(continuação do capitulo anterior)
Aquele domingo em Thruxton apresentava o tipico tempo britânico: céu carregado de nuvens. Tinha chovido de manhã, mas esta parara nos minutos antes do começo da primeira bateria da corrida de Formula 2, disputado neste veloz circuito. Pete Aaron e Mike Weir, acompanhado por John O'Hara e da sua irmã Sinead, decidiram vir aqui a convite do seu velho amigo Pierre de Beaufort, que por sua vez iria apresentar a um conterrâneo seu, Gilles Carpentier, campeão da Formula 3 francesa na época passada.
Gilles tinha 21 anos e uma cara dura, com um nariz de "boxeur". Não era alto, mas era forte e musculado, sinal de que era praticante de desporto. E era verdade. Pierre tinha dito que ele era um ávido rugbysta na sua juventude e que chegara a ser internacional francês nas camadas jovens. Já praticava no clube da sua terra, Toulon, quando comprou o seu primeiro carro, um Renault 8 Gordini, e desafiado por outro amigo, decidiu participar num rali local. O contacto com a competição teve um saldo positivo, e a paixão pela velocidade foi imediata.
Durante um ano, o automobilismo era mais um "hobby", enquanto que praticava o seu desporto habitual. Mas o destino trocou-lhe as voltas, quando uma placagem mal feita lhe fez partir o braço esquerdo e a perna esquerda em dois sitios (onde é que já vimos isto?) e ficou três meses em convalescença. Depois de pensar um pouco, achou que o automobilismo não iria fazer tão mal como o rugby. Na realidade, fazia tanto mal como placar e ser placado, mas vá-se lá entender a mente humana...
Depois de algumas participações do Troféu Gordini, inscreveu-se numa escola de pilotos e no Volant Elf, onde foi até à final e acabou em primeiro lugar, ganhando como prémio uma temporada completa na Formula 3 francesa, então a dar os seus primeiros passos. O forte Carpentier, contra outros pilotos, num pequeno Matra, conseguiu levar a melhor contra adversários mais leves, num estilo de pilotagem tipico do rugby: sempre ao ataque. A sorte é que estes motores Matra de Formula 3 eram fortes.
Sendo o campeão, atraiu à atenção de Pierre de Beaufort, o melhor francês de então. A origem atristocrata dele, a sua paixão por automóveis e as vitórias em pista eram mais do que referências: um farol para todos os aspirantes a chegar à categoria máxima. Fora ele que recomendou o malogrado Marroc à Yomura naquele fatídico GP de França de 1968, e agora procurava outro jovem aspirante, tendo visto Carpentier em acção quando lhe entregou o troféu de campeão e um lugar na equipa oficial de Formula 2 da Matra. Era mais do que certo que poderia ter uma ascensão rápida para a Formula 1, e correr na equipa oficial, agora que começavam a investir mais na categoria máxima do automobilismo. Esse investimento em 1969 tinha começado pela contratação do próprio Beaufort para a equipa. Se Carpentier ganhasse o título antes da última prova, a Matra tinha lhe prometido um chassis para ele para as corridas americanas.
Então, porque Beaufort convidou Aaron e Weir para o ver em acção? Por causa de Le Mans, pois a Matra não iria apostar, e Beaufort não aceitava isso, esta não-aposta na Endurance. Não havia dinheiro para tudo, afirmaram da sua sede em Paris. Então, Beaufort, sabendo da aliança entre os dois e da ideia de participar na Endurance, pensava em adquirir um carro, com patrocinadores franceses, e uma dupla francesa. Mesmo que fosse ao volante de um carro alemão... e claro, se ele não fosse o campeão da formula 2 naquele ano, sempre poderia ser um piloto interessante para Aaron e o seu projecto de 1970.
A corrida tinha duas mangas, num circuito que, tal como Silverstone, era um antigo aeródromo reconvertido em circuito no final da II Guerra Mundial. E tal como Silverstone, era feito à volta das pistas de aterragem, e era um circuito de velocidade pura. Em condições de piso molhado, quem tivesse unhas, estava safo. Beaufort era o poleman, no seu Matra, numa grelha que era igual ao da Formula 1: três carros na primeira fila, depois dois na segunda, três na terceira, dois na quarta e assim por diante. Beaufort era o nome mais sonante do cartaz, mas também estava, ao volante de um Tecno oficial, o belga Patrick Van Diemen, que nessa corrida era o quarto a partir. Também estava Peter Reinhardt, companheiro de Van Diemen na Ferrari, a alinhar noutro Tecno oficial.
