quarta-feira, 3 de novembro de 2010

GP Memória - Austrália 1985

Quinze dias depois da agitação causada pela passagem da Formula 1 pela Africa do Sul, todos estavam presentes no circuito urbano de Adelaide para participar no evento inaugural do GP da Austrália. Um circuito urbano, algo escorregadio, mas como o campeonato já tinha sido decidido por essa altura, o ambiente no qual todos os elementos foram recebidos dava um ambiente de festa ao "paddock".

No pelotão, as equipas francesas Ligier e Renault estavam de volta, depois de terem boicotado a prova sul-africana, a pedido do governo socialista de Francois Mitterand. Assim, Philippe Streiff estava de volta ao seu lugar na Ligier, depois de ter corrido em Kyalami pela Tyrrell, enquanto que na equipa britânica, o lugar voltava a ser ocupado pelo italiano Ivan Capelli.

Contudo, a prova australiana marcava o final de uma era. A Renault e a Alfa romeo, duas equipas de fábrica, decidiram que iriam abandonar a competição após aquela corrida. Para a equipa francesa em especial, que tinha aparecido na Formula 1 a meio da temporada de 1977 para mostrar ao mundo o seu motor Turbo, a sua saída tinha uma carga de frustração por não ter conseguido vencer nem o titulo de pilotos, nem o de construtores. Contudo, permaneceriam na Formula 1 como fornecedora de motores para três equipas: Lotus, Ligier e Tyrrell.

Para Niki Lauda, esta também seria a sua 171ª e última corrida da sua carreira. Estreando-se na já distante temporada de 1971, em Zeltweg, ao volante de um March, tinha regressado no inicio de 1982 depois de se ter ido embora pela primeira vez no final de 1979, depois de uma temporada frustrante na Brabham. Vencera o seu terceiro título mundial na McLaren e agora, aos 36 anos, era altura de ir embora, consciente do seu dever cumprido, para se dedicar à sua companhia aérea. No seu lugar iria Keke Rosberg, que por sua vez, teria o seu lugar ocupado pelo brasileiro Nelson Piquet.

Nos treinos, o melhor foi, uma vez mais, Ayrton Senna, no seu Lotus-Renault, tendo a seu lado o Williams-Honda de Nigel Mansell. Na segunda fila estava o segundo Williams de Keke Rosberg, com Alain Prost, o novo campeão do mundo, a conseguir o quarto tempo. Michele Alboreto, no seu Ferrari, era o quinto na grelha, seguido pelo Brabham-BMW de Marc Surer. O austriaco Gerhard Berger era o sétimo da grelha, seguido pelo Renault de Patrick Tambay, pelo segundo Brabham-BMW de Nelson Piquet e pelo segundo Lotus-Renault de Elio de Angelis, que estava de saída da equipa, e em principio rumaria para a Brabham. Niki Lauda, no seu último grande premio, era 16º na grelha enquanto que outro campeão do mundo, Alan Jones, partiria da 19ª posição.

No dia 3 de Novembro de 1985 estava sol e calor em Adeleide, um verdadeiro dia de Verão austral antecipado. Perante um autódromo cheio de pessoas para ver os pilotos de Formula 1 bem como Alan Jones, o seu herói local, enquanto que a grelha de partida se preparava para as 82 voltas mecessárias para completar o circuito de 3780 metros no centro daquela cidade australiana. Antes de partir, Elio de Angelis falha o seu lugar na grelha por ter-se atrasado a partir, mas coloca-se no seu lugar original, algo não permitidos pelos comissários, que depois o desclassificam.

Mas quando a luz verde se acende, todos partem para a corrida, com Senna a ser surpreendido pelo Williams de Nigel Mansell. Trancado entre ele e Rosberg, Senna tenta passá-lo três curvas depois, mas trava demasiado tarde e empurra Mansell para a berma, ambos sendo ultrapassados por Rosberg. O carro do britânico fica danificado e retira-se no final da primeira volta.

Com o avançar das voltas, Rosberg e Senna isolam-se do resto do pelotão, começando a batalhar pela liderança, enquanto que o calor faz degradar os pneus mais rapidamente do que o esperado. Os pilotos da frente pararam para trocar de pneus, mas no final, a batalha continuava entre Rosberg e Senna, enquanto que lá atrás, Prost, Alboreto e Surer batiam-se pelo terceiro posto. O primeiro a desistir foi Prost, na volta 26, com um motor rebentado, e o suiço ficou com o lugar mais baixo do pódio.

A meio da corrida, quando Rosberg parou para meter pneus novos, travou em cima de Senna, e este partiu a asa da frente. Tentou manter-se na pista por duas voltas sem ela, mas andava mais de lado do que na frente e teve de parar para meter um novo apêndice, caindo para o terceiro lugar, atrás de Lauda, que subira lentamente na classificação e herdando o segundo lugar quando Surar se despistou, na volta 42, e deixou calar o motor. Mais tarde, Rosberg parou uma terceira vez, mas as coisas correram mal e quando voltou à pista, era terceiro, atrás de Senna, que passara o veterano piloto austriaco.

Na volta 58, os travões do carro de Lauda falham e ele bate no muro, acabando de modo inglório a sua carreira na Formula 1, e Rosberg sobe para o segundo lugar e vai atrás do jovem brasileiro. Mas quatro voltas depois, na 62, o carro de Senna acaba com o seu motor Renault rebentado, e o finlandês herda a liderança para levar o carro até ao fim, não sem antes parar para trocar de pneus mais uma vez.

Atrás dele estava o Ligier de Jacques Laffite, que na sabedoria dos seus 42 anos, decidiu levar o seu carro até ao fim do que atacar a liderança do Williams. Atrás dele estava o seu companhaeiro Streiff, que vinha a aproximar-se do seu companheiro de equipa. Na volta 81, contudo, o incrivel acontece: no final da recta Brabham, ambos os Ligier colidem! Laffite continuou sem problemas, enquanto que Streiff ficou com a suspensão frente esquerda danificada, mas levou o seu carro até à meta, onde a cortou na terceira posição.

No final, Rosberg vencia na sua última corrida ao serviço da Williams, a equipa que lhe deu o seu unico título mundial, com os dois pilotos da Ligier no pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Tyrrell de Ivan Capelli, que conseguia os seus primeiros pontos da sua carreira, o Ferrari de Stefan Johansson e o Arrows de Gerhard Berger. E assim terminava a temporada de 1985, a primeira onde os franceses concretizavam o seu velho sonho de ter um dos seus pilotos com o título mundial.

Fontes:

1 comentário:

Anónimo disse...

Na 1ª fase do campeonato de Fórmula 1 de 1985 (da 1ª até a 8ª prova), a Williams marcou 23 pontos e o 4º lugar até então, mas na 2ª fase de 1985 (da 9ª até a 16ª prova), a Williams "deu um enorme salto" marcando 48 pontos (71 no total) e ficou em 2º (3º na classificação geral), atrás apenas da McLaren (1º) com 52 pontos (campeã daquela temporada com 90 pontos).
Não foi à toa que Nelson Piquet fez o certo deixando a Brabham para assinar com a Williams em 1986.
O motor Honda era o grande "recurso poderoso" no time do senhor Frank. Os japoneses conseguiram fazer um motor com potencial fantástico e deixou a concorrência preocupada na temporada terminada (1985).