Tinha treze anos de idade quando houve o golpe de estado que derrubou Nicolae Ceausescu, o ditador da Roménia comunista. Começou como uma revolta popular em Timisoara, no oeste, demorou dez ou doze dias e acabou nos dias anteriores ao Natal católico - o ortodoxo é comemorado uns dias depois. Mas no dia de Natal, ouvimos noticias de que Ceausescu e a sua mulher, Elena, tinham sido capturados no centro do pais por militares que tinham passado para o lado dos rebeldes, julgados sumariamente e executados.
E eles, para provarem que tinham feito isso, decidiram mostrar as imagens do casal morto, com um fio de sangue a correr dos seus corpos já sem vida. Já não me recordo como foi a reação dos romenos a isso, mas por aqui causou sensação, ainda mais na época festiva que viviamos. E aquilo para mim, causou impressão.
Quase vinte e dois anos depois, a mundo assiste, entre o espanto, o receio e o júbilo às Primaveras Árabes e às agitações sociais que levaram, no caso líbio a uma guerra civil que dura há oito meses, com dezenas de milhares de mortos. Tudo isso para derrubar um ditador que estava no poder há 42 anos, ou seja, provavelmente 80 por cento da população não viram outra pessoa no poder que ele. E hoje, tudo poderá ter acabado com a captura de Sirte e a morte de Muhammar Khadaffi. Ou Gadaffi.
E para provar que o homem está morto, lá mostraram as imagens dele, do seu cadáver. Aparentemente, este homem acossado por tudo e todos, cujo paradeiro parecia ter evaporado, alimentando todo o tipo de especulações, estava em Sirte e foi abatido pelas forças da NATO, quando tentava escapar da cidade. Eles detetaram a coluna de veículos e mandaram uns misseis, que fizeram parar a coluna de veículos. Quanto a ele, aparentemente estava gravemente ferido quando o apanharam, levaram para Misurata e acabou por morrer.
E as imagens desses últimos momentos de Khadaffi estão a ser transmitidos para o resto do mundo, enquanto que o resto do país comemora como se tivesse ganho o Mundial de Futebol... é um dia de absoluto júbilo para aquele povo, martirizado primeiro pela mão de ferro de Khadaffi, depois pela guerra civil que martirizou aquele pais desde fevereiro.
Mas agora acabou uma fase, outra aparecerá, e essa pode ser tão ou mais dificil como a guerra civil que passaram. Esperemos que não, porque o resto do mundo árabe está de olho na Libia. Os que oprimem e os que estão a ser oprimidos, especialmente em sítios como a Síria.
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