quarta-feira, 24 de setembro de 2025

As imagens do dia





Há precisamente 35 anos, em Estoril, o GP de Portugal foi um de redenção para Nigel Mansell. E para Alex Caffi, não acabou muito bem. 

Não estava a ser um grande ano para Nigel Mansell, o seu segundo na Ferrari. Depois de uma grande corrida em Silverstone, que acabou em nada, o "brutânico" decidiu chocar tudo e todos quando anunciou a sua retirada da Formula 1 no final da temporada. Deixado de lado, e chateado com as politiquices de Alain Prost em Maranello - o francês falava italiano com os mecânico, algo do qual Mansell faltava - a ele ainda faltava mais uma coisa: vencer naquela temporada. 

Já afastado do título, ele não tinha muito a perder. E num duelo a três para a pole-position, ele levou a melhor, batendo Prost por 38 centésimos e o McLaren de Ayrton Senna por 44. Numa altura em que a diferença entre Prost e Senna era de 16 pontos, e ambos tinham feito uma inesperada reconciliação perante a imprensa mundial em Monza, ter Mansell pelo meio até era algo que poderia ajudar o francês a aproximar-se do brasileiro na luta pelo título.

Contudo, o britânico tinha outros planos. Queria ganhar e mostrar que, com um pouco mais de sorte e resistência, ele poderia estar no jogo. E ainda havia mais uma coisa: se ganhasse, igualaria Stirling Moss como o piloto inglês mais vitorioso, com 16 triunfos. E ainda por cima, a Ferrari trazia para a pista portuguesa uma grande novidade: um sistema de controlo de tração, o primeiro do seu género. Ambos os carros tinham, mas Mansell, depois de experimentar, decidiu desligar o seu, enquanto Prost deixou-o ligado.

Quando as luzes vermelhas se apagaram e surgiu a verde, Mansell acelerou... demais. Ele foi para a direita, tentando segurar o carro, e com isso apertou Prost contra a parede, deixando um buraco na sua esquerda, para que os McLaren passassem por aí, com Senna na frente de Berger. Prost era quinto, passado até pelo Benetton de Nelson Piquet. Grande controlo de tração, o do britânico... (contêm ironia).

Nas voltas seguintes, o brasileiro estava tranquilo, seguindo de Berger, enquanto Mansell era assediado pelo seu ex-companheiro na Williams na luta pelo terceiro lugar. Depois, o outro brasileiro perdeu algum fôlego, acabando por ser assediado por Prost, a luta pelo quarto lugar, antes de ser passado pelo francês.

Na frente, era um duelo a três, antes de Mansell ter feito mal a Curva 3,  sendo apanhado por Prost, que ficou com o terceiro posto. Depois, a meio da corrida, começaram as paragens para troca de pneus. Mansell foi o primeiro, depois Senna, na volta 28, depois Prost, e por fim, Berger, na 32, com Senna a ficar novamente com o comando, seguido por Mansell. 

Com o passar das voltas, ambos andaram um perto do outro, até que no inicio da 50ª passagem pela meta, o britânico foi para a frente, porque a Senna, o que importava era Prost, atrás dele, na terceira posição. Mansell seguiu em frente... mas duas voltas depois, quase causava uma catástrofe. Quando passava o Ligier de Philippe Alliot, na curva 2, ele toca no carro francês, que acaba no guard-rail. Ele não sofreu nada, e Alliot acabou ali a sua corrida, com o seu caro uma posição perigosa. 

Mas atrás, os McLaren não desistiam. Aliás, era um duelo a quatro, pois Prost espreitava. Ele conseguira passar Berger, mas na volta 59, na Curva do Tanque, o Arrows de Alex Caffi batera no Larrousse de Aguri Suzuki, com o italiano a ficar preso nos destroços do seu carro. Sem escapatória, a organização decidiu interromper a corrida na volta 61, a uma dezena de voltas da meta, declarando Mansell como o vencedor, na frente de Senna e Prost. Berger, Piquet e Nannini fechavam os restantes lugares pontuáveis.

Senna saía do Estoril com 18 pontos de vantagem, a três corridas do fim. Dali a uma semana seria Jerez, a menos de 500 quilómetros dali.

Sem comentários: