Se há grandes prémios que causam impacto nas vidas de qualquer um, então conto a corrida que me fez com que gostasse verdadeiramente de Formula 1. Faz hoje 22 anos que vi uma corrida à chuva e um homem que guiava nela como se fosse em seco. O homem era Ayrton Senna, e mostrou o que valia nessa corrida.
Mas a corrida foi muito mais do que isso. Na época de 1985, o GP de Portugal era a primeira corrida a acontecer na Europa, logo após o GP do Brasil, ao contrário do que tinha acontecido no ano anterior, onde se tinha decidido um título mundial pela margem mais estreita de sempre: 0,5 pontos!
Mas antes deste Grande Prémio, tinham acontecido mudanças no seio da Ferrari: inexplicávelmente, a direcção decidira dispensar os serviços de René Arnoux, substituindo-o pelo sueco Stefan Johansson. Para substitui-lo, Ken Tyrrel tinha convencido o alemão Stefan Bellof a regressar à equipa. Enquanto isso, a Zakspeed estreava aqui o seu carro, com Jonathan Palmer ao volante, e a Toleman ficava uma vez mais de fora, pois ainda não tinha arranjado um fornecedor de pneus.
Nos treinos de sexta-feira e Sábado, o tempo ameaçava chover, mas a pista esteve seca. Nos treinos, o Lotus de Ayrton Senna levou a melhor sobre o McLaren de Alain Prost. Na segunda fila ficaram o Williams de Keke Rosberg e o outro Lotus de Elio de Angelis, enquanto que na terceira estava o Ferrari de Michele Alboreto e o Renault de Derek Warwick. A quarta linha tinha o McLaren de Niki Lauda e o Ligier-Renault de Andrea de Cesaris, e para fechar o "top ten", ficavam o segundo Williams de Nigel Mansell e o Brabham-BMW de Nelson Piquet. Ninguém sabia, mas Senna tinha feito nesse Sábado a primeira das suas 65 pole-positions da sua carreira...
No Domingo, a chuva tinha fito a sua aparição. Talvez muitos ainda não tivessem esquecido a sua prestação no Mónaco quase um ano antes, mas na altura da partida, não sabiam o show que o piloto brasileiro iria fazer naquela tarde... Sendo assim, na largada, Senna e De Angelis aproveitaram e passaram para a frente, enquanto que Prost ficava na terceira posição e era consideravelmente mais lento em pista, devido à sua falta de jeito em piso molhado. Entretanto, Mansell fica parado na grelha e perde imensas posições. Consegue colocar o carro a funcionar, mas parte de último.
Com o benefício de partir na frente, Senna alarga a sua vantagem, à razão de 1,5 segundos por volta. A concentração era total, e o carro negro e dourado vai-se embora, tranquilamente. Atrás, De Angelis tentava manter o segundo lugar, ameaçado pelo Ferrrari de Michele Alboreto e pelo McLaren de Alain Prost. O francês desistiu na volta 30, quando o seu carro entrou em “acquaplanning” na Recta Interior. Por outro lado, o Brabham de Nelson Piquet estava a arrastar-se no final do pelotão devido a problemas com os seus pneus Pirelli. Estes eram tão maus que o brasileiro se deu ao luxo de trocar de macacão, pois sabia que a operação não ia valer de nada...
Ao longo das voltas, o mundo inteiro percebe que está a ver um fenómeno em pista. Alguém tão jovem, logo no seu 18º Grande Prémio, e o segundo ao volante do Lotus negro e dourado da John Player Special, percebia-se que estavam a ver um sobredotado, fazendo uma verdadeira serenata à chuva! Mas o tempo piorava, e as desistências acumulavam-se, e quer os pilotos (Senna incluindo) quer os directores de equipa, da Lotus e da Ferrari, que queriam a corrida interrompida.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1985_Portuguese_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr406.html
Mas a corrida foi muito mais do que isso. Na época de 1985, o GP de Portugal era a primeira corrida a acontecer na Europa, logo após o GP do Brasil, ao contrário do que tinha acontecido no ano anterior, onde se tinha decidido um título mundial pela margem mais estreita de sempre: 0,5 pontos!
Mas antes deste Grande Prémio, tinham acontecido mudanças no seio da Ferrari: inexplicávelmente, a direcção decidira dispensar os serviços de René Arnoux, substituindo-o pelo sueco Stefan Johansson. Para substitui-lo, Ken Tyrrel tinha convencido o alemão Stefan Bellof a regressar à equipa. Enquanto isso, a Zakspeed estreava aqui o seu carro, com Jonathan Palmer ao volante, e a Toleman ficava uma vez mais de fora, pois ainda não tinha arranjado um fornecedor de pneus.
