domingo, 17 de junho de 2012

GP Memória - Belgica 1962

Duas semanas depois de Bruce McLaren ter vencido no Mónaco, máquinas e pilotos rumavam a spa-Francochamps, que seria palco do GP da Belgica, terceira prova do campeonato do mundo de Formula 1. Com um campeonato equilibrado por aquela altura, onde Phil Hill e Graham Hill estavam empatados com dez pontos e Bruce McLaren tinha nove, resultante da vitória nas ruas do Principado, a lista de inscritos era enorme: 26 carros tinham intenções de marcar presença por lá.

Contudo, os dias passaram e havia convulsões: na alemanha, os trabalhadores da Porsche tinham entrado em greve e conseguiram impedir que a marca mandasse dois carros para Spa, que seriam tripulados por Dan Gurney e Jo Bonnier. Contudo, Gurney não desistiu e foi ter com Wolfgang Seidel, que estava a alinhar naquela corrida com um Lotus-BRM. O americano fez algumas voltas de qualificação, mas achou que era um carro inguiável e decidiu não correr.

Contudo, havia dois Porsche privados naquelas bandas, que pertenciam à Ecurie Maasbergen, de Carel Godin de Beaufort e do suiço Heinz Schiller, um piloto de barcos que tinha começado a tentar a sua sorte nas quatro rodas. Contudo, Beaufort decidiu retirar a inscrição de Schiller e correu sozinho. Sem a Porsche, seria a Ferrari a enfrentar as equipas britânicas, e nesta corrida iria alinhar com quatro carros, para o americano Phil Hill, o italiano Giancarlo Baghetti, o mexicano Ricardo Rodriguez e o local Willy Mairesse

A Lotus era a equipa com mais chassis presentes, nove. Para além dos dois oficiais, de Jim Clark e de Trevor Taylor, havia o inscrito por Jack Brabham, o carro da Rob Walker Racing, de Maurice Trintignant, o da Ecurie Nationale Belge, de Lucien Bianchi, o da Emeryson Cars, de John Campbell-Jones, o da BRP, de Innes Ireland, o da UDT-Laystall, guiado por Masten Gregory, e a inscrição da Anglo-Suisse, de Jo Siffert. A Lola só trouxe um carro, para John Surtees e a Cooper tinha dois carros para Bruce McLaren e Tony Maggs

Três BRM estavam inscritos nesta corrida: os de Jackie Lewis, o de Tony Marsh e o de Gerry Ashmore. Contudo, por diferentes razões, nenhum destes carros alinhou na corrida, fazendo com que apenas os carros de Graham Hill e Richie Ginther fizessem a sua aparição.

Após as duas sessões de qualificação, o melhor foi Graham Hill, no seu BRM, seguido pelo Cooper de Bruce McLaren e pelo Lotus de Trevor Taylor. Phil Hill fora o quarto, seguido do Lotus de Ireland e pelo segundo Ferrari de Mairesse. Ricardo Rodriguez era sétimo, no seu terceiro Ferrari, na frente de Masten Gregory. E a fechar o "top ten" ficou o segundo BRM de Richie Ginther e o segundo Cooper oficial de Tony Maggs. Jim Clark tinha tido vários problemas e só tinha marcado um muito discreto 12º tempo, atrás do Lola de John Surtees.

Sob um dia ensolarado de junho, máquinas e pilotos preparavam-se para um dificil GP da Belgica, e após ser dada a bandeira de largada, Graham Hill conseguiu manter a liderança, apesar das ameaças de Bruce McLaren, que o passou a meio da primeira volta. Mas o piloto britânico reagiu e superou o carro da Cooper, antes do inicio da volta dois. Quando passaram pela meta, tinha atrás de si o Lotus de Taylor, McLaren e o segundo Lotus de Clark, que tinha feito um arranque-canhão e já tinha pulado até ao quarto posto, tendo o Ferrari de Mairesse logo atrás dele.

Nas voltas seguintes, houve uma enorme batalha pela liderança, envolvendo Hill, Taylor, McLaren, Mairesse e Clark. Contudo, na volta nove, o piloto escocês da Lotus passava para a frente e começava a afastar-se do grupo, que andava a batalhar entre si pela segunda posição, especialmente Mairesse e Taylor, que não davam tréguas um ao outro. Contudo, a batalha perde um piloto na volta 19, quando o motor Climax do carro de McLaren explode e o neozelandês volta a pé para as boxes.

Por essa altura, Taylor também se tinha livrado de Mairesse e cavava um distância para ele, no segundo lugar. Mas tinha sofrido um pião e voltava a ser assediado pelo belga, que não dava sinais de desistir. Contudo, na volta 26, ambos colidiram a alta velocidade, com Taylor a bater num poste telegráfico e Mairesse a subir para um banking, antes do carro pegar fogo. Miraculosamente, ambos os pilotos escaparam com ferimentos ligeiros.

Isso fez com que Graham Hill herdasse o segundo posto, mas demasiado distante para poder apanhar Clark, que ia a caminho da sua primeira vitória da sua carreira, e a segunda da Lotus, em termos oficiais. Quando se mostrou a bandeira de xadrez, Clark era o vencedor, seguido de Graham Hill e do americano Phil Hill, no seu Ferrari, que tinha conseguido ficar in extremis com essa posição face ao mexicano Ricardo Rodriguez, que com 20 anos de idade, era o mais novo de sempre a pontuar e o primeiro a dar pontos ao seu país. John Surtees, no seu Lola, e Jack Brabham, no seu Lotus, ficaram com os restantes lugares pontuáveis.  

1 comentário:

emilion kohn disse...

Tem um filme que mostra a equipe Lotus mostrando o Trevor Taylor (de macacão amarelo) em frente o box, depois do acidente, para o Jimmy ver que o companheiro estava inteiro. Era uma epoca em que a formula 1 matava muito piloto, e em SPA isso era meio comum. Jim Clark, que venceu 4 vezes seguidas (62,63,64 e 65) odiava SPA, por ter presenciado a morte de pilotos amigos em 1958, quando pilotou lá pela primeira vez, e em 1960, quando fazia sua segunda corrida na formula 1. E amava Monaco, aonde nunca venceu. Grande Jim Clark, um dos maiores.