"Fazer algo bem vale tanto a pena que morrer fazendo ainda melhor, não pode ser loucura. Não consigo dizer isto muito bem, mas sei que isto é verdadeiro. Seria um desperdicio fazer coisas com as habilidades dos outros, mas para mim a vida é medida por realizações e não por anos."
Bruce McLaren, 1964.
Durante mais de quarenta anos, foi o mais jovem piloto de sempre a ganhar uma corrida. Venceu cinco corridas de Formula 1, as 24 Horas de Le Mans, ao lado de Chris Amon, foi campeão das Tasman Series e foi bicampeão da Can-Am. Foi ele que conseguiu a primeira das 167 vitórias na categoria máxima do automobilismo, a última das quais no passado Domingo, em Istambul, através de Lewis Hamilton. Ainda assistiu a mais três vitórias, graças ao seu compatriota Dennis Hulme, e a emergência da sua equipa como uma potência na Formula 1, que continua até aos dias de hoje.
Foi um homem que não estava no automobilismo pelo prazer da competição e de ganhar corridas. Estava ali porque era também um apaixonado pela mecânica e vivia pela obsessão de superar os limites. Portanto, a frase acima escrita faz o seu sentido, quando observamos os seus feitos ainda em vida e as circunstâncias que rodearam a sua morte, faz hoje 40 anos. Nesse dia, McLaren estava em Goodwood a testar um carro de Can-Am, o modelo M8D, quando de repente, na recta Lavant, o capot traseiro descolou-se, fazendo perder o controlo do seu carro, despistando-se e batendo num posto de comissários, que estava vazio na altura. Teve morte imediata.
McLaren era filho de um garagista, em Remuera, nos arredores de Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia. Nascido a 30 de Agosto de 1937, quando era pequeno foi-lhe diagnosticada a doença de Perthes, que lhe afectou o crescimento dos ossos do fémur, que lhe obrigou a estar deitado numa cama por mais de dois anos e deixou cicatrizes, pois tinha um ligeiro coxear. Ele foi para a Formula 1 pela mão de Jack Brabham quando, no final de 1957, ainda ele não tinha 20 anos, viu correr no GP da Nova Zelândia num Cooper de Formula 2, altamente modificado por ele e gostou do seu talento. A federação neozelandesa deu-lhe depois uma bolsa para que pudesse competir na Europa, algo que lhe beneficiou imenso. Poucos anos depois, um conterrâneo seu, Dennis Hulme, viria a ser beneficiado e foi largamente ajudado por Bruce. E foi ele que segurou a equipa, e o ajudou a sobreviver o seu legado em conjunto com Teddy Mayer, quando McLaren morreu.
A sua carreira se divide em duas partes: Cooper e McLaren. Foi ele o principal piloto após a saída de Jack Brabham, mas não conseguiu mais do que uma vitória no GP do Mónaco de 1962. No ano seguinte, fundou a Bruce McLaren Motor Racing Ltd, com pessoas como Tyler Alexander, dois irmãos que estudaram em Cornell chamados Teddy e Timmy Mayer e mais outro americano, herdeiro do conglomerado de cosméticos Revlon: Peter Revson. Em 1964, McLaren vence a Tasman Series, mas o preço a pagar foi alto, pois Timmy Meyer morre num acidente no circuito australiano de Longford. E foi num tributo a ele que Bruce cunhou a frase acima referida e que muitos consideram como o seu próprio epitáfio automobilistico.
Após isso, concentrou-se na sua equipa a na escada para o sucesso. Teve pouco tempo para saborear o sucesso, mas alcançou. Tanto que na CanAm, o seu dominio era tal que a temporada de 1969 ficou conhecida como o "The Bruce & Denny Show", pois venceram todas as onze provas daquela temporada, algumas das quais monopolizaram o pódio, graças a Dan Gurney.
Ele e Jack Brabham eram grandes amigos. Rivalizaram-se quando construiram as suas próprias equipas, mas o respeito era mútuo. Aliás, foi a morte de McLaren um dos catalizadores para que ele tomasse a decisão de abandonar a competição no final da temporada de 1970, embora a ideia de retirar por parte de "Black Jack" e regressar à Austrália estivesse sempre na sua mente.
Mas os herdeiros de McLaren continuaram com o rumo do fundador após a sua morte. E o sucesso foi maior: venceram em Indianápolis em 1972, graças ao americano Mark Donahue, e com Teddy Meyer ao leme, alcançaram os seus primeiros títulos de construtores e de pilotos na Formula 1, graças a Emerson Fittipaldi e James Hunt. Somente em 1980, quando a equipa estava na curva descendente é que essa herança diluiu, com a entrada em cena de Ron Dennis. Mas ele conseguiu respeitar a herança e manteve o nome, transformando-o num dos mais vitoriosos da história da Formula 1, garantindo o seu lugar na história do século XX automobilistico.