Boa parte dos pilotos de Formula 1 ainda não tinham voltado de Sebring, apesar de na semana seguinte haver o International Trophy, em Silverstone. Carpentier era terceiro, e entre ele e Beaufort estava Reinhardt. Atrás de Van Diemen, estavam dois jovens pilotos, que tinham lutado um contra o outro no Europeu de Formula 3, vindos de dois paises sem expressão automobilistica até então. Um corria com um Tecno do ano passado, o outro com um Jordan já com dois anos de idade.
Após uma volta de aquecimento, onde se viu a existência de algumas partes mais molhadas que outras, o "starter" esperou para que os carros chegassem à linha branca para poder agitar a bandeira verde. Aos poucos, os carros pararam e os motores começaram a trabalhar nas rotações mais altas possiveis. Após parar o último carro, ele deu alguns segundos até a largar. Feito isto, os carros arrancaram velozes, rumo à primeira curva.
Mal Beaufort carregou o pé no acelerador, as rodas patinaram por mais tempo que o necessário e foi ultrapassado por um disparado Van Diemen, por Reinhardt e Carpentier, caindo para o quarto lugar no final da primeira curva. Logo a seguir, os dois desconhecidos começaram a pressioná-lo, no sentido de o ultrapassar. Cedo eles o fizeram, e Beaufort lutava para controlar o carro num piso ainda molhado. Quando o conseguiu controlar, partiu em perseguição a eles, mas no final da primeira volta, passou por cima de uma poça de água e fez um pião, acabando na relva e deixou passar o resto do pelotão até poder prosseguir a marcha.
À frente, Van Diemen, um mestre na chuva, começava a ganhar tempo sobre Carpentier e Reinhardt, mas atrás dele, como loucos, os dois estranhos começavam uma batalha pessoal, mostrando os seus talentos neste tipo de pista. No final da primeira volta, o primeiro desconhecido, com o Jordan pintado de branco com uma faixa azul, estava em cima do alemão e facilmente o ultrapassou, provavelmente porque achava que com o piso a secar, poderia apanhar depois o imprudente jovem piloto. Mas a bateria tinha apenas 14 voltas, isso seria dificil. Logo depois, o outro jovem desconhecido, no seu Tecno amarelo, a cor oficial da marca, também apanhava e passava Reinhardt na chuva, partindo no encalço de Carpentier, Van Diemen e o outro desconhecido.
Aos poucos, o tempo secava e uma fina trajectória começava a definir-se, fazendo com que os pilotos se concentrassem nela. Excepto os dois jovens. Num ritmo alto, aás vezes no limite do controlo, conseguindo manter esse delicado equilibrio, pelo menos nas curvas, apanhavam paulatinamente Carpentier e Van Diemen. Em menos de duas voltas, o francês foi apanhado primeiro pelo Jordan, e na volta seguinte, pelo Tecno. Depois foi uma batalha para apanhar o outro Tecno do belga, com um na mira do outro, travando sempre no limite, e acelerando na primeira oportunidade, à saída das curvas. A volta mais rápida caía volta após volta, e eram eles que os estableciam. Primeiro um, respondia o outro, e o duelo à distância prendia os olhos dos espectadores presentes.
O pessoal não queria acreditar no que viam. Dois jovens lutando como não se fosse amanhã, provavelemnte na primeira vez que pegavam em carros deste tipo, a apanhar rapidamente um piloto que era considerado como um entendido neste tipo de piso. E lentamente ganhavam tempo a Van Diemen, cujos escapes ficaram colados a partir da décima volta. Aaron inquiriu a Weir, que estava a seu lado:
- Quem são estes dois loucos?
- Francamente, não sei. Sei que vieram da Formula 3, mas nunca os vi nem mais gordos. Ou são bons ou são loucos. John, sabes alguma coisa sobre eles?
- Eu sei, respondeu Sinead, a irmã. São dois miudos com a minha idade, talvez. Um é sildavo, o outro é finlandês.
- De onde? Perguntou Pete.
- Um é muito rico, acho que é filho de Conde, com vinhas e tudo. O outro ganhou tudo que tinha a ganhar na Escandidávia. É patrocinado pela federação do seu país. Os dois andaram em duelo no campeonato do ano passado, que acabou em Monthlery, com um deles a ganhar o título e o outro a perder com um acidente em que ficou de cabeça para baixo no seu carro.
