Em 1976 e 1977, a Brabham não alcançou quaisquer vitórias e viu-se a braços com alguns problemas. Carlos Reutemann, descontente, foi para a Ferrari, enquanto que no inicio de 1977, José Carlos Pace sofreu um acidente de aviação mortal na zona de São Paulo. Mesmo assim, Ecclestone conseguia grandes negócios, como por exemplo a contratação de Niki Lauda, ao preço de um milhão de dólares por temporada. Em 1978, conseguiu as unicas vitórias do ano, ganhando na Suécia e em Itália, uma dobradinha com John Watson, o seu companheiro de equipa.
Por esta altura, Ecclestone repara num jovem brasileiro com muito jeito para a condução e para a mecânica, de seu nome Nelson Piquet. Ecclestone contrata o jovem brasileiro, sabendo que era um potencial campeão do mundo e coloca ao lado de Lauda na temporada de 1979, ainda com os Alfa Romeo. Nesta altura, também, Ecclestone tinha chegado à liderança da organização que tinha ajudado a fundar, a FOCA. E foi precisamente nesta altura que a capacidade negocial de Eccestone para gerir os destinos da Formula 1 começou a surgir. E na altura em que passou pela era mais turbulenta da sua história.
Por essa altura, a Comission Sportive International (CSI) tinha eleito o francês Jean-Marie Balestre e este tinha mudado o nome para Federation International de Sport Automobile (FISA) e este procurou aprovar uma série de meidadas no sentido de aumentar a segurança dos carros, já que se viviam os tempos do efeito-solo. Assim sendo, decidiu que as equipas iriam retirar as saias laterais, que serviam para criar vácuo e ajudar na eficácia dos carros. FOCA, representada de Bernie Ecclestone, fez finca-pé nas decisões da FISA, afirmando que tais decisões prejudicavam nas performances dos seus carros. Sendo um pretexto para uma luta pelo controlo do poder e dos dinheiros vindos da televisão, o conflito começou logo no final de 1979.
De inicio, as pressões começaram a ser pequenas, mas quando a partir do GP da Belgica de 1980, FISA decidiu instaurar a obrigatoriedade dos pilotos apareceram nas conferências de imprensa, sob pena de multas e subsequente retirada da Super-Licença, Ecclestone e a FOCA reagiram, instruindo os pilotos a desobedeceram às regras. Assim aconteceu na Belgica e no Mónaco, mas na prova seguinte, em Espanha, a FISA foi radical e retirou as Super-Licencas aos pilotos, impedindo a realização do GP de Espanha. A FOCA reagiu, indo correr na mesma a prova espanhola, mas sem as presenças da Alfa Romeo, Ferrari e Renault. No final, Alan Jones venceu, mas a prova nunca foi reconhecida por Ballestre. No final, as coisas resolveram-se com o pagamento das multas, mas no final de 1980, as equipas decidiram reagir e anunciaram uma série paralela, sob a égide de uma nova entidade, a World Federation of Motorsport.
Ecclestone era um dos impulsionadores dessa nova Federação, mas após uma prova, o GP da Africa do Sul, em Kyalami, em Fevereiro de 1981, verificou-se que essa iniciativa estava condenada ao fracasso, e pouco depois, regressaram ao seio da FISA. Contudo, após esses eventos, FISA e FOCA reuniram-se na sede da FIA, em Paris, e após uma maratona negocial, chegaram a um acordo que ficou conhecido como o Pacto da Concórdia. Nesse acordo, a FOCA ficou com o dinheiro proveniente os direitos televisivos, cujo valor seria dividido entre as equipas presentes. Contudo, ainda antes desse acordo, Ecclestone tinha acordado com as restantes equipas uma percentagem de 23 por cento, em troca de plenos poderes para negociar acordos com televisões, organizadores e patrocinadores. A sua fortuna estava garantida.
Para além disso tudo, o ano de Ecclestone ficaria completo com o título de Nelson Piquet, no final do ano. Era o primeiro título que a Brabham conseguia desde 1967, e o primeiro sob a égide de Ecclestone. A Brabham iria repetir o feito dois anos mais tarde, o primeiro ano com motores Turbo, e depois de Ecclestone ter garantido um acordo de fornecimento de motores com a BMW.
