quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Apresentações 2024 (7): O Mercedes W15


Depois de Aston Martin, anteontem, e Ferrari, no dia de Carnaval, o Dia da São Valentim foi escolhido pela Mercedes para apresentar o seu W15, o carro que irá correr na temporada de 2024. O W15 será o último monolugar pilotado por Lewis Hamilton antes da sua mudança para a Ferrari, no último ano de parceria com George Russell

O monolugar representa uma mudança radical face ao seu antecessor, algo que era totalmente esperado, depois do que se viu por parte da equipa nos últimos dois anos, com eles a serem dominados pela Red Bull. James Allison, diretor técnico da equipa, explicou que modificaram todo o conceito do monolugar, desde o chassis e distribuição de peso até ao fluxo de ar, para tentar que seja mais rápido e mais eficaz, mesmo arriscando que possa falhar. 

O design de qualquer carro é um processo interativo. E longo. Vem desde o ano passado. Um novo carro permite que a equipa faça grandes alterações que não são possíveis durante o ano. Essas decisões são tomadas no verão anterior”, começou por afirmar.

Mas a abordagem principal não muda de ano a ano: tentar lidar com as coisas que identificamos como fraquezas no carro atual. Essas fraquezas são reveladas mais fortemente quando a competição começa. Mas você tem uma ideia razoavelmente boa no início do ano sobre o que poderia ser o 'calcanhar de Aquiles' de um carro. A partir daí, é questão de equilibrar o trabalho entre melhorar isso e construir em cima daquilo que funcionou bem. Você olha para os recursos disponíveis em vários departamentos e faz com que foquem a atenção em resolver os problemas. Conforme o tempo passa, você começa a tirar mais e mais pessoas do carro atual e direciona os esforços delas para o próximo”, continuou.


Um grande foco foi a melhoria da imprevisibilidade do eixo traseiro do carro anterior, que os pilotos se referiram muitas vezes como rancoroso. Trabalhamos nisso para tentar criar um carro que seja tranquilizador para os pilotos. No início da curva, quando você trava forte e começa a virar, a traseira precisa ser sólida como uma rocha. E aí, conforme contorna o apex, precisa sentir progressivamente maior agilidade e uma ansiedade para virar. Tentamos colocar isso no carro”.

Também trabalhamos duro para criar um carro com menos arrasto e adicionar [um melhor] desempenho nas curvas. Também fizemos algum trabalho em áreas em que tínhamos margem para melhorar, incluindo o efeito do DRS e a performance nos pit-stops. Sempre fomos bons em entregar um pit-stop num tempo repetível, que é uma coisa chave. E o tempo médio em que fizemos nossos pit-stops ainda estava de três a quatro décimos mais lento do que as melhores equipes. Então tomara que tenhamos caminhado na direção certa nisso”, concluiu.

Já Toto Wolff, o diretor desportivo, espera que o novo chassis seja capaz de recuperar alguma da desvantagem que existe agora em relação à Red Bull, que dominou nas últimas duas temporadas, especialmente em 2023, onde Max Verstappen dominou o campeonato e a Mercedes conseguiu o seu primeiro ano sem ganhar qualquer corrida desde 2011. 

Estou empolgado por estarmos perto de voltar a correr e, claro, curioso e empolgado para ver como será a performance do carro”, começou por afirmar Wolff. “Acho que teremos uma indicação em breve para saber se resolvemos alguns dos problemas inerentes que tivemos do lado do chassis no ano passado. Temos uma montanha a escalar para chegarmos à frente do pelotão, mas estamos focados em fazer isso”, continuou.


Questionado sobre o que seria um progresso no início da temporada, Wolff respondeu: 

A Fórmula 1 está uma constante competição relativa contra outras equipas. Você pode ter um ótimo carro, mas se você está sozinho, correndo em círculos, nunca saberá se é o melhor. Estávamos em uma luta dura com Ferrari e McLaren no ano passado, às vezes com a Aston Martin, e com um grande intervalo para a Red Bull e o resto. Esperaria que estivéssemos no pelotão que vai perseguir no início da temporada e, espero eu, mais próximos da Red Bull”, começou por afirmar.

Por um lado, precisamos ser realistas sobre as hipóteses de batermos um carro que está há um bom tempo à frente com este regulamento e que acertou as coisas nas últimas duas temporadas enquanto nós, não. Não existem milagres no automobilismo. Por outro lado, a ambição é forte. A Red Bull é um carro de muito sucesso são a referência que pretendemos bater. Não sei quando isso vai acontecer, não temos uma bola de cristal. Mas saberemos em breve quão à frente eles estão e que tarefa temos pela frente”, concluiu.

O carro, depois do shakedown no teste, em Silverstone, segue para o Bahrein, onde fará parte dos testes coletivos de pré-temporada, antes da primeira corrida do ano, no dia 2 de março.

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