- Ahhh... já me lembro, afirmou John, o irmão. Foi no dia em que tiveste o acidente, Pete. Lembro-me disso porque a foto dele apareceu ao lado da tua foto em Watkins Glen.
- Como é que eles se chamam? perguntou
- Alex e... não me recordo do outro, respondeu John. Virou-se para Sinead e perguntou: Sabes quem é o outro.
- Alexandre Monforte, acho. E o outro tem um nome estranho. Deixa ver na lista, respondeu.
Entretanto, o finlandês apanhou Van Diemen na última volta da corrida, a poucos metros da última secção, mais lenta. Este atravessou a meta como vencedor, seguido do belga, com o sildavo nos seus escapes. Embora somente terceiro, ele era o segundo, pois os pilotos de Formula 1 não contavam para os pontos. E estes três tinham colocado Carpentier num distante terceiro posto, quarto em termos oficiais, enquanto que Beaufort tinha recuperado até ao quinto posto.
- Já descobri, afirmou Sinead. O finlandês chama-se...
Subitamente, o "speaker" começou a falar nos altifalantes do circuito para anunciar a noticia:
"O vencedor da primeira corrida de Formula 2 no circuito de Thruxton foi o piloto Antti Kalhola, proveniente da Finlandia, a bordo do seu Jordan inscrito pela Racing for Finland."
- Antti quê? perguntou Pete.
- É isso mesmo. Antti Kalhola. E pelo que leio aqui, ele só tem 19 anos de idade e ganhou a Formula 3 europeia no pano passado, contra Alex Monforte.
- E esse é quêm?
- É o sildavo.
Pete Aaron e Mike Weir ficaram impressionados com as prestações destes pilotos. Apesar de faltar a segunda manga, as suas performances tinham suplantado as de Carpentier, demasiado cauteloso e calculista nestas condições de tempo. A segunda manga iria ser dali a uma hora, mas já seria em seco, pois o tempo se abria e as nuvens dispersavam-se. Seria uma corrida diferente, mas não no sentido que esperavam.
(continua)
Aquele domingo em Thruxton apresentava o tipico tempo britânico: céu carregado de nuvens. Tinha chovido de manhã, mas esta parara nos minutos antes do começo da primeira bateria da corrida de Formula 2, disputado neste veloz circuito. Pete Aaron e Mike Weir, acompanhado por John O'Hara e da sua irmã Sinead, decidiram vir aqui a convite do seu velho amigo Pierre de Beaufort, que por sua vez iria apresentar a um conterrâneo seu, Gilles Carpentier, campeão da Formula 3 francesa na época passada.
Gilles tinha 21 anos e uma cara dura, com um nariz de "boxeur". Não era alto, mas era forte e musculado, sinal de que era praticante de desporto. E era verdade. Pierre tinha dito que ele era um ávido rugbysta na sua juventude e que chegara a ser internacional francês nas camadas jovens. Já praticava no clube da sua terra, Toulon, quando comprou o seu primeiro carro, um Renault 8 Gordini, e desafiado por outro amigo, decidiu participar num rali local. O contacto com a competição teve um saldo positivo, e a paixão pela velocidade foi imediata.
Durante um ano, o automobilismo era mais um "hobby", enquanto que praticava o seu desporto habitual. Mas o destino trocou-lhe as voltas, quando uma placagem mal feita lhe fez partir o braço esquerdo e a perna esquerda em dois sitios (onde é que já vimos isto?) e ficou três meses em convalescença. Depois de pensar um pouco, achou que o automobilismo não iria fazer tão mal como o rugby. Na realidade, fazia tanto mal como placar e ser placado, mas vá-se lá entender a mente humana...
Depois de algumas participações do Troféu Gordini, inscreveu-se numa escola de pilotos e no Volant Elf, onde foi até à final e acabou em primeiro lugar, ganhando como prémio uma temporada completa na Formula 3 francesa, então a dar os seus primeiros passos. O forte Carpentier, contra outros pilotos, num pequeno Matra, conseguiu levar a melhor contra adversários mais leves, num estilo de pilotagem tipico do rugby: sempre ao ataque. A sorte é que estes motores Matra de Formula 3 eram fortes.
