Esta era uma entrevista que gostaria de fazer há algum tempo. Antes de ver os seus primeiros vídeos, algures em 2007, achei que aqueles que via no Youtube eram demasiado “amadores” para serem vistos. Depois, um dia, o Luiz Fernando Ramos, vulgo o Ico, coloca um post a elogiar um vídeo que tinha visto na altura. Uma das coisas que me chamou a atenção, mais do que a maneira como fazia os vídeos quase como um profissional, era a sua precocidade: na altura tinha apenas 16 anos.
Milhões já viram os seus vídeos um pouco por todo o mundo, uma e outra vez. A sua popularidade foi tal que chamou a atenção da FOM, que mandou remover os seus vídeos, não uma, mas… duas vezes. E a sua conta foi apagada durante algum tempo, mas não o suficiente para que já tivesse ganho uma suficiente legião de fãs, que espalharam os seus vídeos quer no Youtube, quer noutras plataformas.
Como é óbvio, defendi-o por várias vezes, ao longo da história deste blog. Sempre gostei da maneira como os montava, da escolha da banda sonora. A ideia era causar emoção nas pessoas e tentar capturar a essência do automobilismo e, mais do que ficarmos nostálgicos do passado, e podermos dizer aos outros porque é que somos uns autênticos “petrolheads”. Os seus vídeos fazem bem à alma.
No dia em que comemora o seu 20º aniversário natalício, o Continental Circus tem o prazer de publicar a entrevista a Antti Kalhola.
1 – Olá Antti, é um prazer ter-te aqui, neste humilde blog, a responder às minhas perguntas. Queres explicar, em poucas linhas, como surgiu a ideia de fazer os teus vídeos de automobilismo?
Olá, é um prazer ser entrevistado para aqui. Este blog apoiou-me ao longo dos anos e estou mais do que feliz em conceder esta entrevista.
Comecei a fazer vídeos aos 14 anos, na Primavera de 2005, de forma algo acidental. Um dia descobri o Windows Movie Maker no meu computador e decidi experimentá-lo par aver o que era capaz. Fiquei viciado na edição de videos, e apesar dos meus primeiros vídeos serem muito simplistas foi assim que comecei.
2 – De todos os videos que já fizeste, lembras-te de algum que te orgulhe… ou não?
Há muitos vídeos que fiz e do qual guardo boas memórias, portanto, a escolha é difícil. Mas se tiver de escolher um, teria de ser o meu tributo a Ayrton Senna, com 45 minutos de duração, que fiz no ano passado. Foi o meu maior projeto até à data e senti feliz pela maneira como ficou feito.
3 – Em que é que tu, fazendo vídeos, consegues ser diferente dos outros?
Não sei responder… Só sou eu mesmo, não penso tanto nos outros. Mas talvez seja a paixão e dedicação que coloco ao fazer os meus vídeos. Durante a altura em que estou a editá-los, só estou focado naquilo e dedico todos os instantes do meu dia. Não sei se outros editores tem este tipos de dedicação, mas ainda bem que não haja muitos a fazer isto, afinal de contas, é somente um “hobby”.
4 – Falamos agora de Formula 1. Ainda te lembras da primeira corrida que assististe?
Não te sei dizer, mas uma das minhas primeiras memórias da Formula 1 foi quando tinha quatro anos, com o acidente de Mika Hakkinen nos treinos do GP da Austrália de 1995. Mas a primeira que vi foi talvez o GP do Mónaco de 1997. Recordo muito bem o GP de Jerez em 1997, pois quando no final da corrida disse à minha mãe que o Mika Hakkinen tinha finalmente ganho a sua primeira corrida, ela não acreditou no que eu dizia e depois comecei a chorar (risos).
5 – E qual foi aquela que mais te marcou?
