"Estava assustado mesmo antes de entrar para o carro! Esta tarde assustei-me verdadeiramente e sempre disse que quando me sentisse impotente para continuar, ou estivesse no caminho de jovens pilotos, me retirava. Assim é, tempo de parar!"
Eu soube da noticia logo na sexta-feira à tarde pelo Twitter, pois sou um dos muitos seguidores quer da Radio Le Mans, quer do site oficial de Stirling Moss. Não falei logo sobre esse assunto devido às imensas coisas que tinha entre mãos, mas deu tempo para ver o impacto que o anuncio da retirada de Stirling Moss de uma competição automóvel, ou se preferirem, de um automóvel competitivo, teve. E foi muito grande, o que demonstra o enorme grau de respeito que Moss teve ao longo do anos.
É certo que Stirling Moss nunca foi campeão do mundo, e essa foi a sua grande pecha. Mas alguém que venceu o GP do Mónaco por três vezes - ele considera que a edição de 1961 como a sua melhor vitória de sempre - já conseguiu o seu lugar no Olimpo, não tanto por ser um dos poucos sobreviventes dessa era já distante. Correr até perto dos seus 82 anos de idade é outro feito que deve ser lembrado, pois ele passou por muito, especialmente os vários acidentes que teve ao longo da sua carreira. E teve sorte, pois naquele tempo, como sabem, qualquer erro era fatal.
Aliás, foi um acidente em Goodwood, em 1962, que o levou a abandonar definitivamente a Formula 1 E dois anos antes, na Belgica, um acidente semelhante o fez perigar a sua carreira, dada a extensão das suas lesões. Ao vê-lo na sua carreira pós-competição como sabem, fez me lembrar imenso Juan Manuel Fangio que, sendo representante da Mercedes no seu pais, andou durante muito tempo nos circuitos um pouco por todo o mundo a experimentar as máquinas do seu tempo, para deleite dos imensos fãs de automobilismo, que acompanharam as carreiras desses pilotos. E agora, quase dezasseis anos após a morte de Fangio, Moss é um dos "ultimos moicanos" desse tempo.
O anuncio da sua retirada teve um impacto tal que a organização das 24 Horas de Le Mans decidiu conceder-lhe uma volta final à pista de La Sarthe no seu Porsche de competição. Um sinal de reconhecimento que merece, apesar de nunca ter ganho nessa prova. Mas o que mais me impressiona em Moss é que há dois anos, teve um acidente feio quando caiu do poço do elevador de sua casa e fraturou ambos os tornozelos. Mesmo com essas contrariedades, curou-se, meteu-se num automóvel de competição e voltou a correr. Acho que uma dessas coisas adicionou mais pontos à sua lenda e mais uns pontos na consideração que todos temos sobre Moss.
Agora, ele ficará de lado a ver os outros correrem e contará mais histórias do seu tempo por mais alguns anos. Ainda bem, vamos aproveitar esse tempo. Se quiserem, podem ler aqui uma entrevista que deu em 2009, quando fez 80 anos.
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