Agora que fomos de férias e este fim de semana tivemos o Grande Prémio da Bélgica de Fórmula 1, no lendário circuito de Spa-Francorchamps, vamos continuar em frente para a próxima corrida que é o Grande Prêmio da Itália, que irá ocorrer noutro mítico circuito: Monza. Mas antes da corrida italiana, existe uma questão que deve ser tratada logo que possível, que são as ordens de equipa que a Ferrari deu no Grande Prêmio da Alemanha, permitindo a vitória de Fernando Alonso, às custas de Felipe Massa.
Pessoalmente, considero que a Ferrari deve ser punido pura e simplemsnte com a desclassificação dos seus pilotos, e a Scuderia, em particular. Existem regras que devem ser cumpridas por todas as equipas, e como existe uma regra que proíbe ordens de equipe, proibição essa que foi violada pela Ferrari, a Scuderia deveria ser sancionada com uma pena adequada a tal violação.
É verdade que muitos dos apoiantes da Ferrari argumentam que outras equipas como McLaren e Red Bull, aparentemente deram ordens de equipa de forma encapotada, e segundo eles, também devem ser punidos. Ou então, que a FIA não castigasse para além da multa aplicada logo na altura, que foi de cem mil dólares. Muitos acreditam que não vai passar disso porque o preidente da FIA é agora Jean Todt, que como sabem foi um funcionário da escuderia por mais de quinze anos. Para mim, vamos ser honestos, são desculpas de alguém que cometeu o erro de fazer tudo às claras.
Contudo, nesta última semana, um amigo meu, o Mike Vlcek, do Formula UK, me mostrou um artigo escrito por Mike Lawrence, do sitio britânico Pitpass (http://www.pitpass.com) falando sobre uma outra razão, mais obscura e um pouco negligenciada por agora: o jogo ilegal. A idéia de "race fixing", isto é, distorcer os resultados das corridas para enriquecer alguns sindicatos do crime asiático, é algo que pode ser muito perigoso. E estamos a falar de cadáveres na rua...
O desporto teve sempre os seus perigos ao "fairplay" e à veracidade dos seus resultados. O "doping" é mais conhecido, e quem conhece bem o desporto, tem conhecimnento dos diversos escândalos que abalaram algumas modalidades como o atletismo, futebol e o ciclismo. Nomes como Ben Johnson, Diego Maradona, Marion Jones ou Marco Pantani ficaram para a história como nomes malditos, cujos recordes foram para sempre riscados dos livros e as suas medalhas retiradas. Alguns até pagaram com a vida, no caso de Pantani.
Mas na Formula 1 não existe o "doping". Pilotos que precisam de estar permanentemente concentrados, a dar 110 por cento, não precisam de drogas estimulantes, apesar de, não há muito tempo, se ouvirem rumores de pilotos a tomarem cocaína para estarem em permanente alerta. Rumores que nunca se confirmaram, embora se conheça a história de Thomas Enge, que em 2002, creio eu, perdeu o título de Formula 3000 porque foi apanhado nas malhas do doping. A razão? Detectaram “cannabis” no sangue. Quem conhece a composição desta droga sabe que conto esta história como exemplo cómico, pois os canabinoides são substâncias entorpecedoras...
O jogo é diferente. Existem casas de apostas, é normal e legal, e nos últimos anos vimos o surgimento de casas de apostas um pouco por toda a Europa como Betclic e BWin. Mas o seu negócio é essencialmente futebol, e sobretudo nas Ilhas Britânicas, as apostas são uma instituição. Ali, qualquer um pode apostar o que quiser, desde a cor das cuecas que Sir Alex Ferguson irá usar no jogo contra o Chelsea, até à identidade verdadeira do The Stig, o misterioso piloto de testes do programa britânico Top Gear. Bom, agora só se for o próximo...
Eis um excerto do texto em questão:
“Porque é que estou preocupado com o jogo? Tive o conhecimento de uma pessoa que está a fazer uma tese de doutoramento na Universidade de Oxford, e do qual tive acesso a alguns excertos. Sendo um doutoramento, estamos a falar de verdadeiro trabalho cientifico, feito por alguém maduro e não um jovem inconsciente de 21 anos.
A pesquisa centra-se, não nas casas de apostas de High Street, mas sim em verdadeiros sindicatos do crime e na maneira como corromperam o desporto. Apesar de não poder dizer nomes, lugares e casos específicos, estamos a falar de assassinatos por encomenda, por exemplo. As apostas são enormes e eles apostam em tudo, não só em quem vence e por quanto. Pode-se falar em algo incrível como qual seria o piloto da Virgin que irá bater o seu companheiro de equipa, e por quanto. E como as apostas são enormes, os subornos podem acontecer. Já houve investigações de suborno e resultados falseados no futebol, cricket, rugby e snooker.
Caso a WMSC (World Motor Sport Council) não decida punir severamente a Ferrari pelo seu resultado arranjado na Alemanha, estes sindicatos do crime poderão avançar para a Formula 1, se é que já lá não estão. Não estão interessados no desporto em si, mas sim na incerteza, na vertigem de cada aposta. O dinheiro envolvido, para além de ser enorme, vem frequentemente de locais como o Afeganistão, onde é usado como lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de ópio”.
Claro, isto pode ser lido de forma alarmista, mas quando o alarme passar, verificamos que o essencial está lá: as regras existem para ser cumpridas. E tem de ser cumpridas, sob pena de estarmos a dar uma mensagem ao exterior semelhante à frase de George Orwell no livro “Triunfo dos Porcos”: que uns são mais iguais do que outros. E se Jean Todt e o Conselho Mundial da FIA mandarem tal mensagem para fora, podem estar a atrair à Formula 1 elementos altamente indesejáveis, que poderão prejudicar irreversivelmente este desporto.
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