...
E quando Jenson Button cortou a meta na quinta posição, na bandeira de xadrez dada por Felipe Massa... deve-se ter lembrado do dia em que entrou pela primeira vez dentro de um kart, quando tinha sete anos. Deve se ter lembrado da sensação que foi sentir prazer de ter o vento a bater no seu capacete, e a velocidade que puxava por aquele pequeno engenho a motor. E dos troféus do seu pai no rallycross. E das tardes de domingo, onde via Nigel Mansell a vencer com o seu "Red Five" e sonhar que um dia, também estaria na pista e seria campeão do mundo. A 18 de Outubro de 2009, todos os seus sonhos se tornaram reais. E com o carro mais improvável do pelotão, numa das histórias mais incriveis da Formula 1.
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