Niki Lauda durante o fim de semana do GP da África do Sul de 1977, em Kyalami, o palco da sua primeira vitória após o seu acidente no circuito de Nurburgring, oito meses antes.
No dia em que Niki Lauda comemora o seu 70º aniversário natalício, é altura de recordar um episódio que, à vista de todos, é pouco lembrado: a temporada de 1977, o seu bicampeonato, as tensões com Enzo Ferrari e a sua saída para a Brabham. Já tinha visto há umas semanas esta entrevista a Graham Bensinger, e conhecia esta história, mas acho que esta era a altura ideal para falar dela.
No dia em que Niki Lauda comemora o seu 70º aniversário natalício, é altura de recordar um episódio que, à vista de todos, é pouco lembrado: a temporada de 1977, o seu bicampeonato, as tensões com Enzo Ferrari e a sua saída para a Brabham. Já tinha visto há umas semanas esta entrevista a Graham Bensinger, e conhecia esta história, mas acho que esta era a altura ideal para falar dela.
Como todos sabem, Lauda ia a caminho do bicampeonato em 1976 quando teve o seu acidente quase fatal no Nurburgring Nordschleife. Muitos pensavam que ele iria morrer, e quando acabou por sobreviver, muitos pensavam que ele não voltaria a correr. Quando ele voltou ao cockpit de um carro, 40 dias depois, no fim de semana do GP de Itália, muitos pensavam que ele não iria mais ser o mesmo, incluindo Enzo Ferrari. Foi por isso que contratou Carlos Reutemann, convencido que ele seria mais lento. E quando ele perdeu o campeonato no Japão, nas circunstâncias que todos sabem, as dúvidas aumentaram ainda mais.
Já agora, sobre Fuji, um pormenor interessante: Lauda não conseguia piscar os olhos por causa das queimaduras que lhe afetaram a pele. Do lado esquerdo, nada. Do lado direito, era muito mal. Ao fim de uma volta, e com a condensação do ar, entre outras coisas, ele não teve outra hipótese senão encostar e sair do carro. Não foi só opção, também havia problemas de saúde.
Ferrari manteve o austríaco em 1977, com Clay Regazzoni a ir para a Ensign, e a vitória do argentino no Brasil parecia ter reforçado a ideia de que Lauda iria ser um ator secundário. Mas quando venceu, em Kyalami, na África do Sul, essa ideia começou a esbater. Lauda não era mais veloz, mas era consistente, algo do qual nunca deixou de o ser. E foi com essa consistência que lhe deu, no final de agosto, o bicampeonato.
Mas nessa altura, a relação com Ferrari já estava degradada. Lauda achou que o "Commendatore" o tinha deixado ficar mal na altura em que mais necessitava, e sabia que nada estava como dantes. Assim sendo, decidira ir embora. E falara com Bernie Ecclestone para correr na Brabham em 1978, a troco de um milhão de dólares por temporada, o que era muito. Nessa altura, para seres campeão do mundo, uma equipa precisava de três a cinco milhões.
Mas nessa altura, a relação com Ferrari já estava degradada. Lauda achou que o "Commendatore" o tinha deixado ficar mal na altura em que mais necessitava, e sabia que nada estava como dantes. Assim sendo, decidira ir embora. E falara com Bernie Ecclestone para correr na Brabham em 1978, a troco de um milhão de dólares por temporada, o que era muito. Nessa altura, para seres campeão do mundo, uma equipa precisava de três a cinco milhões.
Lauda exigiu esse dinheiro a Ferrari, o que recusou, mas só fez isso quando ele já tinha o contrato com a Brabham. Assim sendo, depois de uma reunião tensa, ambos as partes seguiram a sua vida, e no dia a seguir ao GP de Itália de 1977, Lauda comunicou ao mundo que iria levar o numero um para a Brabham em 1978. Lauda disse que "saiu leve que nem uma pena", mas agora diz que foi um erro por causa do que aconteceu na Brabham.
E é o que sabemos: após uma temporada de 1978 onde venceu duas corridas e foi quarto no camponato, atrás dos "imbatíveis" Lotus e do Ferrari de Carlos Reutemann, em 1979, a temporada foi abismal, o que levou à sua primeira retirada da Formula 1, no final dessa temporada. E ao ver o que aconteceu nessas duas temporadas, era provável que poderia ter alcançado dois títulos mundiais pela Scuderia e ser o mais bem sucedido piloto da sua geração. Mas não aconteceu.
Mesmo assim, é altura de lhe desejar os parabéns. Herzlich gluckwunsh, Niki!
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