quarta-feira, 12 de março de 2008

GP Memoria - Australia 1998

Desde 1996 (com a notável excepção de 2006) que Melbourne acolhe a jornada inaugural do Mundial de Formula 1, e tal como agora, as expectativas que todos têm em relação à temporada que surge à nossa frente, são todas e mais algumas. No inicio de 1998, muita coisa tinha mudado na Formula 1, e a ideia de mudança pairava no ar.


No final de 1997, Jacques Villeneuve tinha dado à Williams o seu quarto título em seis temporadas. Todos esses títulos tinham sido apoiados pelo motor Renault, que estava na equipa desde 1989. No final dessa temporada, visto que tinha alcançado os seus objectivos, decide abandonar a competição. Sendo assim, a Williams usava motores Mechachrome (que não eram mais do que Renaults não-oficiais), e tinha Villeneuve e o alemão Heinz-Harald Frentzen.

Entretanto, Adrian Newey, o homem que tinha projectado Carros vitoriosos na Williams, como o FW14, tinha-se mudado para a McLaren, projectando o MP4/13. O carro dominou todas as sessões de testes, e havia boas prespectivas para o regresso às vitórias da equipa de Ron Dennis, para os dois pilotos que os guiavam: o escocês David Coulthard e o finlandês Mika Hakkinen.

A Ferrari tinha quase alcançado o título em 1997, com Michael Schumacher ao volante, mas a polémica manobra sobre Jacques Villeneuve, no circuito espanhol de Jerez, fez com que fosse desclassificado do Mundial de pilotos. Esperava-se que este ano, as coisas pudessem ser mais fácveis para ele e para o seu companheiro, o irlandês Eddie Irvine. Mas ainda faltava muito para que a Ferrari fosse uma equipa imbatível nas pistas, apesar de terem um piloto fora de série.

Outras mudanças tinham acontecido na pré-temporada: Damon Hill saira da Arrows para a Jordan, ficando ao lado de Ralf Schumacher, Giancarlo Fisichella ia para a Benetton, ao lado de Alexander Wurz, que tinha substituido o seu compatriota Gerhard Berger, que tinha se reformado, enquanto que Jean Alesi ia para a Sauber-Petronas, ao lado do inglês Johnny Herbert.

Entretanto, havia alterações no regulamento: os pneus deixavam de ser "slicks", passando a ter rasgos, e ficaram mais estreitos cerca de 20 centímetros. Tudo isto no sentido de lhes retirar velocidade em curva.

Todas estas mudanças iriam ser mostradas para o público em geral na primeira relação de forças, no Circuito Albert Park, em Melbourne, no fim de semana de 6 a 8 de Março de 1998. Nos treinos, os McLaren dominaram, com Mika Hakkinen na frente de David Coluthard. Ambos deram quase sete décimos de segundo sobre o Ferrari de Schumacher, terceiro na grelha. Ao seu lado, tinha o Williams de Jacques Villeneuve. Na terceira fila, o Sauber de Johnny Herbert e o outro Williams de Heinz-Herald Frentzen.

Na largada, os dois carros prateados foram-se embora do resto do pelotão, e tudo indicava que as coisas iriam ficar assim. Para melhorar as coisas, Schumacher abandonava cedo, à sétima volta, enquanto que Jacques Villeneuve estava com dificuldades em segurar a terceira posição devido aos ataques de Fisichella e Herbert. Entretanto, ambos os McLaren faziam os seus reabastecimentos, tal como um relógio suiço, mas a meio da corrida, Mika Hakkinen faz uma paragem inesperada, ficando os mecânicos espantados com o que se passava. Tinha sido uma má comunicação, que tinha levado o finlandês para a box, deixando Coulthard sozinho na frente.

Voltando à pista, Hakkinen tentou galgar o tempo perdido, chegando à traseira de Coulthard a pouco mais de três voltas do fim. Então, à entrada da penúltima volta, surge a polémica: Coulthard levanta o pé e deixa escapar uma vitória certa a favor do finlandês. Parecia que não, mas naquele momento se sabia quem seria o campeão do mundo daquele ano... No final, Hakkinen e Coulthard eram acompanhados no pódio pelo alemão Frentzen. Eddie Irvine, Jacques Villeneuve e Johnny Herbert ficavam nos restantes lugares pontuáveis.

Contudo, a manobra polémica nunca foi muito bem digerida. Coulthard se justificou afirmando que isso tinha sido combinado entre os dois, afirmando que o primeiro a fazer a primeira curva seria o vencedor, mas muitos disseram que Coulthard tinha sido obrigado a levantar o pé devido a ordens de Ron Dennis. A FIA decidiu mais tarde avisar a McLaren que tais manobras iriam ser punidas no futuro. Contudo, manobras desse tipo continuariam até à mais famosa de todas, no GP da Austria de 2002...

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