sexta-feira, 25 de maio de 2018

A imagem do dia

Salt Walther morreu naquele dia. Não, não é aquilo que vêm na sua biografia (ele morreu em dezembro de 2012, quase 40 anos depois do seu acidente), mas a sua vida acabou a 26 de maio de 1973, em Indianápolis, envolvido na carambola de doze carros na partida das 500 Milhas daquele ano. Ver na foto aqueles pés saindo do seu cockpit cortado a meio impressiona, mesmo para aqueles que viram muitos acidentes deste tipo.

Walther tinha na altura 25 anos. Tinha começado a sua carreira na motonautica - Salt era o seu apelido, verdadeiro nome era David Walther - e em 1973 era a sua segunda participação nas 500 Milhas, a bordo de um McLaren-Offenhauser. Na partida, o carro de Steve Krisloff teve problemas nos primeiros metros e uma espécie de engarrafamento acontecia quem vinha atrás, mais veloz do que ele. Todos foram para a direita, incluindo Walther, que acabou por tocar no carro de Jerry Grant, e no toque, o seu carro voou e cortou parte da rede de proteção, cortando um dos postes ao meio. E foi nesse impacto que perdeu o seu nariz, deixando à vista as pernas.

Walther acabou de cabeça para baixo, mas foi retirado por equipas de segurança e pilotos como Wally Dallenbach Sr., vivo, mas em estado critico, pois ficou com queimaduras em 40 por cento do seu corpo. Os dedos da sua mão esquerda foram parcialmente amputados (e a partir dali, usou uma luva preta), e a sua mão direita foi esmagada, mas recuperou com cicatrizes visíveis e os dedos posicionados de forma permanente para segurar um volante.

Walther voltou a competir em 1974, e durante a década seguinte, andou frequentemente na USAC e depois, na CART, com um nono lugar como melhor resultado em 1976, numa corrida encurtada devido ao mau tempo... como em 73. Mas o estrago estava feito.

Depois do acidente, Walther ficou viciado em analgésicos, nomeadamente dilauida. A sua carreira ficou interrompida por mais de uma década, depois de ter falhado a qualificação em 1980, e para piorar as coisas, as suas origens e a sua conduta pessoal - era considerado como um playboy arrogante que corria com o dinheiro do seu pai e um vaidoso que era o pior inimigo dele mesmo - não ajudaram muito. 

A última década da sua vida foi uma descida aos infernos: as dificuldades em largar o seu vicio e os problemas legais - não pagava a pensão ao seu filho, e as dividas tinham sido acumuladas até atingirem os vinte mil dólares em 2007. Entre 1998 e 2007, entrou e saiu da prisão por três vezes, e chegou até a fugir da policia por violar os termos da sua liberdade condicional. A sua última sentença, em novembro de 2007, resultou em três anos de prisão.

Acabaria por morrer aos 65 anos, a 27 de dezembro de 2012. Mas provavelmente a sua vida acabou muito tempo anos, naquele dia de maio de 1973.

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