Mais uma pergunta de difícil resposta. Das muitas que já vi, talvez escolha o GP do Brasil de 2008. Das corridas do passado, a minha perferência vai para o GP do Japão de 1989, em Suzuka. Pode não ser tão espetacualr, mas ver dois pilotos do calibre de Senna e Prost, lutando ao segundo pela decisão do título e depois acabar numa colisão é de uma certa maneira poético, pois parece que só existiam aqueles corredores na pista, como um duelo se tratasse. Pena foi que o resultado tenha sido decidido depois pelos comissários da FIA.
6 – Rosberg, Hakkinen e Raikonnen. Qual destes campeões do mundo te agrada mais?
Gosto do Keke Rosberg. Pelos vídeos que vi depois, via-se que era o mais corajoso deles todos, tinha uns grandes tomates…
7 - E nos ralis? Kankunnen, Salonen, Vatanen, Mikkola, Toivonen... a lista é longa.
Ari Vatanen. A sua vida vale um filme, pela sua atitude, filosofia de vida, pelos seus altos e baixos ao longo da sua carreira. Mas gosto de Kankunnen também, pelo seu estilo suave de condução, um dos maiores dos ralis. Também gosto de Henri Toivonen pela sua atitude dentro e fora das classificativas. E claro, Markku “Maximum Attack” Alen, pelo seu estilo matador… são imensos.
8 - Já foste ver alguma classificativa do rali da Finlândia?
Sim, várias vezes. Não vejo todos os anos, mas já vi por várias vezes. A minha primeira vez foi com três anos, em 1994, quando decidiram fazer uma pequena classificativa na cidade onde vivo. Provavelmente devem ser as minhas memórias desportivas mais antigas que tenho, as minhas primeiras imagens e sons. Lembro-me do “big bang” que os Toyota Celica tinham naquele ano, e conseguia-se ouvir o barulho do carro de Dider Auriol na linha de partida, enquanto que eu e os meus pais esatavamos na linha de chegada (risos). Podiam não ser os Grupo B, mas esse também foi uma grande era.
9 - Quero falar um pouco da actualidade. Que achas do atual plantão da Formula 1?
Acho que a qualidade dos pilotos é boa. Claro que é impossível comparar a qualidade dos pilotos do passado com os de agora, mas para mim, é uma grelha competitiva. Pessoalmente, o melhor piloto da atualidade seja talvez o Fernando Alonso, embora saiba que essa escolha não me faça uma pessoa muito popular na Finlândia. Mas a competição está apertada, pois creio que hoje em diz existem muitos pilotos de topo.
10 - Quem é que tu achas que é o favorito para a temporada de 2011?
Se a Red Bull dominar a temporada como fez no ano passado, acho que é Vettel. Caso a Ferrari e a McLaren tenham performances semelhantes, então Hamilton e Alonso também são candidatos ao título.
11 - Achaste bem o cancelamento do GP do Bahrein?
Sim, achei bem. Não havia condições, foi uma decisão acertada. Também, aquele circuito é demasiado aborrecido e não tenho problema algum esperar umas semanas extra até Melbourne.
12 - Qual é a tua opinião sobre a confusão entre a Lotus Cars e Tony Fernandes pelo direito a usar o nome “Team Lotus”?
Não tenho seguido atentamente, mas daquilo que posso dizer, acho que a disputa é um pouco disparatada.
13 - A grande ausência de 2011 vai ser Robert Kubica. Qual foi a tua reacção quando soubeste do acidente e o que achas dos pilotos de Formula 1 poderem fazer outras atividades, como ralis?
Como é óbvio, fiquei chocado quando ouvi as primeiras noticias sobre o acidente e andei a ler ao longo daquele dia as noticias sobre a sua condição e é bom saber que agora está bastante melhor. Receio que isto leve às equipas que restrinjam ainda mais as atividades que os pilotos possam fazer nos seus tempos livres. Mas pessoalmente, gosto de ver os pilotos de Formula 1 a experimentarem os ralis, não tenho problema algum em os ver ali, mas não sou diretor de equipa… (risos)
14 - Achas que Nick Heidfeld é um bom substituto?
Acho que sim, é um bom substituto. Acho que é um piloto subestimado, mas pode fazer um bom trabalho.
