Mas tirando isso de lado, o que se via eram as coisas a irem um pouco mais cinzentas para os lados de Brackley. Max Verstappen tinha triunfado na Sprint Race, e aquela deveria ser a corria onde os Mercedes poderiam equilibrar um pouco as coisas, para tentar contrariar o carro energético que triunfara nas três corridas anteriores. Se ele ganhasse ali em Silverstone, perante um público que uma semana antes, viu o título europeu de futebol caminhar calmamente para mãos italianas, acho que seria mais um golpe no orgulho britânico, que lá porque quase todas as equipas estão ali em Northampton, julga serem o centro do mundo...
Com a grelha modificada devido à penalização de George Russell por causa do toque de ontem a Carlos Sainz Jr. na corrida de sprint, houve mais uma novidade, tinha a ver com Sergio Perez, que ele iria sair das boxes depois da Red Bull ter mudado a caixa de velocidades.
A partida foi, se quiserem, o momento decisivo da corrida. Max Verstappen sai na frente, mas Lewis Hamilton foi logo atrás, com vontade de ficar com o lugar. A briga foi boa até chegaram à Copse, a antiga primeira curva, quando ambos se tocaram e o neerlandês da Red Bull tocou na barreira de proteção. De uma certa forma, foi um incidente de corrida, pois como bons competidores que são, não poderiam largar o acelerador. Verstappen, abalado, mas bem, saiu do carro, enquanto via Hamilton sair dali sem estragos significativos. Mas os comissários tinham ideias diferentes e primeiro, meteram o Safety Car, mas logo a seguir, exibiram a bandeira vermelha. A segunda do ano, depois de Imola.
A partir daqui, as pessoas começaram a discutir sobre se isto foi ou não um incidente de corrida, e se Hamilton merecia ou não uma punição por isso. Não querendo meter o bedelho nesta questão, e partindo do principio de que é um incidente de corrida, o facto é que o carro de Verstappen acabou com todo o lado direito destruído depois do choque nas barreiras de proteção, num choque que causou 51 G's, bem forte para o piloto, do qual está protegido por coisas como o HANS e o HALO. Ainda bem.
Entretanto, os comissários aturaram... e foram duros: dez segundos de penalização para Hamilton por causa do seu incidente com Max em Copse. Muitos reclamaram, com razão, mas querendo ser o advogado do Diabo, quando se tem coisas como os incidentes do Canadá em 2019 e ontem, com o toque entre Calos Sainz Jr e George Russell, ambos acabando em penalização, a única coisas que se pode dizer é que ali, há coerência.
Na frente, Leclerc aguentava - o penalizado - Hamilton, enquanto atrás, Norris era terceiro na frente de um apagado Bottas, em quarto. e Ricciardo era quinto. Stroll e Perez tentavam recuperar posições, provavelmente com uma estratégia diferente de pneus. Contudo, na volta 16, o monegasco começava a queixar-se do seu motor que começava a cuspir o que não devia, mas aparentemente, resolveu-se sem perder muito tempo.
A partir da volta 23, começaram as paragens nas boxes, com Bottas, Norris e Perez, com o piloto da McLaren a perder... seis segundos para trocar os quatro pneus, caindo para o quinto lugar da corrida, atrás de Bottas. E quem beneficiava disto tudo era Alonso, agora quarto na prova... mas ainda por parar nas boxes. Norris, com os pneus novos, apanhou o espanhol da Alpine em relativamente pouco tempo. Isso foi sinal para ele ir às boxes, voltando à pista em décimo.
Na volta 26, depois de ter dito que "os meus pneus estão mortos", Hamilton foi às boxes, certamente para fazer uma só parada, o britânico regressou em quinto, dpeois de cumprir a penalização nas boxes, atrás de Norris. Na frente... os Ferrari de Leclerc e Sainz. E tudo isto na semana dos 70 anos da vitoria de Froilan Gonzalez. Querem ver que haverá uma repetição? Bom, Sainz foi primeiro às boxes, a paragem foi horrivel e perdeu tempo. A Leclerc tudo correu bem, e voltou com uma vantagem de sete segundos sobre Bottas, que via Hamilton aproximar-se.
A doze voltas do fim, James avisou ao Valtteri que o campeonato não estava decidido e que havia uma hierarquia para cumprir, logo, Hamilton ficou com P2. A partir dali, foi atrás de Leclerc para ver se conseguia apanhar a Ferrari e evitar a primeira vitória de um carro vermelho desde 2018. Atrás, a Aston Martin avisava Vettel que o seu carro tinha problemas e teria de se retirar da prova.
Alertada, a Ferrari avisou Leclrc para que reforçasse o motor para aguentar a investida de Hamilton nestas voltas finais, porque o britânico parecia tirar entre meio a um segundo por volta, reduzindo para quatro segundos quando faltavam... seis voltas. E claro, todos torciam para que o final fosse como aconteceu em 1987, quando Mansell apanhou Piquet.
E aconteceu, era inevitável. Ainda por cima na Copse, onde ele tocou em Verstappen na primeira volta da corrida. E a vitória acontece depois de terem atirado tudo sobre ele: penalizações e toques. Mas os ingleses não querem saber: para eles, é épico, é em casa e ele é o herói deles. Eles são os melhores do mundo, e ninguém os pode negar. O resto do pelotão são meramente atores secundários, nada farão demais enquanto ele estiver por ali. Se ainda tínhamos dúvidas, agora desaparecerem: temos campeonato.
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