Isto é raro: um despiste de Jim Clark.
Ao longo da sua carreira, que foi toda ela passada na Lotus, o piloto escocês raramente teve acidentes. O de Itália, em 1961, que matou Wolfgang Von Trips e mais 14 espectadores, e o seu acidente fatal, em Hockenheim, numa prova de Formula 2, a 7 de Abril de 1968, são dois dos mais conhecidos, mas para além desse, não se conhecem mais acidentes graves do piloto escocês. E nenhum desses dois acidentes que referi antes foram excessos do piloto: no primeiro caso foi um desentendimento, e no segundo, a causa foi um furo lento...
Aqui, a raridade maior, para além de ver um Clark zangado consigo mesmo e Colin Chapman entre os bombeiros e policias da cidade do Porto, a ajudar a tirar dali o modelo Lotus 18/21, é a causa: um excesso do piloto. Não foi um problema mecânico, não foi um factor externo, nada... a culpa foi de Jim Clark. E no instantâneo tirado por Bernard Cahier, a linguagem corporal de Clark diz tudo: ele é o responsável por destruir aquele veículo, já de si frágil, pelos acidentes graves que já tinha causado ao longo daquela época: Stirling Moss, Henry Taylor, Alan Stacey...
A foto foi tirada nos treinos, e Clark, para compensar, deu à Lotus, no dia seguinte, o terceiro lugar e um pódio. O seu primeiro pódio. O terceiro posto compensou o facto do "poleman", John Surtees, ter desistido com um radiador furado e nada terem feito para avitar o dominio dos Cooper da dupla vinda dos Antipodas: Jack Brabham e Bruce McLaren. Dois pilotos que ele viria a cruzar várias vezes ao longo da década que iria começar...
Quanto ao cenário, a Formula 1 só voltaria a Portugal dali a 24 anos. Outro cenário, outros carros, outros protagonistas. Nenhuma das duas personagens conhecidas estaria viva em 1984.
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