Há precisamente 25 anos que, inesperadamente, o automobilismo ficou mais pobre com o desaparecimento de James Hunt. Era uma terça-feira, dois dias depois do GP do Canadá, onde Alain Prost tinha vencido na frente de Michael Schumacher e Damon Hill. Aos 45 anos de idade, e vitima de um ataque cardíaco fulminante, parecia que o seu corpo tinha cedido a todos os seus excessos. Irónicamente, este estava sóbrio desde o inicio da década...
Viveu o que tinha de viver, e por incrível que parece, sobreviveu a isso. Teve uma carreira curta, sete temporadas, e teve o mundial de 1976 na mão porque o seu rival abdicou na última corrida, na chuvosa Japão. Contudo, digam o que disserem, mereceu o mundial. E o seu grande momento da sua carreira é, para mim, o GP do Canadá de 1976.
Eis o porquê: alguns dias antes, a FIA decidiu sobre o GP da Grã-Bretanha, três meses antes, a 18 de julho. Ali, o piloto a McLaren tinha sido afetado na carambola em Paddock Hill Bend e foi a coxear até às boxes, não dando a volta à pista, como exigia o regulamento. Os organizadores, receando uma revolta popular - atiraram com garrafas de vidro para o asfalto! - deixaram correr. James Hunt passou Niki Lauda na travagem para a curva Druids e venceu, os britânicos validaram o resultado, apesar do protesto da Ferrari. Demorou dois meses e pelo meio, Lauda sofreu o seu acidente em Nurburgring e teve as queimaduras que o acompanham até hoje.
Nesse inicio de outubro, a FIA desclassificou Hunt, dando razão à Ferrari. Na McLaren, o desalento tomou conta das hostes e Alastair Caldwell - que conta esta "estória" - diz que no fim de semana de Mosport, apanhou uma bebedeira e foi para a cama com a cantora do hotel, deitando-se tarde e a más horas. Resultado final: venceu a corrida. E fez a mesma coisa uma semana depois em Watkins Glen. Em contraste, Lauda só conseguiu quatro pontos nesse período, reduzindo a diferença para três pontos.
Se não é estofo de campeão, o que será? É por isso que tiro o chapéu a Hunt, por tudo que fez. Dentro da pista e fora dela.
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