Há meio século, as pessoas estavam com os olhos postos na maior aventura da Humanidade, com a missão do Apolo 11, levando os astronautas Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins. Iam para a Lua, a bordo da mais poderosa máquina jamais lançada ao espaço, o Saturno V e essa aventura, que acontecia 65 anos depois dos irmãos Wright terem lançado o seu aeroplano nas dunas da praia de Kitty Hawk, na Carolina do Norte, era um feito incrível que colocava todos a olhar para as estrelas e o nosso satélite natural.
Contudo, durante esse período, no circuito de Silverstone, tínhamos assistido a um dos melhores duelos na história do automobilismo, com duas das melhores máquinas de então e dois dos melhores pilotos do seu tempo. Hoje em dia, poucos se lembram disso, e no tempo em que recordamos a chegada dos humanos à Lua, falo sobre Jackie Stewart e Jochen Rindt, as suas máquinas e uma tecnologia que se andava a experimentar e resultou num falhanço: as quatro rodas motrizes.
Na qualificação, Rindt foi o poleman, com Stewart em segundo e o McLaren de Dennis Hulme em terceiro. Jacky Ickx, que naquela temporada estava na Brabham, era o quarto, seguido pelo Ferrari de Chris Amon. Apenas 17 pilotos estavam inscritos, e os carros de quatro rodas motrizes estavam no fundo da grelha: os quatro últimos postos eram deles.
A corrida iria ter 84 voltas, quase 400 quilómetros de extensão, percorridos em cerca de duas horas.
Na partida, Stewart e Rindt começaram o seu duelo à parte. Tanto que no final da primeira volta, já tinham um avanço de três segundos sobre Hulme. Na volta três, o recorde da pista tinha sido batido, e na sétima passagem pela meta, o escocês estava na frente. Mas Rindt não iria render-se facilmente. Na volta 16, quando ambos apanharam o carro de Beltoise para dar uma volta, Rindt aproveitou a ocasião para voltar à frente da prova.
Rindt tentava distanciar-se do Matra, mas não conseguia. Ambos andavam na casa do 1.22 minutos, e Stewart não perdia um chance de o apanhar, com ultrapassagens constantes, por vezes mais do que uma por volta. E claro, a multidão adorava ver aqueles pilotos a passaram velozmente diante deles.
(...)
Há 50 anos, enquanto o mundo estava atento à maior aventura da história da Humanidade - pelo menos até agora - em Silverstone, Jackie Stewart e Jochen Rindt batalhavam pela liderança no GP da Grã-Bretanha, um duelo que capturou a atenção de toda a gente que foi ao circuito ver o duelo, mais os que conseguiram ver a corrida na televisão, a preto e branco - a cor só apareceu no ano seguinte.
No final, Stewart venceu, dando uma volta à concorrência, mas isso não foi reflexo do que aconteceu verdadeiramente naquela tarde. O duelo com Rindt aconteceu até meio da corrida, quando o austríaco teve problemas com um elemento do chassis, que roçava um dos pneus, arriscando explodir. O piloto da Lotus acabou no quarto lugar, fora do pódio, num campeonato onde Stewart dominou e conquistou o seu primeiro campeonato. Rindt conseguiu uma vitória, em Watkins Glen, antes de aparecer o modelo 72 e ter a sua temporada de sonho, terminada tragicamente em Monza.
Tudo isto e mais pode ler este mês no Nobres do Grid.
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