Por estes dias há outra matéria do qual pouco se fala, mas é importante para o futuro da Formula 1, nomeadamente na coesão das equipas. A Autosport portuguesa fala disso na edição desta semana e o Joe Saward carrega hoje no seu blog. Tem a ver com a coesão da FOTA e o preigo da sua implosão. O motivo? As desavenças sobre o teto orçamental entre as equipas, especialmente na Red Bull.
A Ferrari andou a acusar há alguns dias de que os energéticos, que venceram os dois últimos campeonatos, fizeram-no excedendo um pouco o limite orçamental que anda a rondar, segundo ouvi, os 300 milhões de euros por ano. Aparentemente, esse valor que é gasto por McLaren, Ferrari, Red Bull e Mercedes, não só foi ultrapassado pelas razões apontadas anteriormente como também se prepara para ser superado pela Mercedes, pois Ross Brawn contratou elementos importantes como Aldo Costa e Geoff Willis.
Martin Whitmarsh, o patrão da FOTA, já veio a público para afirmar que "ate agora não vi qualquer documento ou qualquer prova de que uma equipa não respeitou o que está acordado na RRA (Resource Restriction Agreement), assinado por todas as equipas. Mas mais do que isso, penso que esta é uma questão que só deve ser discutida internamente e não em público, pois só diz respeito às equipas e não interessa a quem assiste às corridas."
Apesar das acusações vindas da Mercedes sobre a contratação desses técnicos, Ross Brawn jura a pés juntos que não viola o acordo: "Mesmo com estas contratações, ficamos ainda longe do que é o teto acordado entre as equipas, mas existem outras questões, como a distribuição de horas entre o túnel de vento e o CFD, que são muito dificeis de policiar."
"Na Mercedes somos completamente favoráveis à implementação da RRA, mas este tem de ser establecido de uma forma clara, fácil de policiar e controlar. Nós estamos a trabalhar dentro do que pensávamos ser um acordo a longo prazo, mas o hristian Horner afirma que o RRA vigora até ao ano que vêm... existem muitas questões por esclarecer, mas é evidente que se uma equipa gasta mais cinco milhões de euros do que as outras, tem uma enorme vantagem", concluiu.
Claro, Christian Horner refuta tais acusações: "O RRA foi importante para uma equipa como a Red Bull poder competir com equipas como a Ferrari, McLaren ou Mercedes e somos totalmente favoráveis a que seja promulgado. Mas é evidente que, quando uma equipa tem o desempenho que a Red Bull tem tido, a paranoia intala-se entre algumas das suas rivais e é a isso que estamos a assistir."
Só que o Joe Saward diz que essas afirmações de Horner não são lá muito convicentes. Ainda por cima, ele afirma que está por provar se a Red Bull veio para a Formula 1 no sentido de ficar por muitos anos, como estão a Ferrari, McLaren e Williams, por exemplo. A Red Bull é uma marca de bebidas energéticas e não uma construtora de automóveis, e muitos não acreditam muito que a marca ande na categoria máxima do automobilismo daqui a cinquenta anos, por exemplo. O que se quer chegar é que muito provavelmente, caso a Red Bull comece a perder campeonatos e comece a cair no pelotão, simplesmente sairá de cena e levará esses milhões consigo.
Mas quer tenham ou não razão, quer hajam ou não provas, há um problema mais pertinente: não convêm a FOTA se desagregar agora, na altura em que quer ficar com os direitos comerciais da Formula 1, tirando-o das mãos de Bernie Ecclestone. E ter noticias assim perturbadoras a poucos meses da abertura das conversações de um novo Pacto da Concórdia, onde as equipas quererão certamente uma fatia ainda maior do dinheiro proveniente das transmissões de televisão e daquilo que os circuitos pagam para receber a Formula 1, é musica para os ouvidos do anãozinho tenebroso.
Em suma: convêm que as se entendam nesse campo, caso contrário, as suas aspirações de um controlo da Formula 1 a curto prazo esfumam-se.
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