quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A polémica contratação de Gilles Simon e o homem por trás de um construtor... virtual

As reais intenções da - por agora virtual - fabricante de motores P.U.R.E parecem que começam a ser reveladas. A companhai francesa, que tem como face visivel Craig Pollock, parece ter o apoio mais ou menos velado de Jean Todt, o patrão da FIA, e com o apoio de uma das marcas com quem trabalhou, a Peugeot. Mas o assunto que gerou incómodo nas restantes quatro fabricantes de motores - Cosworth, Ferrari, Renault e Mercedes - foi a contratação dessa equipa de Gilles Simon, ex-membro da FIA e que já trabalhou para a Ferrari e a Renault.

As marcas de motores temem que esta contratação não seja mais do que uma forma de concorrência desleal, apesar de a equipa só ter esses motores prontos em 2014, data da validade dos novos regulamentos 1.6 Turbo, com motor V6. Eis a matéria escrita por Luis Vasconcelos no Autosport desta semana.


POLÉMICA COM GILLES SIMON

A P.U.R.E, empresa criada por Craig Pollock com o objetivo de construir motores para 2014, anunciou na semana passada ter contratado Gilles Simon como seu diretor técnico. Uma decisão que apanhou toda a gente de surpresa, pois o francês esteve até há muito pouco tempo ao serviço da FIA, depois de duas décadas ao serviço da Peugeot, primeiro, e da Ferrari.

Para os quatro construtores, este regresso de Simon ao ativo é inaceitável, porque ao serviço da FIA ficou a conhecer todos os detalhes dos seus motores. Como disse Rob White, responsável pelos motores da Renault, 'do ponto de vista pessoal e profissional, sempre tive uma boa relação com o Gilles Simon, mas nos últimos 18 meses, teve acesso ilimitado aos dados do nosso motor e, acredito, também a todos os motores de F1'".

Anos depois de Charlie Whitting ter sido forçado a recusar uma oferta da Renault para se juntar ao seu departamento técnico, a contratação de Simon por um construtor que, para já, é apenas virtual, promete dar que falar e abrir mais uma brecha entre Todt e as equipas, pois o presidente da FIA é quem está por trás da criação da P.U.R.E, que serve como pressão junto dos quatro construtores atuais, para que aceitem os novos regulamentos."

O que acho engraçado nesta polémica com a contratação de elementos de uma comissão técnica da FIA sem que passasse aquele "período de nojo", ou seja, um tempo sem trabalhar para outros, e vendo que Jean Todt está no meio desta polémica, é uma forma de dizer que aos poucos, entramos na tempestade. Nos últimos dias estamos a ver a eclosão de outras polémicas - calendários, aumento dos custos, etc - e cada uma das partes anda zangada com a outra. A FOTA com a FOM, por causa dos dinheiros e com a FIA por causa dos regulamentos, a FIA por causa dos contratos leoninos feitos por Ecclestone no tempo de Max Mosley que quer desfazer, e um novo Acordo da Concórdia que tem de ser negociado em 2012, o mais tardar, e que a FOTA quer sair dali vencedora.

Com isso tudo e mais estas questões laterais que aparecem semana sim, semana não, cada vez mais me convenço que a temporada de 2012 será mais focada nos bastidores do que na pista. A minha dúvida é saber se será tão mau ou pior do que 2009.

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