quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A luta de Barrichello por um lugar ao sol, contada pelo jornal i

Os últimos dias tem sido pródigos em noticias sobre o segundo lugar na equipa Williams. É certo que a equipa de Sir Frank Williams se pode dar ao luxo de poder escolher o seu segundo piloto, depois de confirmar o venezuelano Pastor Maldonado, por 28 milhões de razões vindos da estatal petrolífera venezuelana, mas a luta por esse lugar está a ser vista como uma luta entre brasileiros. E uma luta de gerações, acredite-se, entre Rubens Barrichello e Bruno Senna. Algumas fontes garantem que Bruno já está no lugar, outros dizem que a equipa deseja experiência para desenvolver o FW34, logo, Rubens Barrichello é o homem escolhido para o lugar, numa era em que pilotos mais velhos do que ele, como Michael Schumacher - 43 anos feitos anteontem - e Pedro de la Rosa, que fará 41 anos no próximo mês, tem lugar na elite do automobilismo mundial.

A matéria publicada hoje no jornal português i fala sobre Barrichello, o decano da Formula 1, que sonha com a vigésima temporada consecutiva, mesmo que haja muitos brasileiros que o querem ver por trás das costas e comemorariam rijamente caso ele não conseguisse lugar na temporada que aí vêm. Por duas razões: porque querem ver Bruno Senna na Formula 1, julgando que ele é feito da mesma massa que o tio, e porque só lhes interessa ver brasileiro vencendo. Barrichello é demasiado "numero dois", o número mais insuportável em terras tupiniquins.
BARRICHELLO AINDA SONHA COM UM LUGAR AO SOL

Por Cátia Bruno, publicado em 5 Jan 2012 - 03:10 | Actualizado há 12 horas 23 minutos 

Rubens viveu na sombra de outros e tornou-se o piloto mais experiente da F1. Em 2012, o eterno segundo quer continuar. Será que deve? 

1994, ano da morte de Ayrton Senna. Mas o Brasil não teve só razões para chorar nesse ano. Em 94, outro brasileiro deu nas vistas na F1 por razões bem melhores. No Grande Prémio da Bélgica, em Agosto, um jovem chamado Rubens Barrichello, de apenas 22 anos e 97 dias, partia à frente, tornando-se o piloto mais novo de sempre a conseguir uma pole position na altura. Era o prenúncio de um possível grande piloto a crescer. 

Mas tal não veio exactamente a concretizar-se. Não é que Rubinho (nome carinhoso com que a família o trata) seja mau piloto, longe disso. É que, talvez por azar, inexperiência, falta de brilhantismo ou um somatório de tudo isto, Barrichello parece estar condenado a ser o eterno segundo. Bom, talvez não em termos de experiência. Nisso, Rubens é o recordista número 1: é o piloto que participou no maior número de Grandes Prémios em toda a história da F1 (são 326 ao todo) e aquele que esteve presente no maior número de épocas (19). E o número pode continuar a crescer, tendo em conta que há a possibilidade de Rubens se manter na F1 em 2012. Mas será isso uma boa ideia? 

A Williams, equipa do piloto na época passada, ainda tem um lugar disponível. E a vontade de Rubens continuar não é segredo nenhum. “Eu continuo a achar que sou competitivo e que mereço estar aqui”, declarou o piloto na última corrida, em Interlagos. “Vinte anos [na F1], com 40 anos de idade. Quero estar aqui e estou a dar tudo por tudo para que isso aconteça.” A situação na Williams parece ajudar à permanência do brasileiro, com a mudança completa da equipa técnica – é sabido que as relações entre Barrichello e o director de engenharia Patrick Head não eram as melhores e a vasta experiência de Rubens é uma mais-valia, em termos técnicos, para a equipa. Mas por outro lado, a prestação de Rubens nesta última época não foi propriamente brilhante, tendo apenas conseguido dois pontos. Certo é que o colega de equipa Pastor Maldonado já está confirmado na Williams para 2012, e o brasileiro não. E há mais candidatos ao lugar, como Sutil, Senna ou Alguersuari. É altura de Barrichello bater em retirada e dar lugar aos mais jovens, dizem alguns. 

Acabe ou não a carreira do brasileiro, certo é que já há muito para contar. Que ele tem experiência, ninguém duvida, mas alguns recordes menos lisonjeiros ajudam a confirmar que Rubens esteve sempre quase lá – faltou foi o quase. É o piloto de toda a F1 que acabou mais vezes em 3.º lugar (28 vezes), é o segundo piloto com mais pontos de carreira sem nunca ter ganho um campeonato e é o segundo piloto que fez o maior número de corridas até conseguir ganhar (foram 123 provas até ganhar o GP da Alemanha, em 2000). Podemos sempre alegar que Barrichello teve o azar de competir na mesma equipa de Michael Schumacher no auge da sua forma (de 2000 a 20005). Ficará para sempre na história o incidente do GP da Áustria de 2002: Barrichello liderava quando a Ferrari lhe ordenou que deixasse Schumacher passar à frente, para conseguir mais pontos. O alemão ainda deu o troféu a Rubens no pódio, mas de nada valeu. Barrichello teve de se contentar em viver sempre na sombra de Schumacher (e a história repetiu-se em 2009 com Button). 

Não estou a fazer isto pelo dinheiro”, diz Barrichello como argumento final. “Estou a fazer isto porque gosto mesmo.” Mas um dia terá de acabar. Será agora?

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