segunda-feira, 2 de maio de 2011

GP Memória - Espanha 1976

Um mês depois da Formula 1 ter corrido pela última vez em Long Beach, na Costa Oeste americana, esta estava por fim na Europa, mais concretamente em Jarama, onde iria correr o GP de Espanha, quarta prova da temporada de 1976. E nesse mês, as coisas no paddock modificaram-se bastante, a começar pelas estruturas dos próprios carros: as entradas de ar superiores foram abolidas e todos os carros tiveram de ser modificados.

Mas no meio dos carros com esses novos desenhos, surgiu um totalmente diferente: o Tyrrell P34, um carro com seis rodas, que fazia aqui a sua estreia. Já se sabia da sua existência desde o final do ano anterior, mas só ali é que iria fazer a sua entrada competitiva, às mãos de Patrick Depailler. Era um carro surpreendente, do qual todos estavam atentos, entre o espantado e o intrigado. Outra marca estreava os seu carro em Jarama era a Ensign, que via um dos seus antigos chassis a alinhar... sob outra designação. A holandesa Boro tinha surgido devido a uma disputa legal entre uma empresa holandesa HB Bewaking e a Ensign, que acabou com o chassis apreendido. Assim, pediu a dois irmãos, Bob e Roy Hoogenboom (daí o Boro do nome) para que modificassem o chassis para permancecer mais atual. O chassis iria ser guiado pelo australiano Larry Perkins.

Fora das alterações de chassis, havia novas entradas e modificações nas equipas. Aqui aparecia a RAM, de John McDonald, que tinha adquirido chassis Brabham BT44, que alugava a pilotos que queriam uma chance na Formula 1. Em Jarama, McDonald ia ceder dois desses chassis ao local Emilio de Villiota e ao suiço Loris Kessel, que se estreavam na categoria máxima do automobilismo. Na Lotus, Colin Chapman livrara-se de Bob Evans e contratara Mário Andretti, que tinha ficado sem lugar com a retirada de cena da Parnelli. E na Williams, um terceiro carro era disponiblizado para outro piloto local, Emilio Zapico.

O GP de Espanha tinha trinta pilotos inscritos, mas apenas 24 deles é que poderiam correr. Na qualificação, James Hunt foi o melhor, seguido por Niki Lauda, com o Tyrrell de Patrick Depailler no terceiro posto. O segundo McLaren de Jochen Mass era o quarto, enquanto que o segundo Ferrari de Clay Regazzoni e o March de Vittorio Brambilla ficavam com a terceira fila. Na quarta estavam o Lotus de Gunnar Nilsson e o Ligier-Matra de Jacques Lafitte, enquanto que a fechar o "top ten" estavam o segundo Lotus de Mario Andretti e o Ensign de Chris Amon.

Como seria de esperar, haveriam cinco carros que não participariam na corrida: o Williams de Zapico, os RAM-Brabham de De Villiota e Kessel, o Surtees do americano Brett Lunger e o segundo Copersucar-Fittipaldi do brasileiro Ingo Hoffman.

No final de semana da corrida, havia jornalistas, fotógrafos e reportéres de imagem a circular no "paddock", mas na Brabham havia um pouco mais do que isso: uma equipa de filmagens fazia planos de José Carlos Pace, enquanto que no paddock, o ator Al Pacino assistia à cena. O piloto brasileiro era o duplo para um filme de corridas chamado 'Bobby Deerfield', que estava a ser realizado por Sidney Pollack. Só iria estrear dali a um ano e não iria ser bem recebido nem pelos espectadores, nem pela critica.

Quando a bandeira verde foi dada, Hunt fora surpreendido por Lauda, com Brambilla a pular para o terceiro posto, passando Depailler e Mass. Mas isso foi de curta duração, pois foi ultrapassado pelos mesmos Depailler e Mass, bem como o Ligier de Laffite, antes da sua corrida acabar na volta 21 com problemas de suspensão. Quatro voltas depois, Depailler despista-se devido a problemas de travões.

Na frente, Lauda tentava resistir ao assédio de James Hunt, mas na volta 32, o britânico acabou por o ultrapassar. Duas voltas depois, Jochen Mass também o ultrapassou e ambos começaram a distanciar-se do piloto da Ferrari. Tudo indicava que iria acontecer uma dobradinha, mas na volta 66, o motor de Mass explode e Lauda recupar o segundo lugar.

E foi assim que acabaram a corrida, com Hunt a conseguir a primeira vitória do ano, com Lauda na segunda posição. Gunnar Nilsson dava à Lotus o seu primeiro pódio em um ano, enquanto que nos lugares a seguir ficavam o Brabham-Alfa-Romeo de Carlos Reutemann, o Ensign de Chris Amon e o segundo Brabham-Alfa Romeo de Bobby Deer... err, José Carlos Pace. Mas a seguir explode a polémica: os comissário de pista espanhois consideram que o carro de James Hunt estava fora do regulamento devido a um infrigimento na largura do chassis. A equipa justificou com a temperatura dos pneus, mas os comissários decidiram desclassificá-lo e dar a vitória a Lauda. Teddy Mayer, o seu diretor, decidiu apelar, mas este só foi ouvido dois meses depois, em Julho, dando razão à equipa inglesa.

Fontes:

Sem comentários: