"Quando a Formula 1 chega a paragens italianas, havia duas corridas - na Hungria - que Michael Schumacher já tinha vencido o seu quarto título mundial e igualado os títulos de Alain Prost. E na corrida anterior, na Belgica, não só tinha vencido pela sétima vez na temporada, como era agora o piloto com o maior numero de vitórias de sempre, com 52 corridas. Tinha demorado precisamente dewz anos para alcançar tal feito, e com um avanço de quase cinquenta pontos sobre o segundo classificado, o escocês David Coulthard, ele prometia que não ia ficar por ali, pois queria construir um reinado longo e dominador para ele e para a Scuderia. (...)
(...) Se os acontecimentos da terça-feira anterior não tinham sido suficientemente chocantes, nessa tarde de sábado, outro evento numa corrida não longe dali iria afetar fortemente o "paddock": na oval alemã de Lausitzring, onde a CART fazia a sua segunda corrida numa oval europeia, o italiano Alessandro Zanardi tinha tido um forte embate no carro do canadiano Alex Tagliani que lhe arrancou a frente do seu carro e as suas pernas, ficando entre a vida e a morte. E era nesse ambiente soturno que todos estavam preparados para correr naquele domingo, 16 de setembro. E os pilotos diziam à imprensa presente que queriam fazer tudo para que a corrida fosse sem incidentes.
Na manhã da partida, Michael Schumacher decidiu percorrer o "paddock" com um pacto na mão: queria que a primeira volta fosse uma espécie de procissão como se estivessem atrás do "safety car", pois para além de todos os motivos anteriores, havia outro mais presente: no ano anterior tinha havido a morte de um bombeiro devido à colisão na Variante della Roggia, a meio da primeira volta. Contudo, tal pacto não foi adiante porque o canadiano Jacques Villeneuve e o patrão da Benetton, Flávio Briatore, decidiram votar contra. (...)
Vai fazer dez anos no próximo domingo, mas achei oportuno colocar isto hoje no site Pódium GP, não só como fazendo parte da programação sobre o GP de Itália, que se realizará neste domingo, mas também pelo fato de isto ter ocorrido nos dias posteriores aos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono. E no meio desse choque, outro drama acontecia algumas centenas de quilómetros mais acima, na oval de Lausitz, na Alemanha, quando Alex Zanardi teve o acidente em que esteve à beira da morte e perdeu ambas as pernas.
Foram dias angustiantes, mas no final assistimos à primeira vitória de Juan Pablo Montoya, um colombiano, então com 24 anos, e que tinha feito duas temporadas de sucesso nos Estados Unidos, onde tinha vencido o campeonato CART e as 500 Milhas de Indianáppolis. Montoya pode ter depois dado um pontapé na Formula 1 para engordar e ser feliz na NASCAR, mas conseguiu deixar uma marca na categoria máxima do automobilismo.
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