Tinha passado um mês desde a corrida britânica quando máquinas e pilotos rumavam à cidade do Porto para correrem o GP de Portugal, que naquele ano voltava ao circuito da Boavista, depois de um ano a correr na lisboeta Montes Claros, no Monsanto.
Mário de Araujo Cabral voltava a correr num Formula 1, desta vez num Cooper-Maserati da Scuderia Centro-Sud, ao lado do americano Masten Gregory. Era a primeira alteração na lista de inscritos para a grelha de partida na corrida portuguesa. A segunda grande alteração era o regresso de Stirling Moss à competição, no seu Lotus-Climax, da Rob Walker Racing, quase dois meses após o seu acidente quase fatal nos treinos para o GP da Belgica, em Spa-Francochamps. Estavam presentes dezasseis pilotos, representando as equipas de fábrica da Cooper, Lotus, Ferrari e BRM, e os privados da Rob Walker Racing, a Centro Sud e da BRP.
Na Cooper oficial estavam Jack Brabham e Bruce McLaren, enquanto que na BRP estavam Olivier Gendebien e Tony Brooks. A Ferrari inscrevia dois carros para o americano Phil Hill e o alemão Wolfgang Von Trips, enquanto que a BRM tinha três carros para o americano Dan Gurney, o britânico Graham Hill e o sueco Jo Bonnier. Na Lotus estavam, para além de Moss, que corria pela escocesa Rob Walker Racing, os carros oficiais de Jim Clark, Innes Ireland, Henry Taylor e John Surtees.
Na qualificação, a luta foi entre o BRM de Dan Gurney e o Lotus de John Surtees, mas no final foi Surtees que conseguiu dar à Lotus a sua primeira pole-position oficial da marca, batendo o americano por algumas décimas de segundo. Jack Brabham completava a primeira linha no terceiro posto. Na segunda linha estavam o Lotus de Stirling Moss e o segundo BRM de Graham Hill. Na terceira estava o Cooper de Bruce McLaren, o Lotus de Ireland e de Jim Clark, e a fechar o "top ten" estavam os Ferrari de Wolfgang Von Trips e de Phil Hill.
Ainda nos treinos, Henry Taylor tem um acidente que o fere num braço e o impede de correr na prova portuguesa. Quanto a Mário "Nicha" Cabral, é o último a partir para a corrida do dia seguinte.
Na partida, Brabham parte melhor e toma a liderança, mas pouco depois sai largo numa curva e Gurney fica com o comando, com o piloto australiano a cair para o sexto lugar. Atrás do americano estavam Moss, Surtees e Phil Hill. As coisas permaneceram assim até à décima volta, quando Gurney começou a ficar para trás devido a uma fuga de óleo, fazendo com que o comando caisse às mãos de Surtees, com Moss logo atrás, bem colado ao seu compatriota no Lotus oficial.
Contudo, pouco depois, Moss tem problemas devido às velas do seu carro, e também caiu na classificação. Mas para piorar as coisas, sofre um pião e para virar, guia alguns metros em sentido contrário. Com isso, so comissários não tiveram outro remédio senão desqualificá-lo.
Surtees continuava na frente, seguido de Brabham, que tinha recuperado e lutava pelo segundo posto com o Ferrari de Phil Hill, mas na volta 29, o americano despista-se e Brabham respira melhor. E mais acontecria na volta 36, quando Surtees desiste um um radiador furado, cujo óleo tinha vertido para os pedais, fazendo-o escorregar e perder o controlo do carro.
Com isto, Brabham era o lider e o seu companheiro Bruce era segundo, a caminho de mais uma dobradinha da marca de John Cooper. E foi assim que cruzaram a meta, no final da 55ª volta. A completrar o pódio estava um jovem de 24 anos chamado Jim Clark, que conseguira ser o melhor representante da Lotus naquele dia. O Ferrari de Wolfgang Von Trips, o Cooper-BRP de Tony Brooks e o Lotus de Innes Ireland fecharam os lugares pontuáveis.
Virtualmente, Jack Brabham tinha ganho o bicampeonato, dado o enorme avanço que tinha sobre o terceiro classificado, Innes Ireland, já que o segundo, Bruce McLaren, era o seu companheiro. E quando um mês depois, todas as equipas inglesas se recusam a correr na oval de Monza, afirmando que era demasiado perigosa para ser corrida, essa virtualidade se tinha transformado em realidade, pois só ficaria a faltar o GP dos Estados Unidos, em Riverside.
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