segunda-feira, 30 de maio de 2016

Quatro pilotos que passagem pela Formula 1... e ganharam em Indianápolis

Alexander Rossi não foi o primeiro, e de certeza não será o último piloto a vencer em Indianápolis com passagens pela Formula 1. A categoria máxima do automobilismo foi sempre um magneto para atrair os melhores pilotos do mundo, mas as corridas na "Brickyard" sempre atraíram esses pilotos, e por vezes, a atração era suficientemente forte para que eles voassem para os Estados Unidos em detrimento do GP do Mónaco, quando ambos coincidiam no calendário. Durante muitos anos, as 500 Milhas de Indianápolis foi a prova mais rica do mundo, e em 1965, quando Jim Clark foi o vencedor, num Lotus 38, ele recebeu 166 mil dólares, uma soma considerável na época, quando os pilotos ganhavam em média, seis mil dólares por... temporada.

Mas Clark, Graham Hill (no ano seguinte), Mário Andretti (em 1969) e Rossi não foram os únicos pilotos com passagem pela Formula 1 e que venceram no "Brickyard". Já houve outros vencedores, alguns dos quais com passagens dramáticas por lá, mas outros com imenso prestigio também andaram por ali, e sem grande sucesso. Por hoje, recordo cinco dos que tiveram passagens em ambas as competições... e nem todos são americanos.


1 - Mark Donohue


Donohue foi um dos grandes pilotos do automobilismo americano no final dos anos 60 e inicio dos anos 70. Vencedor da Can-Am e da Trans-Am, foi um dos melhores na USAC, o campeonato de monopostos existente na altura. O primeiro grande piloto de Roger Penske, Donohue começou a correr no "Brickyard" em 1969, terminando a corrida na sétima posição e sengo o "rookie" do ano. No ano seguinte andou melhor, acabando no segundo lugar.

Contudo, a sua coroa de glória foi a temporada de 1972, quando a bordo de um McLaren-Offy, ele cruzou a meta no primeiro lugar, sendo o primeiro piloto a vencer ao serviço da Penske e com um chassis McLaren. Depois de vencer mais um título na Can-Am, vai para a Formula 1 em 1974, acompanhando Roger Penske, acabando por morrer num acidente no GP da Áustria de 1975.


2 - Danny Sullivan


Danny Sullivan foi um piloto que quis ter sucesso na Europa em vez de ser nos Estados Unidos. Nascido a 9 de março de 1950, teve vários empregos para sustentar o seu sonho - em deles foi o de taxista... em Nova Iorque - foi correr para a Europa aos 21 anos, antes de chegar à Formula 1 em 1983, ao serviço da Tyrrell, onde conseguiu como melhor resultado um quinto lugar... no GP do Mónaco.

Depois disto, Sullivan decidiu ir para a CART, e começou logo a ser um dos mais velozes do pelotão. Em 1985, participava pela segunda vez nas 500 Milhas de Indianápolis e tinha acabado de passar Mário Andretti, na volta 120, quando perdeu o controle do seu Penske, entre as curvas 1 e 2. Miraculosamente, não bateu no muro e voltou para a corrida, sem grandes estragos nos pneus. Sullivan depois foi atrás de Andretti e ficou de novo com a liderança, aguentando até à meta. Foi um "spin and win" (despiste e vitória) que o catapultou para a imortalidade.

Sullivan viria depois a vencer o campeonato em 1988 e continuou a ser competitivo até 1995, altura em que se retirou da competição. 


3 - Emerson Fittipaldi


Emerson dispensa apresentações. Duas vezes campeão do mundo de Formula 1, primeiro pela Lotus e depois pela McLaren, curiosamente, teve a sua primeira experiência em Indianápolis no final de 1974, pouco tempo depois de ter sido campeão do mundo, no McLaren que deu a vitória a Johnny Rutheford, naquele ano. Fittipaldi afirmou ter ficado "assustado" com a experiência, mas em 1984, dez anos depois, estava a andar nas ovais americanas e a mostrar o seu talento.

Em 1989, Fittipaldi corria pela Patrick Racing quando disputou as 500 Milhas de Indianápolis. Até então, a sua melhor participação tinha sido um segundo lugar na edição anterior, mas em 1989, a disputa foi com Al Unser Jr, um dos melhores pilotos de então. A corrida foi decidida na penúltima volta, quando Emerson tentou ultrapassá-lo, mas este acabou numa colisão entre os dois, prejudicando o americano. Ele tornou-se, então, no primeiro estrangeiro a vencer desde 1966, com Graham Hill, e o primeiro brasileiro a vencer por ali. 

No final daquele ano, Emerson tornou-se também no primeiro estrangeiro a vencer a CART, e tal como acontecera anos antes com a Formula 1, pavimentou o caminho de muitos mais brasileiros a chegar à categoria americana.  


4 - Jacques Villeneuve


O filho de Gilles Villeneuve começou a carreira na Europa, mas depois tentou a sua sorte na América, acabando por se estrear na CART em 1994, e em consequência, nas 500 Milhas, onde acabou na segunda posição, atrás de Al Unser Jr. Contudo, no ano seguinte, Villeneuve esteve melhor com o seu carro da Team Green, com o mítico número 27 usado pelo seu pai durante parte da sua carreira.

Na corrida, marcada pelo choque da não-qualificação dos Penske de Emerson Fittipaldi e do vencedor do ano anterior, Al Unser Jr, Villeneuve teve as suas polémicas, quando na volta 37, se envolveu com um incidente com o Pace Car, passando-o por duas vezes, desconhecendo que era o líder da corrida - ele queria reabastecer-se, pois tinha pouco combustível. A organização decidiu penalizá-lo em... duas voltas, mas naquele ano, caindo para a 27ª posição. Contudo, a corrida tinha sido muito atribulada, devido aos vários acidentes, e o canadiano conseguiu recuperar uma das voltas na 84ª passagem pela meta.

Na volta 124, quando o Pace Car voltou a entrar devido a um problema com o carro da André Ribeiro, Villeneuve já andava na volta do líder e recuperava lugares atrás de lugares e a onze voltas do fim, era segundo, atrás do seu compatriota Scott Goodyear. Contudo, o pace-car ia devagar, quando ia na curva 4 e, lembando-se da penalidade anterior, abrandou, enquanto que Goodyear ia de prego a fundo, passando pelo carro antes de este entrar nas boxes. Resultado: Goodyear foi penalizado em uma volta, e Villeneuve ganhou.

Tal como Fittipaldi, no final daquele ano, Villeneuve foi o campeão da CART e teve um teste na Williams, do qual foi mais do que suficiente para o convencer a correr na categoria máxima do automobilismo, pela porta grande. No final de 1997, ele seria campeão. 

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