Apesar dos acordos, as divergências entre FISA e FOCA ressurgiram no inicio de 1982. Primeiro, com a greve dos pilotos no fim de semana de Kyalami, em Janeiro, e depois com as desclassificações dos carros de Nelson Piquet e de Keke Rosberg no GP do Brasil. Por causa disso, as equipas britânicas decidiram boicotar, em retaliação, o GP de San Marino, com o pelotão reduzido a 14 carros. No final, ambas as partes decidiram que o efeito-solo iria desaparecer no final da época de 1982, de uma certa forma, encerrando o foco de discórdia entre Balestre e Ecclestone.
Com o desenrolar da década de 80, Ecclestone casa-se com uma modelo croata, Slávica Radic, 28 anos mais nova do que ele (e 29 centimetros mais alta...), que lhe dá duas filhas: Tamara e Petra Ecclestone. E a sua fortuna acumula-se ao longo do anos, tendo-se tornado ultimamente num dos homens mais ricos da Grã-Bretanha, com uma fortuma estimada em 1500 milhões de libras. Sem descontar com os 270 milhões que teve de dar no acordo de divórcio com a sua mulher em 2009, após 25 anos de casamento...
Entretanto, em 1987, perde o interesse pela Brabham e vende-o ao suiço Joachim Luthi, com a equipa a não mais voltar a ser aquilo que era (e a acabar em 1992), e Ecclestone concentra-se na sua firma, a Formula One Management, que fica com uma parte cada vez maior das receitas televisivas, e o controlo do calendário da Formula 1.
E foi assim que aos poucos, esta sai da órbita europeia para se alargar cada vez mais a novos mercados, como a Ásia (China, India, Coreia, Singapura) Golfo Pérsico (Bahrein, Abu Dhabi) e Europa do Leste (Hungria, Turquia). Com circuitos feitos sob encomenda ao mesmo projectista, o alemão Hermann Tilke, Ecclestone mudou a face da Formula 1, para ser um meio de massas que movimenta mais de 2,5 mil milhões de dólares por ano e que tem uma audiência média de 1,7 mil milhões de pessoas. Mesmo com as ameaças das equipas, que se juntaram em 2008 para construir a FOTA (Formula One Teams Association), no qual - curiosamente - é contra as suas aspirações, pois sabe que isso significa uma diminuição das suas receitas.
Hoje em dia, Ecclestone tem forma do qual as pessoas não se esqueçam dele: os seus habituais "soundbytes" polémicos. Desde os elogios aos ditadores como Adolf Hitler e Saddam Hussein, até à defesa do seu peculiar sistema de medalhas, tal como acontece nos Jogos Olimpicos, Ecclestone arranjou forma de que todos saibam que ele está lá. "Uma vez pediram-me para descrever o que faço e eu disse que era um bombeiro. É exactamente isso que sou - um bombeiro! Só que as pessoas pensam que começo mais fogos do que aqueles que apago...", disse certo dia ao jornal The Guardian.
E sobre o sistema politico, afirmou: "Sei que me meto em muitos problemas quando falo nisto, mas não acho que a democracia seja a melhor forma de se comandar algo. Numa empresa ou em qualquer outro negócio, é necessário alguém para acender e apagar as luzes. Tivemos a sra. Thatcher no poder, que acendia e apagava as luzes. Ela levou o país para o sítio certo, antes de ficar confuso de novo", disse noutra entrevista ao mesmo jornal.
E agora que comemora 80 anos, diz que a reforma nunca estará nos seus horizontes, apesar de ter tido um "susto" de origem cardíaca que o levou à mesa de operações em 1999. "Da maneira que me sinto agora, porquê parar?", afirmou. Diz que perfere morrer a gozar os seus milhões, e apesar de todos o criticarem, muitos deles sabem que sem ele, a Formula 1 seria algo bastante diferente. Para o mal e para o bem.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bernie_Ecclestone
http://en.wikipedia.org/wiki/Brabham
http://en.wikipedia.org/wiki/FISA-FOCA_war
http://www.grandprix.com/gpe/cref-eccber.html
http://www.grandprix.com/ns/ns22730.html
http://www.ionline.pt/conteudo/85496-bernie-ecclestone-fica-mal-chamar-lhe-hitler-para-ele-e-um-elogio
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