Duas semanas depois dos trágicos eventos de Zandvoort, a Formula 1 voltava a correr, desta vez para o GP de França, que seria disputado uma vez mais no circuito de Charade, nos arredores de Clermont-Ferrand, após uma tentativa para que este se realizasse no circuito de Albi, que falhou por falta de financiamento. Com Piers Courage morto, Frank Williams privava pela ausência, enquanto que John Surtees também não estava presente, pois estava a preparar a estreia do seu novo chassis, que levaria o seu nome, em Brands Hatch.
De resto, a lista de inscritos não tinha alterações: a Lotus corria com Jochen Rindt e John Miles, com um terceiro carro, inscrito como World Wide Racing, para o espanhol Alex Soler-Roig, enquanto que estavam mais dois Lotus, um da Rob Walker Racing, com o veterano Graham Hill ao volante, e outro privado, do americano Pete Lovely. A March tinha dois carros oficiais para Chris Amon e Jo Siffert, mais dois carros inscritos por Ken Tyrrell, para Jackie Stewart e Francois Cevért, e mais uma inscrição privada, para o sueco Ronnie Peterson.
A Ferrari tinha inscrito dois carros, para o belga Jacky Ickx e o italiano Ignazio Giunti, enquanto que na McLaren estavam três carros presentes em Charade: dois com motor Cosworth, para Denny Hulme, que regressava aqui à competição, depois do seu acidente em Indianápolis, e o americano Dan Gurney, que substituia o fundador Bruce McLaren, morto um mês antes, e um com motor Alfa Romeo, para o italiano Andrea de Adamich. Quem também corria com três carros era a BRM, que tinha o mexicano Pedro Rodriguez, o britânico Jackie Oliver e o canadiano George Eaton.
A Brabham tinha o alemão Rolf Stommelen, para além de, claro, Jack Brabham, e a Matra tinha em Charade dois pilotos que corriam em "casa": Jean-Pierre Beltoise e Henri Pescarolo. Para finalizar estava a inscrição privada do Bellasi pilotado pelo suiço Silvio Moser.
Apesar de Rindt não esconder que detestava Charade, pois fazia-o ficar doente devido à ondulação da pista, e para piorar as coisas, nos treinos levou com uma pedra no seu capacete. Para além disso, estava cada vez mais receoso e desgostoso com a Formula 1 no seu todo. Contudo, não deixou de ser profissional e conseguiu qualificar-se para a corrida, no sexto posto. A pole-position ficou nas mãos de Jacky Ickx, que demonstrava que o seu Ferrari estava a melhorar as suas prestações, tendo a seu lado o Matra de Beltoise. Na segunda fila estavam o March oficial de Chris Amon e o March de Jackie Stewart, inscrito por Ken Tyrrell, enquanto que na terceira estavam Jack Brabham e Jochen Rindt. O McLaren de Denny Hulme era o sétimo a partir, tendo a seu lado o segundo Matra de Henri Pescarolo. Para finalizar o "top ten", na quinta fila estavam o March de Ronnie Peterson e o BRM de Pedro Rodriguez.
Como estavam 23 pilotos em Charade, a organização francesa tinha decidido reduzir de antemão o numero de qualificados para vinte, e iriam haver pilotos que não participariam na corrida. Os Lotus de Soler-Roig e Lovely, mais o Bellasi de Moser, não iriam participar na corrida.
No "warm up" antes da corrida, o motor de Ickx começou a dar alguns problemas, mas estes não podiam ser resolvidos antes da corrida começar, portanto, quando o belga partiu, sabia que eram grandes as possibilidades de não chegar ao fim. Beltoise estava atrás dele, mas no final da 14ª volta, passa para a liderança, enquanto que Ickx via os seus piores receios confirmarem-se na 16ª volta, com o motor a encomendar a sua alma ao Criador.
Atrás do francês estava agora o March de Stewart, mas pouco depois, tinha problemas de ignição e atrasava-se nas boxes. Amon herdou o segundo posto, mas estava sob pressão de Rindt. O austriaco passou-o e ficou na segunda posição, tentando apanhar um Beltoise que parecia inalcançável.
Contudo, na 26ª volta, Beltoise sofre um furo lento no seu Matra, atrasando-se e inevitavelmente, apanhado por Rindt, que o ultrapassa antes de ir a "coxear" para as boxes, caindo para o fundo da tabela. Mais tarde teria problemas com a pressão da gasolina e desiste.
Quando o comissário francês mostra a bandeira de xadrez, Rindt vence pela terceira vez na temporada, segunda vez consecutiva, e era um líder cada vez mais incontestado, com 27 pontos, contra os 19 pontos que tinham Brabham e Stewart. Chris Amon e Jack Brabham subiram ao pódio, enquanto que Dennis Hulme foi o quarto, Henri Pescarolo salvou a honra da Matra ficando no quinto lugar e Dan Gurney fechou os lugares pontuáveis. Seria a última vez que faria isso na sua carreira.
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