Há precisamente 45 anos, o mundo estava de olhos postos na cidade do México, para assistir à final do campeonato do mundo entre Itália e Brasil. Mas horas antes, tinha assistido ao GP da Holanda, no circuito de Zandvoort, onde Jochen Rindt venceu pela segunda vez na temporada, na primeira conquista do Lotus 72.
Mas a corrida ficou marcada pelo acidente mortal de Piers Courage, que perdeu o controle do seu De Tomaso, capotou e pegou fogo no impacto contra o guard-rail e um banco de areia, devido ao facto do seu chassis ser de magnésio. Sendo um material altamente combustível, demorou muito tempo para que os bombeiros pudessem apagar as chamas.
Alguns acreditam que Courage teve morte imediata quando uma das rodas foi arrancada no impacto e o atingiu na cabeça, e francamente, quero acreditar nisso, porque morrer queimado é uma morte horrivel.
Herdeiro de uma marca de cervejaria com o mesmo nome, a sua riqueza foi mais do que suficiente para que tentasse a sua sorte como piloto. Era veloz, mas impulsivo e por causa disso, a BRM não hesitou em o despedir em 1967, após o GP do Mónaco. A sua segunda chance foi com um velho amigo dele, da mesma idade, e com a obsessão de ser chefe de equipa: Frank Williams. Em 1969, adquiriu um Brabham BT26A e conseguiu dois pódios, dois segundos lugares no Mónaco e em Watkins Glen, que mostraram que ele tinha talento para ser vencedor, e quem sabe, ser campeão.
Foi por causa disso que Williams tentou a sua sorte com Alejandro De Tomaso para construir um chassis, com motor Cosworth. Lutavam para manter o chassis competitivo, o que não acontecia. Irónicamente, nos treinos da corrida holandesa, Courage teve o seu melhor desempenho do ano, com um nono lugar na grelha, e rodava entre os seis primeiros quando teve o seu acidente fatal. Tinha 28 anos.
Um dos grandes amigos de Courage era Jochen Rindt. O austríaco, se forem ver as imagens desse dia, tinha o rosto fechado por saber o que tinha sucedido ao seu amigo. E fala-se que foi nessa altura que ele começou a pensar sériamente em abandonar a competição - com o título de campeão - e montar a sua própria equipa, talvez na Formula 2. Rindt, da mesma idade que Courage - tinham um mês e pouco de diferença - já tinha consciência de que não tinha prazer em vencer quando via os seus amigos morrerem, e sabia que o próximo poderia ser ele.
Para piorar as coisas, o acidente tinha acontecido duas semanas depois de Bruce McLaren ter morrido num teste em Goodwood, e a pressão parecia ser cada vez mais suficante. Queria sair dali antes que fosse tarde demais. Como todos sabemos, não teve tempo.
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