Sendo o campeão, atraiu à atenção de Pierre de Beaufort, o melhor francês de então. A origem atristocrata dele, a sua paixão por automóveis e as vitórias em pista eram mais do que referências: um farol para todos os aspirantes a chegar à categoria máxima. Fora ele que recomendou o malogrado Marroc à Yomura naquele fatídico GP de França de 1968, e agora procurava outro jovem aspirante, tendo visto Carpentier em acção quando lhe entregou o troféu de campeão e um lugar na equipa oficial de Formula 2 da Matra. Era mais do que certo que poderia ter uma ascensão rápida para a Formula 1, e correr na equipa oficial, agora que começavam a investir mais na categoria máxima do automobilismo. Esse investimento em 1969 tinha começado pela contratação do próprio Beaufort para a equipa. Se Carpentier ganhasse o título antes da última prova, a Matra tinha lhe prometido um chassis para ele para as corridas americanas.
Então, porque Beaufort convidou Aaron e Weir para o ver em acção? Por causa de Le Mans, pois a Matra não iria apostar, e Beaufort não aceitava isso, esta não-aposta na Endurance. Não havia dinheiro para tudo, afirmaram da sua sede em Paris. Então, Beaufort, sabendo da aliança entre os dois e da ideia de participar na Endurance, pensava em adquirir um carro, com patrocinadores franceses, e uma dupla francesa. Mesmo que fosse ao volante de um carro alemão... e claro, se ele não fosse o campeão da formula 2 naquele ano, sempre poderia ser um piloto interessante para Aaron e o seu projecto de 1970.
A corrida tinha duas mangas, num circuito que, tal como Silverstone, era um antigo aeródromo reconvertido em circuito no final da II Guerra Mundial. E tal como Silverstone, era feito à volta das pistas de aterragem, e era um circuito de velocidade pura. Em condições de piso molhado, quem tivesse unhas, estava safo. Beaufort era o poleman, no seu Matra, numa grelha que era igual ao da Formula 1: três carros na primeira fila, depois dois na segunda, três na terceira, dois na quarta e assim por diante. Beaufort era o nome mais sonante do cartaz, mas também estava, ao volante de um Tecno oficial, o belga Patrick Van Diemen, que nessa corrida era o quarto a partir. Também estava Peter Reinhardt, companheiro de Van Diemen na Ferrari, a alinhar noutro Tecno oficial.
Boa parte dos pilotos de Formula 1 ainda não tinham voltado de Sebring, apesar de na semana seguinte haver o International Trophy, em Silverstone. Carpentier era terceiro, e entre ele e Beaufort estava Reinhardt. Atrás de Van Diemen, estavam dois jovens pilotos, que tinham lutado um contra o outro no Europeu de Formula 3, vindos de dois paises sem expressão automobilistica até então. Um corria com um Tecno do ano passado, o outro com um Jordan já com dois anos de idade.
Após uma volta de aquecimento, onde se viu a existência de algumas partes mais molhadas que outras, o "starter" esperou para que os carros chegassem à linha branca para poder agitar a bandeira verde. Aos poucos, os carros pararam e os motores começaram a trabalhar nas rotações mais altas possiveis. Após parar o último carro, ele deu alguns segundos até a largar. Feito isto, os carros arrancaram velozes, rumo à primeira curva.
Mal Beaufort carregou o pé no acelerador, as rodas patinaram por mais tempo que o necessário e foi ultrapassado por um disparado Van Diemen, por Reinhardt e Carpentier, caindo para o quarto lugar no final da primeira curva. Logo a seguir, os dois desconhecidos começaram a pressioná-lo, no sentido de o ultrapassar. Cedo eles o fizeram, e Beaufort lutava para controlar o carro num piso ainda molhado. Quando o conseguiu controlar, partiu em perseguição a eles, mas no final da primeira volta, passou por cima de uma poça de água e fez um pião, acabando na relva e deixou passar o resto do pelotão até poder prosseguir a marcha.
À frente, Van Diemen, um mestre na chuva, começava a ganhar tempo sobre Carpentier e Reinhardt, mas atrás dele, como loucos, os dois estranhos começavam uma batalha pessoal, mostrando os seus talentos neste tipo de pista. No final da primeira volta, o primeiro desconhecido, com o Jordan pintado de branco com uma faixa azul, estava em cima do alemão e facilmente o ultrapassou, provavelmente porque achava que com o piso a secar, poderia apanhar depois o imprudente jovem piloto. Mas a bateria tinha apenas 14 voltas, isso seria dificil. Logo depois, o outro jovem desconhecido, no seu Tecno amarelo, a cor oficial da marca, também apanhava e passava Reinhardt na chuva, partindo no encalço de Carpentier, Van Diemen e o outro desconhecido.
