Quantos não tiveram a ideia de ressuscitar uma velha marca mítica? Exemplos no automobilismo não faltaram, e em muitos casos, acabaram por ser um enorme fracasso. No inicio da década de 90, um empreendedor inglês decide reavivar uma marca com a ajuda da família que detêm os direitos, usa um velho motor, feito nos anos 60, e tenta a sua sorte no automobilismo, com as velhas cores, esperando atrair patrocinadores, mas tudo corre mal e a aventura termina após um ano e algumas corridas.
Esta é a história do BRM P351, a tentativa de reavivar uma velha marca, fundada por Raymond Mays e que participou na Formula 1 entre 1950 e 1977, mas que no inicio da década de 90 tentou a sua sorte na Endurance, sem grandes sucessos. A tentativa durou uma só temporada, e terminou, mas teve uma vida prolongada por mais algum tempo, com outro chassis, com outro nome.
Em 1990, John Mangoletsi, um empresário, chegou a um acordo com a família de Alfred Owen para reavivar a marca, construindo um chassis para o Mundial de Endurance. O BRM P351, com um chassis de fibra de carbono, era desenhado por Paul Brown, antigo engenheiro da alemã Zakspeed, teria um motor V12 aspirado, com base no Weslake que a Eagle tinha usado em 1967, 25 anos antes, e uma caixa de velocidades manual de seis velocidades, desenhado pela BRM. O chassis tinha sido desenhado pela firma de engenharia Courtaulds, e eles afirmavam que tinham conseguido retirar cerca de 626 cavalos do bloco Westlake, às 11.300 rotações por minuto, mas na realidade, este motor tinha-se demonstrado ser pouco competitivo e pouco fiável.
O carro estreou-se nos 1000 km de Silverstone de 1992, com uma dupla de pilotos constituída pelo sul-africano Wayne Taylor e pelo finlandês Harri Toivonen, irmão mais novo de Henri Toivonen. Problemas com a bateria do carro fizeram com que tivesse de largar da última posição, mas na volta de aquecimento, um problema na bomba de óleo fez com que nunca largasse das boxes.
Nas 24 Horas de Le Mans, a equipa inscreveu, para aleém de Taylor e Toivonen, o britânico Richard Jones. O carro teve problemas de transmissão ao longo do fim de semana, conseguindo apenas o 23º tempo em 29 carros, e na corrida, esta não durou muito em La Sarthe, pois após vinte voltas, tiveram de abandonar devido aos mesmos problemas de transmissão. Aliás, foram os primeiros a sair da corrida…
O carro fez mais uma aparição nos Estados Unidos, mais concretamente em Watkins Glen, para o campeonato IMSA. Com Taylor e Toivonen aos comandos, o carro não foi longe desta vez, parando ao fim de cinco voltas devido a problemas elétricos. Mas antes disso, o carro teve problemas nos controlos técnicos, por causa de uma entrada de ar que excedia as regras da competição. A solução foi feita logo no local, serrando a entrada de ar existente e construindo uma outra para ficar de acordo com as regras.
Contudo, por esta altura, o dinheiro acabava rapidamente e não apareciam patrocinadores para preencher o vazio, logo, era evidente que este projeto iria fracassar. Inscreveram-se para os 500 km de Donington Park, mas acabaram por não aparecer. No final do ano, acabaram por fechar as portas.
Contudo, o carro não iria ficar guardado no armazém por muito tempo. Quatro anos depois, outra pessoa iria comprar o chassis e modifica-lo bastante para que estivesse de acordo com os novos regulamentos e tentar a sua sorte no mundo da Endurance. Os resultados não foram melhores, mas isso fica para outro dia.
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