Debaixo de um sol escaldante, neste fim de semana valenciano (quase 40 graus à sombra), máquinas e pilotos encararam esta qualificação para o GP da Europa, em Valencia, como mais uma etapa neste campeonato absolutamente equilibrado, tão equilibrado que muitas vezes, um segundo é tempo mais do que suficiente entre uma pole-position e ficar encravado no meio do pelotão, num cinzento - e quem sabe infernal - 14º posto. É isto que se viu nos treinos livres e era isto que se esperava na qualificação.
E assim foi, não sem surpresas. O filme da Q1 começou com a noticia da indisposição de Timo Glock, que o impediu de disputar a qualificação, mas depois teve um momento surpreendente com o mau tempo de Mark Webber, que não foi capaz de passar para a fase seguinte, ficando apenas no 19º posto na grelha de partida, batendo apenas os Marussia e os HRT, nem sequer chegando ao Toro Rosso de Jean-Eric Vergne. Foi um dia de pesadelo para o piloto australiano, pois depois de ter perdido grande parte da sessão de treinos livres desta manhã devido a problemas de travões, na qualificação contou igualmente com problemas no DRS do seu monolugar.
Em claro contraste, também na Q1, foi interessante ver a confirmação da tendência revelada no dia anterior: os Caterham estão a evoluir e já estão lado a lado com os Toro Rosso. Heikki "Angry Bird" Kovalainen não só passou para a Q2 como ficou na frente de... Daniel Ricciardo, o melhor colocado da equipa de Faenza. Aparentemente, as suas prestações nos treinos estão a melhorar bastante e a ideia de começarem a ameaçar os lugares pontuáveis começa a ser algo real. E não ficaram muito longe do Sauber de Sergio Perez, menos de um segundo, para ser mais exato.
Mas também houve outra surpresa na Q2, quando Fernando Alonso conseguiu apenas o 11º tempo, falhando por pouco a passagem para a Q3, para desilusão dos muitos fãs locais que foram aplaudir o "Principe das Asturias". Aquela recuperação da Scuderia, mais do que óbvia nas últimas corridas, parece que foi dado um passo atrás nesta qualificação valenciana. Mas esse foi também o símbolo do enorme equilíbrio que existe neste momento entre os carros da frente, onde existem doze, treze ou mais carros no mesmo segundo.
E claro, para o piloto espanhol, isso não implica que o fim de semana esteja perdido: “Não conseguir chegar à Q3 é um bocado triste para nós mas hoje foi assim. Infelizmente não fomos suficientemente rápidos, mas a corrida é amanhã e esperamos conseguir marcar muitos pontos amanhã mesmo começando de 11º lugar e veremos em que posições vamos terminar”, começou por referir Alonso à BBC após o final da qualificação. Felipe Massa foi o 13º, com o alemão Michael Schumacher entre eles, e Bruno Senna foi 14º.
Na Q3, Sebastian Vettel precisou de fazer apenas uma tentativa para obter a sua terceira "pole" do ano. Sem cometer erros, e estando com os melhores pneus possíveis, fez um tempo de 1.38,086 segundos, o suficiente para bater Lewis Hamilton por 324 centésimos. O britânico fez um bom tempo, mas esteve mais uma vez nas bocas do mundo por motivos menos bonitos: um alegado bloqueio à volta mais rápida de Nico Rosberg faz com que seja, mais uma vez, escrutinado pelos comissários, que verificarão se é passível de ser - ou não - penalizado.
Pastor Maldonado deu também nas vistas ao ser o terceiro na grelha, mostrando que nas pistas mais urbanas, o venezuelano dá um ar de sua graça com o seu Williams. Romain Grosjean e Kimi Raikkonen foram quarto e quinto, separados por apenas... oito milésimos de segundo, ambos na frente do Mercedes de Nico Rosberg e do Sauber de Kamui Kobayashi. O Force India de Nico Hulkenberg, o McLaren de Jenson Button - continua a sofrer nesta parte da temporada - e o segundo Force India de Paul di Resta fecharam a Q3 nesta corrida espanhola.
E no final, independentemente das polémicas, Seabastian Vettel fazia história. A pouco mais de duas semanas de comemorar o seu 15º aniversário, o bicampeão alemão igualava o recorde de Jim Clark e de Alain Prost, que juntos têm seis títulos mundiais. Terceiro no "ranking" de "pole-positions" todos os tempos, a partir dali, falta apenas Ayrton Senna e Michael Schumacher para os apanhar. E mesmo que este ano, o Red Bull RB8 não seja um grande chassis, comparado com o do ano passado, numa temporada tão equilibrada como esta, ainda serve para fazer um ou outro brilharete, comemorado da unica maneira que sabe: de dedo indicador espetado.
E a continuar assim, provavelmente neste final de semana teremos repetição em termos de vencedores. Vettel é o favorito numero um e tem tudo para ganhar.
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