Depois de duas semanas, a Formula 1 voltava à acção no tortuoso circuito de Hungaroring, numa Hungria que completara a sua revolução democrática e a consequente abertura ao capitalismo. A Cortina de Ferro tinha sido cortada, todos os países do Leste eram democracias, a Alemanha se preparava para a reunificação e a União Soviética ainda vivia, mas dentro dela se agitavam os vários povos com desejo de independência, a começar pelos países bálticos.
No paddock, a Camel anunciava que a partir de 1991 iriam apoiar a Williams e a Benetton, deixando de patrocinar a Lotus, que estava a ter uma temporada decepcionante. Entretanto, Peter Wright e Peter Collins iriam ser os managers da equipa, com o objectivo de encontrar apoios que substituíam os que iam perder com a saída desta tabaqueira.
Entretanto, outra equipa estava em maus lençóis. A Monteverdi-Onyx funcionava só com arames e as coisas prometiam ficar ainda piores, após um forte acidente de Gregor Foitek durante os treinos de Sábado, devido a uma falha na suspensão. O suíço, cujo pai era um dos proprietários da equipa, afirmou que já tinha passado pelo suficiente e abandonou a equipa naquele mesmo fim de semana. Desnecessário seria dizer que ambos os carros não se qualificaram, mas tinham passado a pré-qualificação no dia anterior, em conjunto com os AGS de Yannick Dalmas e Gabriele Tarquini.
Na qualificação propriamente dita, os melhores foram os Williams-Renault de Thierry Boutsen e Riccardo Patrese. O belga tinha feito a sua primeira pole-position da sua carreira e a primeira de um belga desde 1972, com Jackie Ickx, em Monza. Na segunda fila estavam os McLaren de Gerhard Berger, que tinha superado o seu companheiro, Ayrton Senna. Na terceira fila ficaram o Ferrari de Nigel Mansell e o Tyrrell de Jean Alesi, enquanto que Alessandro Nannini era o sétimo da grelha, à frente do Ferrari de Alain Prost. A fechar o "top ten" estavam o segundo Benetton de Nelson Piquet e o Dallara-Ford de Andrea de Cesaris.
Entre os não qualificados, para além dos dois Onyx, ficavam o AGS de Yannick Dalmas e o carro de David Brabham, na equipa fundada pelo seu pai.
O dia estava quente e limpo, e os pilotos encaravam 77 voltas de um circuito tortuoso e algo enfadonho, com uma grande probabilidade dos carros ficarem numa longa fila indiana. E em muitos aspectos, foi o que aconteceu. Na partida, Berger tentou superar os dois Williams, mas não conseguiu, e Boutsen ficou na liderança da corrida. O austríaco só tinha conseguido ficar em segundo, superando Patrese. Mais atrás, Senna era surpreendido por Mansell e Alesi, caindo para a sexta posição.
Quanto a Alain Prost, também perdeu lugares na partida para De Cesaris, Nannini e Piquet. Nas voltas seguintes, enquanto que Alesi abria espaço devido à sua menor velocidade de ponta, Prost, Nannini e Piquet perdiam tempo para tentar superar o italiano da Dallara.
Na volta 21, Senna passa Alesi, mas isso foi de pouca dura, pois teve um furo e rumou às boxes, caindo para o décimo posto. Mais atrás, Nannini supera Alesi e junta-se aos quatro da frente, enquanto que Prost tinha uma falha na transmissão e despista-se a meio da corrida, ficando de fora. Pouco depois, Alesi tem um encontro imediato com o Minardi de Pierluigi Martini e também desiste.
Por essa altura, os cinco primeiros estavam juntos: Boutsen, Berger, Patrese, Mansell e Nannini, com Senna a aproximar-se. Na volta 50, Berger decidiu colocar pneus novos e logo a seguir Mansell tenta passar Patrese, mas a manobra é um fracasso e perde posições para Nannini e Senna. O italiano decidiu então proteger o seu companheiro, permitindo-o que se afastasse, mas somente ate que ele fosse às boxes. Quando tal aconteceu, o pelotão, liderado pelo Benetton de Nannini, aproximou-se.
Senna decidiu tentar passar o italiano por todos os meios e na volta 64, na chicane, fez a manobra. Contudo, esta foi mal calculada e coloca o piloto do Benetton fora de pista. Senna nada sofreu, mas a corrida do italiano terminava ali. Oito voltas depois, Mansell tenta fazer a mesma manobra, no mesmo local, mas ambos batem e abandonam de imediato.
Com isso, Senna pressionou Boutsen até aos metros finais, mas quem levou a melhor foi o belga. A fechar o pódio ficou o outro Benetton de Nelson Piquet, que aproveitou bem os desastres dos outros para subir ao pódio. Riccardo Patrese, o Lotus de Derek Warwick e o Larrousse-Lamborghini de Eric Bernard ficaram com os restantes lugares pontuáveis.
Fontes:
http://www.grandprix.com/gpe/rr494.html
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