15 - Já começou o Mundial de ralis na Suécia, com carros e marcas novas, como a Mini. Achas que vai ser de novo Sebastien Löeb ou os teus compatriotas da Ford tirarão o ceptro das mãos?
O rali da Suécia foi magnifico, um dos melhores que já vi em muito tempo. E os carros parecem que ficam bem na fotografia, parece que vai prometer muito esta temporada. Acho que os próximos ralis não vão ser tão bons como vimos agora, mas esta temporada promete e pode ser que seja o inicio de uma era dourada no WRC.
16 – Achas que alguém conseguirá finalmente bater Sebastien Löeb? Um dos “finlandeses voadores”, por exemplo?
Acredito que sim, pois está cada vez mais a ficar velho. Mas acredito que o piloto que o poderá bater será o seu companheiro na Citroen, Sebastien Ogier. Acho que será campeão do mundo antes que Löeb se retire. Mas acho que Löeb ainda é o favorito para esta temporada.
17 – Qual é a tua impressão de Kimi Raikonnen agora nesta sua nova vida como piloto de ralis?
Confesso não ser grande fã dele, mas gosto de o ver fazer ralis. Ainda não demonstrou nada de especial, mas temos de esperar pela sua evolução. Mas como o Kimi costuma dizer sobre ele mesmo, não estou muito interessado em ver como é que o Kimi se comporta na estrada (risos)
18 - “Correr é importante para as pessoas que o fazem bem, porque… é vida. Tudo que fazes antes ou depois, é somente uma longa espera.” Esta frase é dita pelo actor americano Steve McQueen, no filme “Le Mans”. Concordas com o seu significado? Sentes isso na tua pele, quando vês uma corrida, como espectador?
Talvez isso acontecesse mais no passado, mas acho que agora também existe um pouco esse espírito. Mas também passo tanto tempo a ver filmes históricos, que começo a entender que se calhar há mais coisas na vida do que automobilismo… (risos)
19 – Já agora, tens alguma experiência automobilística, como karting? Se sim, ficaste a compreender melhor a razão pelo qual eles pegam num carro e andam às voltas num circuito?
Não, nunca entrei em competições, apesar de já ter dado umas voltas num kart. Contudo, tenho muita experiência em “simracing” e talvez fique com uma pequena ideia acerca desde desporto e dos seus competidores…
20 - Tens algum período da história do automobilismo que gostarias de ter assistido ao vivo?
Se tivesse de escolher um período especifico, seriam os anos 80, a era dos Grupo B nos ralis e os Turbo na Formula 1. Gostaria de ter assistido ao vivo à passagem dessas máquinas nas classificativas.
21 - Costumas ver o Top Gear? Se sim, o que achas, é o teu programa ideal de automóveis ou nem por isso?
Confesso não seguir o programa. Vi alguns episódios, é certo, mas não consigo emitir uma opinião formada. Talvez nem seja o meu estilo de programa, dado que ainda não me atraiu…
22 – Penúltima pergunta: nunca pensaste em fazer um blog escrito, por exemplo?
Francamente, não. Não é algo que me atraia. Sou uma pessoa introvertida e não consigo tirar prazer de falar sobre mim mesmo ou dar a minha opinião sobre o automobilismo para que outros possam ler-me.
23 - Que planos tens para o teu futuro próximo?
Recebi propostas para realizar alguns vídeos, algo que tenho de decidir nos próximos dias ou semanas, para ver se sai algo produtivo. Tenho de ver se vale a pena fazer vídeos por dinheiro. E depois, claro, completar a inscrição para a escola de cinema. Claro, quero continuar a fazer os meus próprios videos sobre o automobilismo. Este inicio do ano tem sido complicado para mim [entre outras coisas, esteve a fazer a recruta no Exército finlandês] e o meu futuro ainda é um pouco incerto, mas espero que as coisas fiquem um pouco mais claras com o passar do tempo.
Mais uma vez, obrigado pelo teu apoio e a todos que lêem o blog! :)
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