Quatro corridas, três vitórias para Sebastian Vettel. Parece que as coisas para esta época vão a caminho do dominio para a Red Bull. E para Vettel, o ano a seguir à conquista do campeonato do mundo está a ser mais fácil do que o normal. Se conseguir o bicampeonato consecutivo, como tudo indica que vai acontecer, está a caminho de pertencer a uma estrita elite: Alberto Ascari (1952-53), Juan Manuel Fangio (1954-55), Jack Brabham (1959-60), Alain Prost (1985-86), Ayrton Senna (1990-91), Michael Schumacher (1994-95, 2000-01), Mika Hakkinen (1998-99) e Fernando Alonso (2005-06) foram os unicos que conseguiram títulos em anos consecutivos. E claro, Fangio e Schumi conseguiram-no mais vezes: quatro de seguida para o argentino (1954-55-56-57), cinco de seguida para o alemão (2000-01-02-03-04).
E é sobre Michael Schumacher que quero falar nesta semana. Criaram-se grandes expectativas quando se anunciou o seu regresso à Formula 1 no inicio de 2010, muitos até acreditavam que mesmo com 41 anos, nada estaria mudado: que voltaria a vencer e até a ser campeão do mundo, tal como tinha acontecido a Niki Lauda em 1984. Aparentemente, após 23 corridas, vemos que assim não está a acontecer.
Pessoalmente, nunca tive grandes expectativas neste regresso. Sabia que ele era um bom piloto mas que já passara dos quarenta e tinha estado parado durante três anos. Até poderia ter um bom carro entre mãos, mas mesmo assim teria de ultrapassar um obstáculo chamado Nico Rosberg. Muitos estavam confiantes de que ele iria esmagar o filho de Keke Rosberg, como fizera a tantos outros companheiros de equipa. Afinal de contas, foi o contrário: em 23 corridas, só em quatro ocasiões é que Schumacher foi superior. E durante este periodo, Rosberg conseguiu três pódios, enquanto que o melhor que Schumacher conseguiu foi um quarto lugar na Coreia do Sul, numa corrida debaixo de chuva intensa.
Está a ser uma época dificil, e agora neste domingo, em Istambul, desabafou. Já tinha avisado uns dias antes que não tenciona prolongar a carreira para além de 2012, mas agora Michael Schumacher deve estar a perguntar a si mesmo se terá valido a pena este regresso. É que vê-lo no pelotão do meio, a batalhar pelo décimo posto, não é aquilo que a grande maioria dos adeptos queria ver dele, não é?
Alguns dos ex-pilotos com quem correu nos anos 90, como Johnny Herbert e David Coulthard começam a perguntar se não seria bom se ele pensasse em voltar a pendurar o capacete, pois para eles, este regresso é mais parecido com o de Alan Jones ou de Nigel Mansell do que o de Niki Lauda. E claro, o seu capital acumulado ao longo dos anos desperdiçado dessa maneira. É certo que alguns poderão dizer que o atual pelotão tem excelentes talentos: Vettel, Hamilton, Alonso, Button, Rosberg, Kobayashi, Di Resta, Hulkenberg... mas todos eles tem idade para serem os filhos de Schumacher, logo, mais frescos do que o alemão. E mesmo na sua Alemanha natal, eles tem mais olho no piloto da Red Bull do que em ele mesmo.
Resta saber se o seu regresso foi um erro. Se calhar sim. Mas ao menos não se pode dizer que não virou costas ao desafio. Teve uma proposta e aceitou-a. Fala-se dos motivos pelo qual aceitou tal coisa (chegou-se a falar que ele tinha tido um negócio falhado na área da imobiliária no Dubai), mas agora nota-se que o piloto alemão está a refletir sobre o que está a ser este inicio de temporada para ele. Batido repetidamente pelo seu companheiro de equipa, mesmo com uma Mercedes que parece recuperar do lapso inicial, começo a temer que, mesmo com a renovada confiança da equipa de Estugarda no seu piloto, se retire ainda antes do final do ano, derrotado pelo tempo...
Veremos as próximas corridas, mas pessoalmente não espero um milagre.
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