Assisti à corrida de Istambul no meu PC, vendo as transmissões da BBC, comentados pelo Martin Brundle e David Coulthard, dois ex-pilotos que sabem do que falam. E na marte final da corrida, ambos falavam de uma coisa impressionante mais impressionante: nesta corrida ao sol houve... 73 paragens nas boxes. A última vez que houve tal coisa foi no GP da Europa de 1993, que foi decorrida num tempo muito instável.
Em suma, temos de dar os parabéns aos senhores da FIA que resolveram colocar a asa móvel nas traseiras dos seus carros, e à Pirelli por fazer pneus que me fazem lembrar os pneus de qualificação: ultra rápidos, mas que só duram uma volta lançada. Estes duram, felizmente, um pouco mais, mas para o espectáculo, está otimo. E conseguiu fazer quatro paragens sem problemas, foi feliz.
E também os mais felizes dessa tarde turca foram os Red Bull. Sebastien Vettel não foi muito incomodado na corrida, apesar das ameaças e ataques de Lewis Hamilton, que demasiado "afobado" em algumas ocasiões, perdeu uma boa oportunidade para acabar no pódio. E Fernando Alonso poderá ter sorrido numa altura da corrida quando conseguiu usar a asa traseira móvel para apanhar e ultrapassar Mark Webber e intrometer-se entre os energéticos. O chato é que o australiano respondeu na mesma moeda e lá recuperou o segundo posto, a seis voltas do final.
Isso foi o melhor de Webber, que não andou lá muito bem. Primeiro, uma má largada, que fez com que fosse superado pelo Mercedes de Nico Rosberg e depois a tal ultrapassagem feita pelo Ferrari do "Principe das Asturias". Mais atrás, Rosberg tentou fazer uma corrida na frente mas aos poucos, perdia posições com as paragens, primeiro para Hamilton e depois para Button. Depois recuperou para o britânico, campeão em 2009, e demonstrou que o carro que conduz pode ter melhorado, mas aida tem com que fazer para chegar-se mais à frente e desafiar McLaren e Ferrari, quanto mais uma Red Bull quase inalcançável.
Quem esteve muito bem foi Kamui Kobayashi. Partindo de último da grelha, sem marcar tempo - mas não afetado pela regra dos 107 por cento -, fez apenas três paragens e, aliado ao seu estilo "samurai" de condução, ultrapassou os seus mais diretos adversários para conseguir chegar ao décimo posto do campeonato, o último lugar pontuável. Lugar que poderia ter sido de Felipe Massa, se os seus mecânicos tivessem sido mais rápidos no momento da troca de pneus. Foi vitima dessas más paragens e não só não conseguiu bater Fernando Alonso, como foi superado por pilotos que ficaram na sua frente como os Renault de Nick Heidfeld e Vitaly Petrov, ou Sebastien Buemi, que foram sétimo, oitavo e nono na classificação geral.
Para finalizar, algo que deve ser dito aqui: só houve dois abandonos. Este fato demonstra o que é a Formula 1 atual. Os carros são fiáveis, os despistes são prontamente corrigidos. "Pelotões dizimados" estão-se a tornar numa coisa do passado e cada vez mais se justifica que o sistema de pontos se tenha alargado do sexto até ao décimo posto, como temos agora. Porque salvo uma catástrofe, quase todos os carros acabam a corrida.
E assim foi Istambul, na Turquia. Eventualmente, poderemos ter visto pela última vez este tilkódromo, famoso pela sua Curva oito. As autoridades turcas por fim decidiram que não iam pagar as comissões do chulo... oops, de Bernie Ecclestone, e provavelmente, ele procurará outras paragens e outros totós... perdão, interessados em receber a Formula 1. No ano que vêm terá os Estados Unidos no calendário, mas e depois, quando se sabe que outros lugares, como Valencia e Barcelona, não estão dispostos a pagar as comissões do anãozinho?
Até lá, teremos Barcelona em duas semanas. Normalmente é a corrida mais chata do ano, mas começo a ter altas expectativas. Como é que será com todos estes gadjets nos carros? E ainda por cima, em caso de chuva, ainda teremos mais emoção em cima disto?
Sem comentários:
Enviar um comentário