Aos poucos, o tempo secava e uma fina trajectória começava a definir-se, fazendo com que os pilotos se concentrassem nela. Excepto os dois jovens. Num ritmo alto, aás vezes no limite do controlo, conseguindo manter esse delicado equilibrio, pelo menos nas curvas, apanhavam paulatinamente Carpentier e Van Diemen. Em menos de duas voltas, o francês foi apanhado primeiro pelo Jordan, e na volta seguinte, pelo Tecno. Depois foi uma batalha para apanhar o outro Tecno do belga, com um na mira do outro, travando sempre no limite, e acelerando na primeira oportunidade, à saída das curvas. A volta mais rápida caía volta após volta, e eram eles que os estableciam. Primeiro um, respondia o outro, e o duelo à distância prendia os olhos dos espectadores presentes.
O pessoal não queria acreditar no que viam. Dois jovens lutando como não se fosse amanhã, provavelemnte na primeira vez que pegavam em carros deste tipo, a apanhar rapidamente um piloto que era considerado como um entendido neste tipo de piso. E lentamente ganhavam tempo a Van Diemen, cujos escapes ficaram colados a partir da décima volta. Aaron inquiriu a Weir, que estava a seu lado:
- Quem são estes dois loucos?
- Francamente, não sei. Sei que vieram da Formula 3, mas nunca os vi nem mais gordos. Ou são bons ou são loucos. John, sabes alguma coisa sobre eles?
- Eu sei, respondeu Sinead, a irmã. São dois miudos com a minha idade, talvez. Um é sildavo, o outro é finlandês.
- De onde? Perguntou Pete.
- Um é muito rico, acho que é filho de Conde, com vinhas e tudo. O outro ganhou tudo que tinha a ganhar na Escandidávia. É patrocinado pela federação do seu país. Os dois andaram em duelo no campeonato do ano passado, que acabou em Monthlery, com um deles a ganhar o título e o outro a perder com um acidente em que ficou de cabeça para baixo no seu carro.
- Ahhh... já me lembro, afirmou John, o irmão. Foi no dia em que tiveste o acidente, Pete. Lembro-me disso porque a foto dele apareceu ao lado da tua foto em Watkins Glen.
- Como é que eles se chamam? perguntou
- Alex e... não me recordo do outro, respondeu John. Virou-se para Sinead e perguntou: Sabes quem é o outro.
- Alexandre Monforte, acho. E o outro tem um nome estranho. Deixa ver na lista, respondeu.
Entretanto, o finlandês apanhou Van Diemen na última volta da corrida, a poucos metros da última secção, mais lenta. Este atravessou a meta como vencedor, seguido do belga, com o sildavo nos seus escapes. Embora somente terceiro, ele era o segundo, pois os pilotos de Formula 1 não contavam para os pontos. E estes três tinham colocado Carpentier num distante terceiro posto, quarto em termos oficiais, enquanto que Beaufort tinha recuperado até ao quinto posto.
- Já descobri, afirmou Sinead. O finlandês chama-se...
Subitamente, o "speaker" começou a falar nos altifalantes do circuito para anunciar a noticia:
"O vencedor da primeira corrida de Formula 2 no circuito de Thruxton foi o piloto Antti Kalhola, proveniente da Finlandia, a bordo do seu Jordan inscrito pela Racing for Finland."
- Antti quê? perguntou Pete.
- É isso mesmo. Antti Kalhola. E pelo que leio aqui, ele só tem 19 anos de idade e ganhou a Formula 3 europeia no pano passado, contra Alex Monforte.
- E esse é quêm?
- É o sildavo.
Pete Aaron e Mike Weir ficaram impressionados com as prestações destes pilotos. Apesar de faltar a segunda manga, as suas performances tinham suplantado as de Carpentier, demasiado cauteloso e calculista nestas condições de tempo. A segunda manga iria ser dali a uma hora, mas já seria em seco, pois o tempo se abria e as nuvens dispersavam-se. Seria uma corrida diferente, mas não no sentido que esperavam.
(continua)
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