E a cada corrida, cada piloto que se senta nos seus carros, cada vitória, cada título, o espírito deste kiwi voador estará lá. Sempre.
Bruce McLaren, 1964.
Durante mais de quarenta anos, foi o mais jovem piloto de sempre a ganhar uma corrida. Venceu cinco corridas de Formula 1, as 24 Horas de Le Mans, ao lado de Chris Amon, foi campeão das Tasman Series e foi bicampeão da Can-Am. Foi ele que conseguiu a primeira das 167 vitórias na categoria máxima do automobilismo, a última das quais no passado Domingo, em Istambul, através de Lewis Hamilton. Ainda assistiu a mais três vitórias, graças ao seu compatriota Dennis Hulme, e a emergência da sua equipa como uma potência na Formula 1, que continua até aos dias de hoje.
Foi um homem que não estava no automobilismo pelo prazer da competição e de ganhar corridas. Estava ali porque era também um apaixonado pela mecânica e vivia pela obsessão de superar os limites. Portanto, a frase acima escrita faz o seu sentido, quando observamos os seus feitos ainda em vida e as circunstâncias que rodearam a sua morte, faz hoje 40 anos. Nesse dia, McLaren estava em Goodwood a testar um carro de Can-Am, o modelo M8D, quando de repente, na recta Lavant, o capot traseiro descolou-se, fazendo perder o controlo do seu carro, despistando-se e batendo num posto de comissários, que estava vazio na altura. Teve morte imediata.
McLaren era filho de um garagista, em Remuera, nos arredores de Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia. Nascido a 30 de Agosto de 1937, quando era pequeno foi-lhe diagnosticada a doença de Perthes, que lhe afectou o crescimento dos ossos do fémur, que lhe obrigou a estar deitado numa cama por mais de dois anos e deixou cicatrizes, pois tinha um ligeiro coxear. Ele foi para a Formula 1 pela mão de Jack Brabham quando, no final de 1957, ainda ele não tinha 20 anos, viu correr no GP da Nova Zelândia num Cooper de Formula 2, altamente modificado por ele e gostou do seu talento. A federação neozelandesa deu-lhe depois uma bolsa para que pudesse competir na Europa, algo que lhe beneficiou imenso. Poucos anos depois, um conterrâneo seu, Dennis Hulme, viria a ser beneficiado e foi largamente ajudado por Bruce. E foi ele que segurou a equipa, e o ajudou a sobreviver o seu legado em conjunto com Teddy Mayer, quando McLaren morreu.
A sua carreira se divide em duas partes: Cooper e McLaren. Foi ele o principal piloto após a saída de Jack Brabham, mas não conseguiu mais do que uma vitória no GP do Mónaco de 1962. No ano seguinte, fundou a Bruce McLaren Motor Racing Ltd, com pessoas como Tyler Alexander, dois irmãos que estudaram em Cornell chamados Teddy e Timmy Mayer e mais outro americano, herdeiro do conglomerado de cosméticos Revlon: Peter Revson. Em 1964, McLaren vence a Tasman Series, mas o preço a pagar foi alto, pois Timmy Meyer morre num acidente no circuito australiano de Longford. E foi num tributo a ele que Bruce cunhou a frase acima referida e que muitos consideram como o seu próprio epitáfio automobilistico.
Após isso, concentrou-se na sua equipa a na escada para o sucesso. Teve pouco tempo para saborear o sucesso, mas alcançou. Tanto que na CanAm, o seu dominio era tal que a temporada de 1969 ficou conhecida como o "The Bruce & Denny Show", pois venceram todas as onze provas daquela temporada, algumas das quais monopolizaram o pódio, graças a Dan Gurney.
Ele e Jack Brabham eram grandes amigos. Rivalizaram-se quando construiram as suas próprias equipas, mas o respeito era mútuo. Aliás, foi a morte de McLaren um dos catalizadores para que ele tomasse a decisão de abandonar a competição no final da temporada de 1970, embora a ideia de retirar por parte de "Black Jack" e regressar à Austrália estivesse sempre na sua mente.
Mas os herdeiros de McLaren continuaram com o rumo do fundador após a sua morte. E o sucesso foi maior: venceram em Indianápolis em 1972, graças ao americano Mark Donahue, e com Teddy Meyer ao leme, alcançaram os seus primeiros títulos de construtores e de pilotos na Formula 1, graças a Emerson Fittipaldi e James Hunt. Somente em 1980, quando a equipa estava na curva descendente é que essa herança diluiu, com a entrada em cena de Ron Dennis. Mas ele conseguiu respeitar a herança e manteve o nome, transformando-o num dos mais vitoriosos da história da Formula 1, garantindo o seu lugar na história do século XX automobilistico.
E a cada corrida, cada piloto que se senta nos seus carros, cada vitória, cada título, o espírito deste kiwi voador estará lá. Sempre.
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