Nos treinos de sexta-feira e Sábado, o tempo ameaçava chover, mas a pista esteve seca. Nos treinos, o Lotus de Ayrton Senna levou a melhor sobre o McLaren de Alain Prost. Na segunda fila ficaram o Williams de Keke Rosberg e o outro Lotus de Elio de Angelis, enquanto que na terceira estava o Ferrari de Michele Alboreto e o Renault de Derek Warwick. A quarta linha tinha o McLaren de Niki Lauda e o Ligier-Renault de Andrea de Cesaris, e para fechar o "top ten", ficavam o segundo Williams de Nigel Mansell e o Brabham-BMW de Nelson Piquet. Ninguém sabia, mas Senna tinha feito nesse Sábado a primeira das suas 65 pole-positions da sua carreira...
No Domingo, a chuva tinha fito a sua aparição. Talvez muitos ainda não tivessem esquecido a sua prestação no Mónaco quase um ano antes, mas na altura da partida, não sabiam o show que o piloto brasileiro iria fazer naquela tarde... Sendo assim, na largada, Senna e De Angelis aproveitaram e passaram para a frente, enquanto que Prost ficava na terceira posição e era consideravelmente mais lento em pista, devido à sua falta de jeito em piso molhado. Entretanto, Mansell fica parado na grelha e perde imensas posições. Consegue colocar o carro a funcionar, mas parte de último.
Com o benefício de partir na frente, Senna alarga a sua vantagem, à razão de 1,5 segundos por volta. A concentração era total, e o carro negro e dourado vai-se embora, tranquilamente. Atrás, De Angelis tentava manter o segundo lugar, ameaçado pelo Ferrrari de Michele Alboreto e pelo McLaren de Alain Prost. O francês desistiu na volta 30, quando o seu carro entrou em “acquaplanning” na Recta Interior. Por outro lado, o Brabham de Nelson Piquet estava a arrastar-se no final do pelotão devido a problemas com os seus pneus Pirelli. Estes eram tão maus que o brasileiro se deu ao luxo de trocar de macacão, pois sabia que a operação não ia valer de nada...
Ao longo das voltas, o mundo inteiro percebe que está a ver um fenómeno em pista. Alguém tão jovem, logo no seu 18º Grande Prémio, e o segundo ao volante do Lotus negro e dourado da John Player Special, percebia-se que estavam a ver um sobredotado, fazendo uma verdadeira serenata à chuva! Mas o tempo piorava, e as desistências acumulavam-se, e quer os pilotos (Senna incluindo) quer os directores de equipa, da Lotus e da Ferrari, que queriam a corrida interrompida.
Mas desta vez, isto não seria como no ano anterior, no Mónaco, e o director da prova decidiu prolongá-la até ao limite das duas horas de corrida. Isso aconteceu quando Senna cruzava a meta pela 67ª vez, a três voltas das 70 previstas. Nessa altura, todos explodiram de alegria: Senna, por ter alcançado a sua primeira vitória, mostrando serviço ao volante de um carro competitivo, a Lotus, que provava que havia vida depois de Colin Chapman, falecido dois anos e meio antes, e que voltavam a estar na linha da frente. E os fãs, que tinham assistido a um espectáculo à chuva.
Para o Brasil, era uma bela surpresa, no seu Dia de Tiradentes, exactamente 25 anos depois de inaugurarem Brasila, num país que estava preso pelas novidades de um cada vez mais agonizante Tancredo Neves. Quase quarenta dias de agonia, que coincidentemente iriam ter uma conclusão triste no final desse dia. Mas nesse dia, para os brasileiros, todos sabiam que tinha nascido uma estrela nas pistas.
Senna subiu ao pódio aconpanhado pelo Ferrari de Alboreto e pelo Renault de Patrick Tambay. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Lotus de de Angelis, o Williams de Mansell e o Tyrrell de Stefan Bellof.
Para o Brasil, era uma bela surpresa, no seu Dia de Tiradentes, exactamente 25 anos depois de inaugurarem Brasila, num país que estava preso pelas novidades de um cada vez mais agonizante Tancredo Neves. Quase quarenta dias de agonia, que coincidentemente iriam ter uma conclusão triste no final desse dia. Mas nesse dia, para os brasileiros, todos sabiam que tinha nascido uma estrela nas pistas.
Senna subiu ao pódio aconpanhado pelo Ferrari de Alboreto e pelo Renault de Patrick Tambay. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Lotus de de Angelis, o Williams de Mansell e o Tyrrell de Stefan Bellof.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1985_Portuguese_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr406.html
Para terminar, duas curiosidades: aqui podem ver um filme sobre a corrida, em inglês, com os comentários do próprio Senna. Não sei porquê, mas parece o José Mourinho a falar...
No segundo filme, temos a vitória de Senna, comentada por... vocês sabem quem!
No segundo filme, temos a vitória de Senna, comentada por... vocês sabem quem!
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