Este é o último carro projectado durante a vida de Colin Chapman. O último carro da era efeito-solo e o último a usar motores Cosworth, antes da era Turbo. Foi também o carro que lhe deu a sua primeira vitória desde 1978, e que deu uma última alegria, depois das más experiências com o Lotus 88 de chassis duplo. O seu regresso ao básico, com um desenho simples, aproveitando bem o efeito-solo, fez que a imagem da marca na Formula 1 fosse parcialmente recuperada. Mas ao mesmo tempo, este carro introduzia alguns elementos novos, como a fibra de carbono, sendo um dos primeiros a usar esse composto. O Bólide Memorável de hoje é o Lotus 91, de 1982.Depois das más experiências de 1981, nomeadamente o genial (mas ilegal) Lotus 88 de chassis duplo, e o Lotus 87, mais convencional, mas desenhado à pressa e como rescaldo das lutas entre Chapman e a FISA, de Jean-Marie Balestre, decidiu desenhar um chassis mais simples no sentido de conservar uma certa competitividade num mundo em mudança, onde os motores Turbo começavam a ganhar ainda mais proeminência, face ao motor Cosworth que equipava os seus carros. A caixa de velocidades era da Hewland, e todos os seus componentes tinham sido desenhados no sentido de serem fáceis de arranjar e de montar pelos mecânicos.
Desenhado por Chapman, ajudado por Martin Ogilvie e Tony Rudd, o chassis era inspirado não só no maldito modelo 88, mas também no Williams FW07, o carro que tinha ditado as modas nas duas últimas temporadas. As inovações, porém, estavam no seu interior: era o primeiro chassis totalmente feito em fibra de carbono, uma experiência que a McLaren tinha iniciado com o chassis MP4/1, no ano anterior. Para além disso, o Lotus 91 foi também o primeiro a usar travões de carbono, uma moda iniciada pela Brabham, e também por um controlo hidráulico das suspensões, um primeiro passo rumo à ideia da suspensão activa, cujos componentes electrónicos começaram a ser testados no mesmo dia em que Chapman morreu, em Dezembro daquele ano.
O chassis esteve pronto apenas no GP do Brasil, a segunda prova do campeonato, e foi usado pelos seus pilotos, Nigel Mansell e Elio de Angelis. Em Jacarépaguá, o piloto inglês acabou no terceiro lugar, depois das desclassificações de Nelson Piquet e Keke Rosberg, e Elio de Angelis acabava frequentemente as corridas nos pontos, terminando a temporada com 23 pontos e o sétimo lugar na classificação geral. Um grande feito, num carro aspirado.
Contudo, este carro era bom em circuitos de alta velocidade, como Hockenheim, Zeltweg ou Monza, e foi no circuito austríaco que aconteceu o melhor momento da temporada: o piloto italiano resistiu aos ataques finais do Williams de Keke Rosberg, depois de ter herdado a liderança com a desistência de Alain Prost, com o seu Renault. Na última curva, Rosberg tentou uma última vez tirar a liderança ao piloto italiano, mas acabou por perder por pouco menos de meio carro. 0.050 segundos, para ser mais preciso.Nessa semana, Colin Chapman tinha anunciado que fechara um acordo com a Renault para fornecer motores para as próximas três temporadas. Com a abolição do efeito-solo, um conjunto de novas possibilidades abriam-se para a Chapman e a Lotus poderem explorar. Contudo, Chapman, via-se com problemas na sua empresa, nomeadamente o escândalo da De Lorean, onde tinha feito um acordo com o empresário americano, que tinha também acordado a construção de uma fábrica de automóveis na Irlanda do Norte, com subsídios governamentais, e que acabou falida no final desse ano. Com todas essas pressões, Chapman não resistiu a um ataque cardíaco na madrugada de 15 de Dezembro de 1982, aos 54 anos.
Este foi também o modelo que deu uma chance a Roberto Moreno de se estrear na Formula 1. Quando Nigel Mansell se lesionou no pulso, Moreno, então com 23 anos e o piloto de testes da marca, teve a sua primeira oportunidade de guiar na Formula 1. Contudo, nunca tinha guiado um “carro-asa”, e não teve grandes oportunidades de correr ou testar, antes do fim-de-semana holandês. Logo, não conseguiu qualificar-se."Eu era piloto de testes deles, já pelo segundo ano, e o Mansell se machucou, quebrou a mão. E quando chegou o teste antes da corrida, não me deixaram testar porque o Mansell queria tentar andar. Com isso eu não andei no carro. E fomos para Zandvoort num carro-asa, em que a curvona antes da reta você fazia de pé no fundo, e tudo de que você precisava era ser forte para segurar o volante. E eu não tinha esse hábito. Só aprendi isso em 1984 quando andei de carro-asa de F-2, aí eu aprendi como se fazia. Então foi muito em cima, eu não me classifiquei.", afirmou Moreno, anos depois.
Mansell voltou ao carro para a corrida de Brands Hatch, mas teve uma recaída e na prova seguinte, em Paul Ricard, o britânico Geoff Lees foi no seu lugar. Ao contrário de Moreno, conseguiu qualificar-se e acabou a corrida num discreto 12º posto. Uma versão modificada do Lotus 91 ainda correu na primeira prova de 1983, em Jacarépaguá, e ainda com motor Cosworth, enquanto que o novo carro, esse sim com o motor Renault Turbo, não estava pronto.
Chassis: Lotus 91
Projectistas: Colin Chapman, Martin Ogilvie e Tony Rudd
Motor: Ford Cosworth V8 de 3 litros
Pilotos: Elio de Angelis, Nigel Mansell, Roberto Moreno e Geoff Lees
Corridas: 16
Vitórias: 1 (De Angelis 1)
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 30 (De Angelis 23, Mansell 7)
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_91
http://www.club-lotus.fr/lotus/tous-les-modeles/les-f1-lotus/historique-par-modele/type-91/ http://f1nostalgia.blogspot.com/2009/09/ensaio-fotografico-agora-sim-overdose.html
3 comentários:
Grande Moreno!
Que final de vida mais conturbado teve o Colin Chapman! Para os padroes que conhecemos, estranha aos olhos olhar esses carros sem asa dianteria, os charutinhos da decada de 60 sao mais harmoniosos. Imagina se não proibissem o efeito solo e a suspensao ativa...particularmente...eu prefiro pouca tecnologia embarcada...melhor para o espetaculo.
Mestre, parabens pelo post!
Lotus JPS sempre foram belos carros !
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