O GP do Brasil é sempre um lugar à parte. Não só por ser um dos clássicos da Formula 1, pelo histórico do país em termos de pilotos, mas agora, na sua posição no calendário, o que dá uma colocação decisiva para decidir títulos. E numa temporada de domínio da Mercedes, a coisas que mais interessava era saber se Nico Rosberg iria desistir, para que Lewis Hamilton fosse já coroado como o campeão de 2014 e inutilizar a corrida com os pontos a dobrar de Abu Dhabi.
Depois das ameaças de ontem, o dia de hoje estava bem mais agradável, com sol e algumas nuvens na hora da largada e as pessoas tinham a expectativa de uma corrida bem disputada, com duas paragens nas boxes devido aos pneus que a Pirelli tinha disponibilizado ao longo do fim de semana. Entretanto, na Sauber, Adrian Sutil tinha problemas de motor e iria largar das boxes, tendo a grelha reduzida para 17 carros.
E foi debaixo de sol que se deu a partida. Os Mercedes na frente, com Rosberg na frente de Hamilton seguido dos Williams, com os Red Bull a perderem lugares, especialmente Sebastian Vettel. Kimi Raikkonen também tinha perdido lugares a favor do Sauber de Esteban Gutierrez. Quem beneficiava de tudo isto era Jenson Button e Kevin Magnussen, os pilotos da McLaren.
Com o passar das voltas, os Red Bull estavam presos atrás do Ferrari de Fernando Alonso e via-se que eles estavam mais velozes do que o carro de Modena. No fundo do pelotão, Pastor Maldonado era o primeiro a parar para trocar os moles para os médios na volta cinco. A seguir, veio Felipe Massa, também para trocar de moles para médios, Na volta sete, Bottas, Button e Vettel mudaram de pneus, e na volta seguinte foi a vez de Nico Rosberg, e na nove, Hamilton.
No meio disto tudo, Felipe Massa teve uma punição por excesso de velocidade em cinco segundos e teria de os cumprir... nas boxes. Parecia que Massa tinha um magnetismo para o azar e para a asneira.
Com a primeira troca de pneus, não havia alterações na frente, mas Hamilton estava mais perto do que Rosberg na liderança. Mas foi apenas na volta 14 que Rosberg chegou à liderança, pois até então, a liderança era do Force India de Nico Hulkenberg, um dos poucos que não tinham parado pois tinham pneus médios. Atrás, os Williams demoravam mais tempo para chegar à frente. Apenas na volta 17 é que Massa passou Daniil Kvyat para ficar com o terceiro posto (Hulkenberg tinha entretanto parado nas boxes).
Com o passar das voltas, apercebia-se que a alta temperatura do asfalto - 55ºC na hora da corrida! - poderia causar um desgaste prematuro dos pneus. E alguns pilotos, como Lewis Hamilton, começavam a queixar-se desse desgaste, com bolhas nos seus pneus... médios! E em contraste, Romain Grosjean tinha chegado à volta 21 com o mesmo jogo de pneus. Parece que aquele carro era bom em alguma coisa... no final, o jogo aguentou 25 voltas, indo à boxe ao mesmo tempo do que... Sebastian Vettel, que iria pela segunda vez.
Massa também iria às boxes, onde teria de cumprir a penalização, que iria prejudicar as suas hipóteses de pódio. E com isto, inaugurava a segunda ronda de paragens na boxe. Na volta 27, era Nico Rosberg, seguido de Valtteri Bottas (que tinha problemas com o cinto de segurança) e Kevin Magnussen, e na volta seguinte, era a vez de Jenson Button... ao mesmo tempo que Lewis Hamilton se despistava. Pouco depois, ele foi às boxes para trocar de pneus, deixando Nico Rosberg mais sossegado.
Entretanto, Sergio Perez tinha ido às boxes e quis voltar à pista o mais depressa possivel. Resultado final? Tornou-se no segundo piloto a ser penalizado.
Com o final da segunda ronda de pneus, viu-se um Rosberg mais descontraído, a tentar poupar os pneus, com o inglês a esforçar-se para apanhar o seu companheiro de equipa. A diferença tinha diminuido para 5,5 segundos na volta 36, na mesma altura em que Kimi Raikkonen ia para as boxes, onde as coisas correram mal e atrasou-se. Quem beneficiou disso foi Felipe Massa, que chegou ao terceiro posto, apesar da penalização.
Apenas na volta 40 é que aconteceu o primeiro abandono na corrida, quando Daniel Ricciardo teve problemas com a suspensão frente-esquerda, por alguma junta que cedeu.
Na volta 42, houve mais um momento quente quando Nico Hulkenberg forçou a ultrapassagem a Valtteri Bottas, que acabou com o finlandês da Williams a saltar fora no S de Senna, e acabou a perder lugar para Kimi Raikkonen. Na volta seguinte, o finlandês foi para as boxes e parecia que as coisas iriam de mal a pior para ele... três voltas depois, Fernando Alonso passou Kavin Magnussen para ser o sexto classificado.
Na frente, a diferença de Rosberg para Hamilton estava na metade, por alturas da volta 50. Ambos estavam a dar o seu melhor, mas o interessante seria como é que os pneus estariam na parte final e quando trocariam, numa espécie de "poker dos pneus". Na mesma altura, Felipe Massa parava... no lugar errado. Foi na McLaren, mas isso não o fez perder muito tempo. Parece que os deuses estavam ao seu lado.
Na mesma altura, Hamilton parava nas boxes e saia atrás de Rosberg, mas bem mais perto do alemão. O inglês pressionava para o apanhar, e conseguiu chegar a menos de meio segundo na volta 53, e a partir dali, ambos andavam colados. Mas a ação acontecia na volta 62, quando Kimi Raikkonen, Sebastian Vettel e Jenson Button lugavam por posição. O finlandês perdeu dois lugares em meia volta, e o alemão quase ganhava dois lugares...
Mas as atenções centravam-se na luta pela liderança. Hamilton pressionava, num jogo de paciência que colocava os espectadores nervosos, enquanto que na volta 66 havia bandeiras amarelas por causa do Lotus parado de Romain Grosjean. Mas isso não incomodou os carros de Brackley, que estiveram na luta até ao último metro. E no final, Rosberg levou a melhor sobre Hamilton por meio segundo de diferença, E no lugar mais baixo do pódio - apesar dos erros - ficou Felipe Massa.
No pódio, o Brasil em modo "zueira never ends": a multidão a invadir a pista, com Nelson Piquet a fazer as entrevistas e a perguntar por Nicole Scherzinger a Lewis Hamilton, a multidão a cantar "Senna, Senna" e o Massa a dizer que "vou falar português porque tou de saco cheio de falar tanto inglês". E claro, a festa do champanhe em modo samba, porque não podemos esquecer que o anão todo-poderoso é mais um dos milhares de estrangeiros que têm a felicidade de dormir com uma brazuca.
No final, Lewis Hamilton lidera com 17 pontos de vantagem sobre Nico Rosberg, e a ele basta ficar no segundo lugar, atrás de Nico Rosberg, em Abu Dhabi, E na corrida dos pontos a dobrar, a expectativa é grande. Quer queiramos, quer não.
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