domingo, 12 de junho de 2011

GP Memória - Belgica 1966

Depois do Mónaco, a Formula 1 deslocava-se para a pista de Spa-Francochamps, para correr na segunda prova da temporada de 1966, a segunda sob os novos regulamentos em que os motores eram de 3 litros. Alterações para o Mónaco era só uma, com a chegada do americano Dan Gurney com o seu projeto pessoal da Eagle, que enquanto esperava perla chegada do motor Westlake V12, que Gurney tinha encomendado, andava com o motor Climax.

Na Lotus, Colin Chapman apresentava o seu modelo 43 com motor BRM e para além de Jim Clark, via o regresso de Peter Arundell, que regressava à competição mais de ano e meio após um horrivel acidente em Reims, numa prova de Formula 2, onde tinha levado em cheio com o carro de Richie Ginther. Nesta prova, Clark - que odiava o motor BRM - decidiu andar com o Climax, deixando o motor BRM para Arundell. E o escocês tinha razão: o motor de Arundell explodiu na qualificação e acabou por não participar. O mesmo iria acontecer a Bruce McLaren, que teve problemas de rolamentos com o seu McLaren-Serenissima.

A BRM entrava com dois carros, para Graham Hill e Jackie Stewart, enquanto que um terceiro BRM lá estava, incialmente para o britânico Vic Wilson. Mas depois dos treinos, o carro acabou por ser guiado pelo americano Bob Bondurant.

Em termos de prova, os organizadores e a CSI, a Comission Sportive Internationale, decidiram reduzir a corrida de 32 para 28 voltas, para que se respeitasse o limite das duas horas. E tal como no Mónaco, a equipa de filmagens de "Grand Prix" estava em Spa-Francochamps para filmar mais algumas cenas.

Na qualificação, John Surtees foi o melhor com o seu Ferrari, seguido pelo Cooper de Jochen Rindt e o BRM de Jackie Stewart. Jack Brabham, no seu carro, era o quarto, seguido pelo segundo Ferrari de Lorenzo Bandini. Jo Bonnier, no seu Cooper pessoal, era o sexto, seguido por Mike Spence, no Lotus-BRM da Reg Parnell Racing, o americano Richie Ginther, no Cooper oficial. E a fechar o "top ten" na grelha, ficavam o segundo BRM oficial de Graham Hill e o Lotus de Jim Clark.

À partida do Grande Prémio belga, o tempo estava ensolarado na zona do Eau Rouge, local das boxes e da meta, mas o tempo tipico das Ardenas belgas, sempre imprevisivel, estava instalado nesse dia... e iria causar estragos impressionantes em apenas uma volta. Os carros partiram em seco, mas quando me chegaram na zona de Brunenville, uma carga de água tinha caido na pista, alagando-a e causando confusão total. Jim Clark ficou com o motor afogado devido à quantidade de chuva, enquanto que Mike Spence chegou a ter o seu carro pendurado numa posição perigosa na zona de Stavelot. O inglês conseguiu sair do carro antes que este caisse.

Mais o mais dramático tinha sido o acidnte de Jackie Stewart, que se despistara na zona de Masta Kink, no mesmo local onde Bob Bondurant e Graham Hill, todos a guiarem os seus BRM, também se tinham despistado. O escocês tinha ficado preso nos destroços, entre o volante e o chassis, e estava a ficar ensopado em combustivel, devido a uma fuga. A sua sorte foi Hill, que o conseguiu tirá-lo dali devido à chave de fendas providenciado por um espectador. O jovem escocês tinha uma clavicula partida e umas costelas lesionadas, mas sobreviveu. E foi a partir desse acidente que Stewart começou a tomar como sua a causa da segurança nos carros de Formula 1 e nas pistas.

O incidente da primeira volta tinha reduzido o pelotão de 17 para sete carros, e John Surtees estava a guiar na frente, sem adversários à sua altura. Brabham era o segundo, depois de Rindt ter perder o controlo do seu Cooper na Masta Kink. Mas o austriaco conseguiu voltar à pista e ir atrás dele. Pouco depois, Rindt apanha Bandini e Surtees, chegando à liderança da corida, enquanto que mais atrás, Brabham sofre um despiste e atrasa-se.

Rindt parecia ir a caminho da sua primeira vitória, mas a pista começa a secar rapidamente. Os Ferrari aproximam-se e Surtees apanha Rindt na volta 24, ficando com a liderança e vencendo a sua primeira corrida depois do seu acidente em Mosport. Mas por esta altura, as tensões entre Surtees e a Ferrari estavam altas, e esta não só iria ser a sua última vitória ao serviço da Scuderia, como iria ser também a última corrida por eles. Alguns dias depois nas 24 horas de Le Mans, Surtees tinha um desentendimento com Dragoni, o seu chefe de equipa, e abandona de vez a marca italiana.

Rindt foi segundo, no seu primeiro pódio da sua carreira, e Bandini completou o pódio. Nos restantes lugares pontuáveis, ficaram Jack Brabham e Richie Ginther, já que Guy Ligier, o sexto classificado, não percorreu a distância suficiente para pontuar.

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