sábado, 26 de abril de 2008

GP Memória - San Marino 1993

Quinze dias depois da grande performance de Ayrton Senna no GP da Europa, no chuvoso Donington Park, o pelotão da Formula 1 estava no circuito de Imola para a quarta prova do Mundial, que ocorria na pista italiana. No fim e ao cabo, foi uma espécie de "regresso ao normal", depois de duas provas atípicas, onde a chuva fez a sua presença, e onde o brasileiro deu o melhor de si para alcançar duas vitórias improváveis.

Mas até sexta-feira de manhã, a presença de Ayrton Senna, o então lider do Mundial, esteve em dúvida. Primeiro que tudo, decidira assinar um contrato até ao final da época, com um cachet milionário: 16 milhões de dólares. Ron Dennis não queria assiná-lo por esses valores, pois achava que isso comprometeria o desenvolvimento do McLaren MP4/8, mais concretamente a suspensão activa. Para melhorar as coisas, a Ford fazia questão de dar os melhores motores à Benetton (na altura a série VII), quando estes tinham marcado apenas seis pontos, contra os 26 de Senna, somente. Ora, o brasileiro queria exactamente esses motores para a McLaren (dita por outras palavras, para ele), logo sem isso, nada feito.

Após muita tensão, lá chegaram a um acordo, e Senna embarcou para a Europa, e depois de algumas viagens, chegou a Imola a cinco minutos dos treinos livres da manhã. Foram uns treinos complicados, mas Senna marcou o quarto tempo, atrás dos dois Williams de Alain Prost e Damon Hill, e o Benetton de Michael Schumacher. Logo atrás, na terceira fila, veio o Sauber de Karl Wendlinger, o McLaren de Michael Andretti. Gerhard Berger e Jean Alesi foram oitavo e nono classificado na grelha de partida, respectivamente. Quem não se qualificou para esta corrida foi o Lola-Ferrari do veterano Michele Alboreto.

Momentos antes da partida, uma bátega de água caiu sobre o circuito de Imola, fazendo com que o pelotão metesse pneus de chuva. Na partida, Prost larga mal, e é superado por Damon Hill e Ayrton Senna. Alguns metros depois, o Ligier-Renault de Mark Blundell despista-se a alta velocidade na Tosa, e abandona no local. Nas sete voltas seguintes, Prost pressiona Senna, e pouco tempo depois, consegue ultrapassá-lo. Logo a seguir, Senna vai para as boxes, no sentido de trocar para "slicks". Prost segue-o, e Hill vem mais tarde. Nestas trocas, quem fica pelo caminho é Berger, com a trnsmissão quebrada no momento da saída das boxes.


Entretanto, com as trocas, os três pilotos rodam juntos, com Hill em primeiro, seguido de Senna e Prost. Na zona da Tosa, os três apanham trânsito de pilotos atrasados, e Prost, numa manobra espectacular, ultrapassa os dois primeiros! Nem parecia um piloto com fama de cauteloso... A corrida prossegue assim até à volta 21, altura em que Hill sofre problemas de travões e fica na gravilha na Curva Tosa.


Mais atrás, o Sauber de Karl Wendlinger e o McLaren de Michael Andretti lutam pelo quarto lugar, já que o terceiro, o alemão Michael Schumacher, já se encontra muito longe para os alcançar. Na volta 32, Andretti consegue ultrapassar o austriaco, mas este responde e recupera a posição. Umas curvas mais adiante, na Variante Alta, o americana trava tarde, a para evitar novo embate no Sauber do austriaco, e perde o controlo do seu carro, acabando ali a sua corrida.

Na volta 43, Senna termina abruptamente a sua corrida na Curva Villeneuve, devido a uma falha na suspensão activa. Assim sendo, Schumacher era agora segundo, e o Ligier-Renault de Martin Brundle era o terceiro. Alesi tinha desistido (embreagem) e o motor de Karl Wendlinger tinha cedido, na volta 48, quando seguia na quarta posição. Quem herdou foi o seu companmheiro, o finlandês J.J. Letho.

Contudo, a sua posição era ameaçada pelos Lotus de Alex Zanardi e de Johnny Herbert. Na volta 55, Zanardi tenta pressioná-lo na Variante Bassa, perto da meta, quando perde o controlo do seu carro e bate no muro de protecção, danificando a suspensão. Mas ele desconhece isso, e faz uma manobra "à Villeneuve": com o motor a arder, só para na Tambuerllo, quando o pneu sai do seu lugar, e fica em três rodas. Duas voltas mais tarde, o seu companheiro Herbert fica sem motor.

E assim, Alain Prost caminha sozinho para a meta, conseguindo dez preciosos pontos e igualando Senna no numero de vitórias naquela temporada. O campeonato ficava assim mais equilibrado, e todos sabiam que a partir dali, iria ser a caminhada imparável rumo ao quarto título. Com Schumacher e Brundle a acompanhá-lo no pódio, Letho no quarto lugar (apesar do motor rebentar na última volta), nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Larrousse de Phillipe Alliot (o seu melhor resultado na Formula 1) e o Minardi de Fabrizio Barbazza.

Fontes:
Santos, Francisco: Formula 1, Anuário 1993/94, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1993

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem assistiu a prova pela televisão viu a Williams de Hill indo aos boxes colocar pneus para pista seca e retornando ao circuito ainda na primeira posição e seguido por Senna (2º) e Prost (3º) (ambos já tinham trocado). A briga deles estava sensacional e quando Prost vinha se preparando para ultrapassar Senna no início da subida da "Tosa", a imagem é cortada mostrando a Ferrari de Alesi indo aos boxes colocar pneus para pista seca também. Com a troca feita no carro do francês, é voltado a cena com os três pilotos na grande disputa descendo a "Piratella". Segundos depois, a câmera mostra uma Williams (1º) e McLaren (2º) descendo e fazendo a curva "Rivazza" e um pouco atrás a outra Williams (3º) também desce, é feita uma aproximação de imagem desse carro contornando a curva e percebe-se que não era Prost, e sim Hill. Quando houve o corte de imagem, é que Prost tinha ultrapassado Senna e Hill também. Durante o decorrer da prova não foi mostrado numa cena de recuperação como Prost ultrapassou Senna e Hill. Num arquivo de revisão da temporada de 1993 é mostrado na câmera onboard na McLaren de Senna como o piloto brasileiro foi superado pelo francês da Williams.

Notas:

- Philippe Alliot foi 5º e marcou 2 pontos e Fabizzio Barbazza foi 6º e marcou 1 ponto. Ambos pontuaram pela última vez na temporada e carreira na Fórmula 1 e
- a Larrousse pontuou pela primeira vez na temporada com os dois pontos de Alliot.