Há precisamente 25 anos, Milão, morria Maria Grazia "Lella" Lombardi. Dois dias antes, na África do Sul, uma compatriota sua, Giovana Amati, tentava - e não conseguia - qualificar-se para a corrida a bordo de uma Brabham no seu estertor final, depois de uma história gloriosa. Amati, tal como Lombardi, não partilhavam só o facto de serem italianas e terem corrido na Formula 1. A primeira foi a única que tinha pontuado num Grande Prémio, enquanto que a segunda foi a última que tentou a sua sorte num fim de semana de Grande Prémio, sendo despedida após a terceira corrida do ano, no Brasil, substituída pelo britânico Damon Hill.
Mas a carreira de Lombardi começou bem antes, quase vinte anos antes. Nascida a 30 de março de 1941 no Piemonte italiano, começou a conduzir a carrinha do seu pai, um talhante (açougueiro). Pouco depois, juntou o suficiente para correr na Formula 3 e depois a Formula 5000, num Eaglr-Chevrolet, e aos poucos, começou a ver que a chance da Formula 1 era bem possivel. A primeira chance teve-a durante o fim de semana do GP da Grã-Bretanha, em Brands Hatch, onde com o Brabham BT42 que este post ilustra, tentou a sua sorte, mas sem sucesso.
O numero no carro era forma criativa de publicidade: era a frequência em onda média da Radio Luxembourg, uma rádio muito ouvida na Grã-Bretanha e do qual os britânicos ouviam para contorar as estritas regras radiofónicas existentes um pouco por toda a Europa. E nos anos 60, a Radio Luxembourg era uma das infames "rádios piratas" que existiam um pouco por toda a Europa, alguns deles, com o a Radio Caroline, emitiam de... barcos ancorados no Mar do Norte.
Mas foi em 1975 que Lombardi teve o seu grande ano. Com o apoio dos cafés Lavazza, Lombardi aproveitou bem. Qualificava-se sempre do fundo do pelotão, mas quando o pelotão era dizimado, era das poucas sobreviventes, e foi por isso que estava no lugar certo, na hora certa quando a Formula 1 interrompeu o GP de Espanha na volta 29, após o acidente de Rolf Stommlen. Lombardi era a sexta classificada, a duas voltas do vencedor, mas mais do que suficiente para conseguir um ponto. Bom, na realidade... foi meio ponto.
E por pouco, não voltou a pontuar, no GP da Alemanha. Largando do penúltimo lugar da grelha, acabou a corrida no sétimo posto, ainda na volta do vencedor, e sobrevivendo aos 23 quilómetros do Nordschleife.
Depois da Formula 1, andou na Endurance, sendo 11º na edição de 1977 das 24 Hotas de Le Mans. Correu até meados da década de 80, e tentou ser diretora de equipa, até que um cancro a matou, aos 50 anos de idade. Hoje em dia, ainda é recordada pelos seus feitos de há quase uma geração.
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