sexta-feira, 17 de junho de 2011

O "Combate dos Chefes" entre Jean Todt e Bernie Ecclestone

Os eventos do GP do Bahrein foram mais um episódio da polémica entre FIA e FOM, com a FOTA à espreita para ver como isto vai parar. Tudo isto tem a ver com poder e dinheiro, como sabem. O poder tem a ver com o calendário e os regulamentos, e o dinheiro tem a ver com a distribuição das receitas entre as equipas e os detentores dos direitos. E como na Formula 1, como sabem, se movem centenas de milhões de dólares, do qual todos querem a sua quota-parte, e como se aproximam cada vez mais as negociações para renovar o Pacto de Concórdia, a ideia de uma cisão da Formula 1 volta a espreitar-se, em caso extremo, como explica hoje o Luis Fernando Ramos, o Ico.

Contudo, esta semana no semanário português Autosport, Luis Vasconcelos explica o que foi o episódio da polémica sobre a colocação e retirada do GP do Bahrein de 2011, para o dia 30 de outubro. De como isso foi uma "armadilha" colocada por Bernie Ecclestone para desacreditar Jean Todt, e do qual caiu que nem um pato. E de como a FOTA, por outro lado, fez valer a sua posição para que a hipótese barenita caisse de vez. E agora, ela, em contra-ataque, decidiu criticar fortemente Ecclestone e a FOM, dando a ideia de que se vai abrir uma nova frente. Estamos já em plena tempestade...

TODT E ECCLESTONE EM GUERRA

Todt e Ecclestone estão em guerra aberta, com as equipas a assistir, prontas para tirar o máximo desta disputa que ameaça mudar a face da Formula 1.

A forma como a situação do GP do Bahrein foi gerida é bem representantiva do conflito entre os dois homens que, em última análise, decidem os destinos da F1.

Depois da FIA ter surpreendido toda a gente ao recolocar o GP do Bahrein no calendário deste ano, com base num relatório feito pelo espanhol Carlos Garcia, o líder da FOM veio a público dizer que, afinal, era pouco provável que as alterações do calendário fossem avante, pois sem o acordo das equipas isso não era possivel.


Ora, Ecclestone sabia muito bem que esse era o caso, pois o que prevê o Código Desportivo Internacional, e no GP do Mónaco as equipas tinham deixado bem clara a sua oposição à recolocação do GP do Bahrein e à extensão da temporada até meados de dezembro. Ou seja, Ecclestone deixou uma casaca de banana no camnho de todt e o francês, empurrado pelo incrivel relatório de Garcia, caiu de forma clamorosa.

FIA ACUSA ECCLESTONE

Face a estes acontecimentos e a uma declaração da FOTA em que esta manifestava a oposição das equipas à decisão do Conselho Mundial - sem nunca referir as questões ligadas aos direitos humanos no Bahrein, mas atendendo-se apenas a questões logísticas e de segurança do seu pessoal - Jean Todt requereu que Bernie Ecclestone submetesse novo calendário para aprovação da FIA, sublinhando que "o calendário do Mundial de F1 é da exclusiva responsabilidade do detentor dos direitos comerciais e foi por proposta sua que recolocamos o GP do Bahrein no Mundial deste ano".

Face à publicidade da discussão, acabaram por ser os responsáveis do GP do Bahrein a anunciar publicamente que renunciavam a organizar a sua corrida este ano, libertando a FIA e Ecclestone de um fardo. Mas nem isso acalmou a ira de Todt, que fez publicar uma cronologia dos acontecimentos em que garantia que no dia em que a prova foi efetivamente anulada, Ecclestone tinha feito nova proposta para organizar o GP do Bahrein no dia 4 de dezembro, uma semana depois do GP do Brasil.


EQUIPAS NA EXPECTATIVA

Numa altura em que estão em conflito com Ecclestone na discussão do que será a divisão dos lucros da F1, as equipas estão a aproximar-se cada vez mais de Jean Todt e da FIA, pois este também pretende que a Federação receba mais dinheiro por parte do detentor dos direitos comerciais da F1, depois de ter percebido que as receitas vão diretamente para o Instituto da FIA - que ainda é controlado por próximos de Mosley - e não para a estrutura administrativa da Federação.

É na tentativa de ter as equipas como aliadas que Todt está disposto a adiar a introdução dos motores muito para além de 2013, como estava previsto, admitindo-se mesmo que se alie às escuderias na criação de um novo campeonato, gerido comercialmente pela FOTA e do ponto de vista desportivo e técnico pela FIA, abandonando Ecclestone, que tem contratos com alguns circuitos para além do final de 2012 mas tem cada vez menos trunfos na mão.

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PARR ATACA ECCLESTONE

Adam Parr lançou um violento ataque a Bernie Ecclestone durante o fórum que a FOTA organizou para os adeptos da F1 em Montreal. O patrão da Williams insinuou que o lider da FOM está ultrapassado, com consequências para o valor que a F1 gera globalmente.


Parr explicou que "existem milhares de imagens muito interessantes que nunca são vistas, porque o Bernie limita o que as televisões podem mostrar e também não estamos a aproveitar os enormes fontes de receita que são a Internet e as novas tecnologias. Não é possível que o campeonato turco de futebol possa gerar as mesmas receitas que o Campeonato do Mundo de F1 e a NFL garanta oito vezes mais receitas que a nossa competição. Há que seguir novos caminhos, talvez com novas pessoas a dirigir a parte comercial, pois o modelo atual está esgotado."


Se Martin Withmarsh, também presente nessa reunião, tentou suavizar a pílula, Parr abriu mais um campo de batalha entre as equipas e Ecclestone, neste clima de todos contra todos que se vive no paddock da F1.

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