A temporada de 1970 chegava ao seu final, em toda a sua glória e tragédia, na Cidade do México. Jochen Rindt iria ser coroado em circunstâncias unicas, pois estava morto antes de o saber, mas já o sentia, de tal modo é que tinha sido o seu dominio nessa temporada. O piloto austriaco, vencedor por cinco vezes nessa temporada, tinha sido a mais recente vitima mortal dos vários acidentes fatais daquele ano, que tinham reclamado também as vidas de Bruce McLaren e Piers Courage.
Na Cidade do México, máquinas e pilotos preparavam-se para correr a 13ª e última corrida do ano, num pelotão encolhido para dezoito máquinas, dado que os organizadores não permitiam, pois os prémios das inscrições não dariam para mais. Assim sendo, somente as equipas oficias da Lotus (Emerson Fittipaldi e Reine Wissel), Tyrrell (Jackie Stewart e Francois Cevért), March (Jo Siffert e Chris Amon), Matra (Henri Pescarolo e Jean-Pierre Beltoise), BRM (Jackie Oliver e Pedro Rodriguez), Ferrari (Jacky Ickx e Clay Regazzoni), McLaren (Dennis Hulme e Peter Gethin), Brabham (Jack Brabham e Rolf Stommelen) e Surtees (John Surtees) estavam presentes. A excepção privada era Graham Hill, no seu Lotus 72C inscrito pela Rob Walker Racing.
Na qualificação, o melhor foi o Ferrari de Clay Regazzoni, com o Tyrrell de Jackis Stewart a seu lado. Na segunda fila estavam Jacky Ickx, no segundo Ferrari, com Jack Brabham, aos 44 anos e na sua corrida final, a dar um ar da sua graça. Chris Amon era o quinto, seguido pelo Matra de Beltoise, o BRM de Rodriguez, o Lotus de Graham Hill, o March de Francois Cevért e o McLaren de Peter Gethin.
No dia da corrida, mais de 200 mil pessoas acorreram desde as primeiras horas do dia para a zona de Magdalena Mixhuca para assistir ao Grande Prémio. Cedo as bancadas ficaram cheias e começaram a sentar-se em vários sitios: nos guard-rails, nas bermas... uma invasão de pista era possivel e o risco do cancelamento da corrida por excesso de público era bem real. Mas os organizadores pensaram que isso poderia levar a uma revolta popular e pediram Jackie Stewart e Pedro Rodriguez para que percorressem o circuito para acalmar os ânimos e pedir às pessoas para que recuassem um pouco para que pudessem correr sem problemas.
Quando conseguiram, os pilotos entraram dentro dos carros e com algum atraso, a corrida iniciou-se, com Ickx a ser mais rápido do que Regazzoni e a tomar a liderança, com o suiço a cair para terceiro, atrás de Stewart. A corrida prosseguia, com as multidões relativamente controladas, e com Stewart a perseguir Ickx, com Regazzoni e Brabham atrás. Na volta 35, aquilo que temiam, de uma certa forma, aconteceu: um cão vagueava na pista quando Stewart o viu e não conseguiu evitar, matando-o e danificando a sua suspensão. O escocês retirou-se, e os Ferrari ficavam cada vez mais isolados, a caminho de uma dobradinha.
Atrás, Jack Brabham viu as hipóteses de uma despedida em beleza a esfumarem-se na volta 53 quando o seu motor explodiu, fazendo com que o McLaren de Dennis Hulme herdasse o posto. À medida que a corrida chegava ao fim, novo perigo estava à vista: as multidões tinham saltado de novo as barrreiras e aproximavam-se da pista de forma perigosa, e quando na volta 65, a bandeira de xadrez foi mostrada, estes invadiram-na.
No final, Ickx e Regazzoni comemoraram a terceira dobradinha de escuderia de Maranello em seis corridas, com Hulme no lugar mais baixo do pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o March de Chris Amon, o Matra de Jean-Pierre Beltoise e o BRM de Pedro Rodriguez. No final, o comportamento dos adeptos naquela tarde tiveram consequências: a FIA decidiu retirar do calendário a corrida mexicana, o que aliado, uns meses depois à morte de Rodriguez, levou a que o GP do México só regressasse dezasseis anos depois ao mesmo autódromo, agora rebatizado de "Autodromo Hermanos Rodriguez".
http://www.grandprix.com/gpe/rr197.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1970_Mexican_Grand_Prix
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