quarta-feira, 7 de outubro de 2009

GP Memória - Estados Unidos 1979

Uma semana depois de Montreal, a Formula 1 chegava a Watkins Glen para aquela que viria a ser a sua última corrida da temporada de 1979, dividida definitivamente em duas, a primeira parte onde Ligier e Ferrari disputavam entre si a liderança das corridas, e a segunda parte, onde se assistiu à emergência da Williams como a equipa dominante no pelotão, com a Ferrari logo a seguir, e com os lampejos da Renault, com a sua tecnologia Turbo a contrariar o pelotão dominado pelos motores Cosworth. Uma tecnologia potente, mas frágil.

Não havia novidades no pelotão da Formula 1 em relação a Montreal, mas havia certas tendências do que poderia acontecer na temporada que ali vinha. Na Brabham, sem Niki Lauda, e com Ricardo Zunino no seu lugar, o novo chassis para 1980, o BT49, com o motor Cosworth, mas via-se que estavam no bom caminho, pois o salto de qualidade em relação à altura em que usavam o motor Alfa Romeo era evidente. E o jovem Nelson Piquet, na sua primeira época completa na Formula 1 a aprender com Lauda, parecia ter carro para demonstrar o seu talento latente.

A Alfa Romeo, passada a polémica de Montreal, alinhava os seus dois carros, também com um novo chassis. Bruno Giacomelli e Vittorio Brambilla experimentavam o N179, esperando que este se mostrasse competitivo perante o pelotão de Cosworths. Contudo, depois da qualificação, o pessoal da marca italiana sabia que teriam um logo trabalho pela frente, se queriam ter um carro competitivo em 1980.

Inscritos trinta carros para Watkins Glen, somente 24 podiam alinhar na corrida. Na sexta-feira, a chuva caiu dutante toda a sessão de treinos e poucos entraram na pista. Gilles Villeneuve foi um deles, e decidiu fazer voltas rápidas em piso molhado. No final, todos ficaram de boca aberta quando viram que o seu melhor tempo era... nove segundos mais rápido do que o segundo classificado. Contudo, no dia seguinte, o sol fez a sua aparição, e os pilotos marcaram os seus tempos.

O melhor na qualificação foi Alan Jones, no seu Williams. O piloto australiano fazia a sua terceira pole-position do ano, e tinha a seu lado o Brabham-Cosworth de Nelson Piquet, que demonstrava o seu talento e o excelente chassis que tinha entre mãos. Na segunda fila estavam o Ferrari de Gilles Villeneuve e o Ligier de Jacques Laffite. Na terceira fila encontravam-se o segundo Williams de Clay Regazzoni e o Lotus-Cosworth de Carlos Reutmann, e na quarta alinhavam os Renault de René Arnoux e Jean-Pierre Jabouille. O segundo Brabham de Ricardo Zunino e o Tyrrell-Cosworth de Didier Pironi fechavam o "top ten".

Seis pilotos ficaram de fora desta corrida. Eram eles o Shadow de Jan Lammers, o Alfa Romeo de Vittorio Brambilla, o Rebaque de Hector Rebaque, o Merzario de Arturo Merzário, o Arrows de Jochen Mass e o Copersucar-Fittipaldi de Alex Dias Ribeiro.

No dia da corrida, as possibilidades de chover eram de 50 por cento. Alguns minutos antes da corrida, uma chuva forte tinha alagado a pista, apesar desta ter diminuido no momento da partida. Todos tinham mudado de pneus, excepto dois pilotos: Nelson Piquet e Mario Andretti. Ambos não tinham nada a perder, logo... No momento da largada, houve alguma confusão, com Jody Scheckter e o Wolf de Keke Rosberg a despistarem-se na primeira curva, mas a regressarem à corrida, enquanto que Giacomelli acabava na barreira, com a direcção torta. No final da primeira volta, Villeneuve era o lider, com Jones logo atrás e Reutmann estava em terceiro.

A chuva continuava, miudinha, e os pilotos tinham dificuldades em permanecer em pista. Na volta 2, o Ligier de Jacky Ickx, que tinha sido o último a qualificar-se, tinha subido doze lugares, mas ao aproximar-se da traseira do Tyrrell de Derek Daly, falhou a travagem e bateu no carro do irlandês. E assim acabava inglóriamente a última corrida do piloto belga na Formula 1. Na volta seguinte era a vez do seu companheiro Laffite... no mesmo lugar! Mais uma volta e era a vez de Carlos Reutmann a ficar pelo caminho.

A partir da volta dez, a chuva veio com maior intensidade, e os pneus Michelin trabalhavam melhor à chuva do que os Goodyear. Assim, Villeneuve conseguiu distanciar-se de Jones e Regazzoni, que seguiam nos lugares logo a seguir. Mas oito voltas mais tarde, a chuva parou e o asfalto começou a secar, favorecendo os Goodyears, e em consequência, os Williams. Por essa altura, Scheckter, que já era terceiro classificado, mudou para seco, mas fizera-o demasiado cedo, pois mal colocou o carro em pista... fez um pião!

Somente a partir da volta 25, os pilotos acharam por bem trocar de pneus. Aos poucos, os pilotos fizeram isso, excepto três pilotos: os Ferrari de Villeneuve e Scheckter e o Renault de Arnoux. curiosamente, estes três "calçavam" Michelin. Mas como eles não eram tão eficazes como os Goodyear, Jones apanhava-os, à razão de dois segundos por volta. Na volta 32, o australiano estava na frente da corrida. Duas voltas depois, Villeneuve trocou para slick e voltava à pista com 35 segundos de atraso perante Jones.

Parecia que isto estava resolvido a favor do australiano. Mas na volta 37, Jones vai às boxes para nova troca. Os mecânicos fazem a devida operação, mas a pressa faz com que o mecânico que operava o macaco pneumático o colocasse demasiado cedo no chão, pois o mecânico que operava a roda traseira direita ainda não tinha concluido a operação. Resultado: mal Jones entrou em pista, a roda saiu e ele não teve outro remédio senão encostar-se à berma.

O disparate da Williams significou a vitória certa para Villeneuve, pois tinha um avanço de quase uma volta para Scheckter. O sul-africano julgava que estava a caminho de mais um bom resultado quando na volta 48, quando um pneu rebentou, demasiado longe da boxe. Por esta altura, só havia nove carros em pista. Arnoux ascendeu ao segundo posto, com Pironi logo atrás. Derk Daly estava a caminho de um bom quarto posto, aproveitando a desistência de Piquet, devido a um problema de transmissão. Mas o irlandês perdeu o controlo do seu carro na volta 52, e o lugar caiu nas mãos de Elio de Angelis, no seu Shadow.

Até ao fim, as coisas ficaram assim, com sete carros a cortarem a meta, e com Gilles Villeneuve como vencedor. René Arnoux e Didier Pironi acompanharam-no ao pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis havia algumas novidades: Elio de Angelis conquistava aos 21 anos os seus primeiros três pontos da sua carreira (e os últimos da história da Shadow), Hans Stuck conseguia dois pontos para a Shadow, curiosamente na sua última corrida da sua carreira na Formula 1, e para fechar os lugares pontuáveis, estava o McLaren de John Watson.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/1979_United_States_Grand_Prix

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