No calendário, o dia um de Agosto de 1980 calhava numa sexta-feira. A Alfa Romeo tinha reservado o circuito para testes privados no sentido de se preparar para a corrida alemã, e Patrick Depailler tinha vindo de automóvel, directo de Paris. Pelas oito da manhã, chegara ao circuito e fora experimentar o carro ao longo da manhã.
O dia estava ameno e sem vento. Pelas 11 horas e 20 minutos, depois de algum tempo a arranjar pequenos problemas no carro, Depailler salta para o carro para dar uma série de voltas rápidas ao circuito para testá-lo. Após uma volta de aquecimento, passou para uma série de voltas. Pelas 11 e 35, Depailler aproximava.se da Ostkurwe quando de repente segue em frente e bate em cheio nos rails de protecção. Um impacto a 270 km/hora que desfaz o carro, que se arrasta por cerca de 50 metros até que para completamente, com Depailler lá dentro.
Em menos de dois minutos chegam os socorros, que o retiram dos destroços. Estava inconsciente, o seu capacete estava partido em dois e tinha uma fratura craneo-encefálica, as pernas partidas, e severas feridas internas, que o tinham colocado em estado de choque. Estava já em coma quando o levaram de helicóptero para o Hospital Universitário de Heidelberg. Quando lá chegou, pelas 12 horas e 10 minutos, tinha entrado em paragem cardio-respiratória. Os médicos tentaram recuperar os sinais vitais, mas pelas 13 horas, Patrick Depailler estava morto. Faltavam nove dias para chegar aos 36 anos.
O seu funeral decorreu a 7 de Agosto, uma quinta-feira, em Clermont-Ferrand, perante duas mil pessoas e imensos dos seus amigos do automobilismo. Jody Scheckter, Emerson Fittipaldi, Ken Tyrrell, Gilles Villeneuve, Jacques Laffite, Jean-Pierre Jabouille, entre outros, lá estiveram para lhe fazerem as homenagens. O seu corpo ficou numa tumba familiar em Crevaint Lavaine, nos arredores de Clermont-Ferrand.
As duas corridas após o seu acidente fatal, na Alemanha e na Austria, foram ganhas por dois dos seus amigos da Formula 1: Jacques Laffite, no seu Ligier, e Jean-Pierre Jabouille, no seu Renault. Ambos aproveitaram a ocasião para homenagear o amigo que tinham perdido dias antes, e também por essa altura, a Alfa Romeo conseguira voltar aos pontos, graças ao quinto lugar de Bruno Giacomelli.
Após o acidente, tentou-se apurar as suas causas, mas a Alfa Romeo nunca admitiu que a culpa era dela, e tentou atirá-las para o próprio Depailler, afirmando que tinha tido um problema fisico, chegando até a sugerir que ele tinha cometido suicídio, algo que foi muito mal interpretado pelos seus familiares e amigos no meio. A marca de Varese nunca fez uma investigação aos destroços, para saber se tinha acontecido alguma quebra no carro, ou se fez, guardou-a para si.
Mas havia muitos elementos que apontam para uma falha no carro. A começar, os despistes a alta velocidade que teve em Paul Ricard e Brands Hatch, que poderiam indicar um defeito a nível da suspensão, direcção ou nas saias. E na própria Ostkurwe, havia elementos no solo que indiciavam essa hipótese de quebra no carro. As autoridades locais fizeram a sua investigação, mas os resultados foram mantidos em segredo durante 25 anos.
Outro elemento que foi colocado no ar era que as redes de protecção estariam enroladas naquela curva em particular, e que isso poderiam lhe ter salvo a vida. Isto foi dito porque tinham sido vistas várias redes ao pé dos destroços do Alfa Romeo, mas na realidade, eram sobras de redes que tinham sido colocadas nas extremos da Ostkurwe, e os proprietários do circuito nunca tinham colocado estruturas semelhantes no meio dela, que foi o local do despiste fatal.
No final, esta foi a curta vida de um homem que, nunca tendo tido uma grande carreira em termos de vitórias e títulos, teve uma vida cheia e viveu nela a cada dia e a cada minuto. Uma pessoa que adorava a liberdade, a adrenalina e os grandes espaços, de preferência em comunhão com a natureza.
Fontes:
http://www.patrickdepailler.com
http://www.racing-database.com/PDBio.htm
http://www.grandprix.com/gpe/drv-deppat.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Patrick_Depailler
http://www.forix.com/8w/depailler.html
http://formula-1.suite101.com/article.cfm/patrick_depailler
http://jcspeedway.blogspot.com/2009/08/patrick.html
2 comentários:
Acompanhei, dia a dia, as postagens com a biografia do grande Patrick Depailler.
Sou fã dele e, claro, não me esqueci de que hoje completam-se 30 anos do seu acidente fatal.
Depailler não foi campeão do mundo de F1, mas deixou seu nome marcado na história do automobilismo. Suas duas vitórias (Mônaco/1978 e Espanha/1979) valem mais que dezenas de vitórias desses medíocres pilotos da atualidade. A F1 acabou, na minha opinião, no início dos anos 1990. E Depailler fez parte da "Era de Ouro" da categoria. Pilotos arrojados, corajosos e, sobretudo, humanos.
Parabéns pelos textos. Não deixe de falar sobre o grande Patrick Depailler.
Saudações brasileiras.
Hadson - Governador Valadares (MG) - Brasil
Bem, é ate normal que uma escuderia ñ assuma a culpa pela morte de um piloto, (vê se no caso Ayrton Senna) sugeriu -se que foi erro do proprio senna,mas enfim, pelos videos onbords que vi de Depaller, foi um grnade pilto, amo essa escola antiga da Fomula! hoje ñ é mais referencia, mas essa geraçao de pilotos que guiavam no braço...foi grandiosa e depaller foi um gicante dessa epoca de ouro!!
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