O grande protagonista desde Mundial de Futebol na Africa do Sul, mais do que a Holanda e a Espanha, que no Domingo jogarão para saber qual deles se estreará no rol dos campeões, é... um polvo. Alemão, ainda por cima. Em Osnabruck, creio eu, há um aquário onde a estrela da companhia é um polvo chamado Paul, que virou uma espécie de oráculo neste mês quando se pôs a adivinhar os resultados da selecção alemã. E como ele fazia isso? Os tratadores colocavam duas caixas cheias do seu alimento favorito, conchas e pequenos moluscos, com as bandeiras dos paises em questão, e ele aterrava em cima da caixa.
Os tratadores fizeram uma brincadeira por alturas do Mundial, no sentido de dar sorte à Alemanha, e até então descobriu-se que tinha acertado em todos, mesmo quando aterrou em cima da caixa com a bandeira sérvia. À medida que mais e mais pessoas tinham conhecimento desta história, as previsões de Paul viraram um acontecimento mundial, e quando fez as previsões para o jogo desta noite, poucos não ficaram incrédulos quando se colocou em cima da caixa que tinha desenhada a bandeira espanhola.
Pois bem, acertou de novo. Não sei se o polvo tem o dom de adivinhar o futuro ou foi apenas um "winning streak" dele, mas parece que é o grande vencedor deste mundial, pois... acertou em tudo.
Mas saindo da brincadeira e indo para o futebol puro e duro, acho que o polvo deve ver o "the beautiful game". A Alemanha, que no Sábado destruiu, sem apelo nem agravo a Argentina de Diego Maradona por uns expressivos 4-0, desta vez se viu superado pelo futebol jogado pela Espanha. Eles sempre tiveram mais vezes com a bola, controlando o jogo e criando a maioria das oportunidades de perigo. De inicio, pensava que tinham sido eles que tinham entregue a bola aos espanhois, para aproveitarem depois o contra-ataque e serem eficazes, mas na segunda parte, vi a Espanha ter uma oportunidade atrás da outra, a vulgarizar a "Mannschaft".
Marcaram um golo de canto, mas acho que deveriam ter marcado mais três ou quatro, mas a má pontaria ou as defesas de Adler adiaram o agravamento da inevitabilidade. E desta vez, pelo menos desta vez, a frase de Gary Lineker, cunhada como se fosse uma certeza tão grande como as revelações do polvo Paul ("O futebol são onze contra onze e no final ganha a Alemanha") não aconteceu.
E assim, pela primeira vez desde 1978, teremos dois finalistas que nunca ganharam um troféu. E um deles, a Espanha, estreia-se numa final mundial. A Espanha, palco da melhor liga do Mundo, por fim faz valer o bom trabalho que tem vindo a fazer nas camadas jovens há mais de duas décadas, as vitórias nas camadas jovens, quer a nivel continental, quer a nivel mundial. E a boa campanha do Euro 2008, em que se tornaram vencedores, contra esta mesma Alemanha, pode se transformar, no próximo Domingo, 11 de Julho, no momento mais alto da sua história.
E a mesma coisa pode acontecer à Holanda. Em 1974, a equipa de Cruyff, Rep, Neeskens, Van der Kerkhof, Resenbrink, Haan, Joengbloed, Muhren e outros, guiados pelo imortal Rinus Michels, demonstraram o "futebol total" no seu melhor, apenas batido na final pela pragmática Alemanha. Essa foi uma das melhores gerações que nunca ergueu um troféu, a par do Brasil de 1982 ou a Hungria de 1954, por exemplo. Em 1988, de novo com Michels ao leme, jogadores como Van Basten, Rijkaard, Gullit, Wouters, Van Breuklen, os irmãos Koeman, Winter e outros, foram campeões da Europa, mas nunca foram longe nos Mundiais, batidos por uma Alemanha nos oitavos de final, em 1990, e pelo Brasil quatro anos depois.
Agora, há uma nova geração de jogadores: Robben, Sneijder, Van Bommel, Van Bronkhorst, Huntelaar e outros, que tem a oportunidade de, 32 anos depois, conseguir aquilo que Cruyiff, Resenbrink, Van Basten, Gullit, Koeman nunca conseguiram. Mesmo que no final esta geração consiga trazer o troféu para Amesterdão, creio que não conseguirão esquecer destes nomes referidos anteriormente. Apenas poderão dizer que desta vez, conseguiram.
Uma palavra final sobre o jogo de Domingo: ambas as equipas tem futebol mais do que suficiente para proporcionarem um excelente espectáculo, aquilo que as tv's e a FIFA sempre desejam, para alimentar o gosto pelo "the beautiful game". Portanto, ficaria muito desiludido se ambas as equipas se acobardassem e levassem o jogo para prolongamento e penalties. Nâo creio que tal aconteça, pois todos os jogos que ambas as equipas fizeram, foram decididos dentro dos 90 minutos. Espero que no Domingo tal aconteça.
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