segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tiago Monteiro e o mau negócio que fez com o Estado

A grande noticia por aqui nesta segunda-feira diz respeito a uma dívida que Tiago Monteiro, José Guedes e a Ocean Racing Technology (ORT), têm com o Estado português, através da Parkalgar, a entidade que detêm a propriedade do Autódromo de Portimão. E que por causa disso, iria haver um processo contra o Estado no valor de oito milhões de euros, segundo o jornal Público, que anuncia o caso na sua edição de hoje.

As coisas começaram quatro anos antes, em 2008, quando o governo socialista de José Sócrates terá concordado em financiar a Oceanational Motor, dona da ORT, a equipa que milita na GP2 Series, como forma de promoção do Autódromo Internacional do Algarve, que seria inaugurado em Novembro daquele ano. O acordo, apadrinhado por Laurentino Dias, tinha como objetivo apadrinhar uma equipa nacional na GP2 Series e levar o nome de Portugal para o resto do mundo. E começou com a compra da BCN, equipa de Enrico Scalabroni, e convertê-la na ORT, para participar na GP2.

Uma fonte do processo contou ao jornal português que Laurentino Dias, o então secretário de Desporto do governo Sócrates, terá enviado por e-mail um memorando à equipa portuguesa da GP2, em que diz que o apoio seria concedido através da Parkalgar e teria o valor máximo de dois milhões de euros por temporada durante o período de três anos. Tinha sido a maneira que o Governo tinha encontrado para financiar a Ocean por via indirecta.

O problema e que este acordo fora verbal e feito "nos bastidores", logo, nunca houve um acordo escrito entre ambas as partes e escrutinado publicamente. E é isso que o ex-secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, se está a valer como defesa, quando afirma que "não se recorda" que tal "acordo de cavalheiros" tenha existido. "Nunca o Estado interveio no sentido de contratualizar ou protaculizar o que quer que fosse com a empresa", disse. Contudo, quando foi confrontado com a existência de um memorando mandado para a equipa, o ex-secretário de Estado do Desporto afirmou estranhamente "não se lembrar de ter escrito aquele documento".

A razão porque ambas as partes tenham decidido fazer este tipo der acordo é que quando em 2005, o Estado, através do Turismo de Portugal, tinha decidido dar um apoio de dois milhões de euros ao piloto português para pagar a sua estadia na Jordan, o Tribunal de Contas veio depois a considerar que esse contrato tinha sido ilegal. Assim sendo, tinha-se de de arranjar outra forma para que o Estado cumprisse os compromissos, através de terceiros.

E claro, para piorar as coisas, o Estado somente pagou um milhão dos seis milhões de euros que tinha acordado nesse memorando. O problema é que agora, em plena crise e com a Parkalgar a pedir aos credores para que se renegociasse as dívidas em conta, a Ocean seja uma das credoras e precisa bem desse dinheiro para tentar resolver a sua situação. É que as suas finanças estão debilitadas e a equipa, que teve em 2012 uma equipa na GP3, acabou de abandonar essa categoria e não tem a certeza se estará a competir na GP2 na próxima temporada.

Não sei como isto vai acabar, mas o jornal fala que o atual governo tem conhecimento do caso. Não se sabe se estão a tentar resolver a situação ou não, mas isto é um bom exemplo de como funciona o Estado, especialmente no último governo, do socialista José Socrartes. E como provavelmente com centenas de negócios semelhantes, com uma mistura de displicência e uma atitude de "os outros que paguem depois", é que nos colocou na situação onde estamos. Francamente, a reputação do Estado como pagador está mesmo nas "ruas da amargura".

1 comentário:

jocasipe disse...

é triste... mas é o espelho de um país.