Há precisamente 45 anos, pela primeira e única vez, a Formula 1 celebrava a vitória de um carro de seis rodas. Graças a Jody Scheckter e à Tyrrell, o modelo P34 conseguiu aquilo do qual tinha sido projetado: triunfar em corridas ao mais alto nível. E o feito, que acontecera no circuito de Aderstorp, na Suécia, foi total, pois acabou em dobradinha, com o segundo posto do seu companheiro de equipa, Patrick Depailler.
O mais espantoso dessa vitória é que eles conseguiram triunfar sobre a máquina mais veloz aquela temporada, o Ferrari 312T guiado por Niki Lauda. Ou seja, não triunfaram porque a concorrência desistiu, mas sim por mérito próprio. Que se sabia da potencialidade do carro, estreado no GP de Espanha, dois meses antes, apesar da ideia muito radical de colocar duas rodas pequenas, de de polegadas cada uma, só para ganhar maior superfície de contacto e evitar a subviragem.
Curiosamente, Scheckter, o único que venceu com este carro, odiava-o. Chamava-o de pedaço de sucata, mas com o tempo, deve ter mudado de opinião, porque tem um P34 na sua coleção particular, na sua quinta inglesa...
A razão porque o P34 alcançou o que alcançou em terras suecas foi porque era um carro bem adaptado a aquele circuito. Tinha curvas grandes, asfalto suave, e conseguia ser veloz. Scheckter fez a pole, enquanto Depailler dividia a segunda fila com o surpreendente Ensign do veterano Chris Amon. Contudo, e no meio deles estava o Lotus de Mário Andretti, que queria impressionar. E conseguiu, ficando na frente dos Tyrrell logo na primeira curva.
Só que depois descobriu-se que a grande arrancada do italo-americano... tinha sido uma falsa partida. E nesse tempo, qualquer falsa partida significava 30 segundos de penalização. Quando soube, Andretti andou ainda mais veloz, porque queria dar uma volta a toda a gente. E quando ele estava prestes a alcançar o objetivo... o motor explodiu, na volta 46.
Mas, mais do que reparar na súbita descrição de Lauda e James Hunt, era a corrida que Amon fazia a bordo do seu Ensign. O velho, mas bem feito carro da equipa de Mo Nunn, o N175, guiado pelo veterano neozelandês, estava a fazer uma boa primeira parte da temporada, já tendo pontuado em Jarama com um quinto lugar. E parecia que as coisas iriam correr tão bem para uma equipa que contava os tostões para fazer um bom trabalho, mas na volta 48, um os braços da suspensão cedeu, e um pódio quase certo fora por água abaixo. E o beneficiado foi Lauda, que herdou o terceiro posto.
Aquela vitória, mais do que assinalar um feito único, também representou o final de uma sequência. Até ali, a Ferrari tinha ganho as nove corridas anteriores, e aquele triunfo do Scheckter mostrava que por fim, os Ferrari não eram invencíveis, e que Lauda não iria passear assim tão facilmente. Pelo menos, era o que se pensava naquele momento de festa para Tyrrell. Mas naqueles tempos, o automobilismo era mais perigoso que o sexo, e bastou mês e meio para aquele mundo ficar de cabeça para baixo, e as certezas virarem dúvidas.
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