Depois da fase americana, a Formula 1 estava de volta à Europa para correr no amputado circuito de Paul Ricard, palco do GP de França. Num circuito que comemorava o seu 20º aniversário, comentava-se por esta altura que seria o último ano em que a Formula 1 andaria naquelas paragens, pois falava-se que a partir de 1991, o GP de França aconteceria no circuito de Magny-Cours, situado no centro de França, afastado de quase tudo, a começar por boas estradas...
Sem alterações no quadro de pilotos, havia porém uma alteração noutro tipo de quadro. Na Leyton House, a braços com um chassis pouco competitivo, a equipa decidiu despedir o seu projectista, um tal de... Adrian Newey. Antes de se ir embora, porém, concluiu o projecto de um novo pacote aerodinâmico para o carro, e que iria estrear nesta corrida. As consequências seriam imagináveis para muito poucos...
Nas pré-qualificações, os melhores continuavam a ser os Larrousse-Lamborghini de Aguri Suzuki e Eric Bernard, que foram acompanhados por outros dois carros fabricados em França, os AGS-Ford de Gabriele Tarquini e Yannick Dalmas.
Na qualificação, os Ferrari estavam melhores em paragens francesas do que a concorrência, liderada pela McLaren, seguida da Williams e Benetton. Nigel Mansell fez a pole-position, tendo o McLaren de Gerhard Berger a seu lado. Ambos tinham superado os seus chefes de fila, Ayrton Senna e Alain Prost, que largavam ambos na segunda linha. Alessandro Nannini, que comemorava o seu 31º aniversário nesse fim de semana, era o quinto, à frente do Williams-Renault de Riccardo Patrese. O Leyton House-Judd de Ivan Capelli era um surpreendente sétimo classifficado na grelha, vindo depois do segundo Williams-Renault de Thierry Boutsen. A fechar o "top ten" estavam os carros de Nelson Piquet, no segundo Benetton, e de Mauricio Gugelmin, no segundo Leyton House-Judd.
A prestação dos Leyton House era, de facto, absolutamente paradoxal: quinze dias antes, na Cidade do México, nenhum deles conseguira um lugar na grelha, e aqui em França estavam nos dez primeiros. E era apenas metade da surpresa...
Os quatro não-qualificados eram os Onyx do finlandês J.J. Letho e de Gregor Foitek, o AGS de Tarquini e o Minardi-Ford do italiano Paolo Barilla.
Na partida para a corrida, Berger e Mansell partiram para a frente, uma continuidade do que acontecera no México, com os seus respectivos chefes de fila logo atrás. Prost perdera dois lugares para Nannini e Patrese, enquanto que Senna se livrava de Mansell para ir atrás do seu companheiro de equipa. Um pouco mais atrás, Boutsen saia de cena na oitava volta com um motor partido.
Estando bloqueado atrás dos primeiros classificados, Prost parou cedo, na volta 26, para trocar de pneus. A ideia era de estar na frente deles quando os seus rivais fizessem o mesmo, uma manobra arriscada, mas que deu resultados. Ao mesmo tempo, Senna, que passara o tempo inteiro atrás de Berger, elaborou um assalto bem sucedido à liderança.
Pouco dpeois, os pilotos da frente foram trocar de pneus, deixando a liderança para Patrese, que tinha atrás de si o carro de Capelli. Ambos não pararam para trocar de pneus, e a ideia parecia resultar bem. E as coisas ficaram ainda mais surpreendentes quando Capelli passou Patrese e foi a seguir trocar de pneus, deixando o italiano sozinho na pista, a grande distância da concorrência. E as coisas ficaram ainda mais estranhas quando o seu companheiro Gugelmin fez a mesma tática e era agora o segundo classificado, segurando o Ferrari de Prost!
Contudo, a sorte de Gugelmin terminou na volta 58, quando o seu motor Judd explodiu, fazendo com que Prost começasse a fazer uma corrida de trás para a frente no sentido de apanhar Capelli a tempo de alcançar a liderança. Quando o fez, começou um duelo pelo primeiro lugar que durou cerca de dezassete voltas, com o italiano a fazer tudo para impedir Prost de conseguir uma vitória em casa. O duelo foi bravo e leal, mas a três voltas do fim, o carro de Capelli começou a ter problemas e Prost conseguiu a liderança, caminhando sem problemas até aquela que viria a ser a centésima vitória da Ferrari na história da Formula 1.
Com Prost vencedor e Capelli a igualar o seu melhor resultado de sempre, Ayrton Senna fechava o pódio no terceiro posto. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Benetton de Piquet, o segundo McLaren de Berger e o Williams-Renault de Patrese.
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1 comentário:
Essa prova coincidiu com a "Final da Copa do Mundo": Alemanha Ocidental X Argentina.
Foi a grande corrida de Ivan Capelli na categoria.
Essa pista encurtada perdeu o charme.
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