Duas semanas depois da caótica corrida britânica, a Formula 1 voltava ao continente europeu para disputar o GP da Alemanha, na enorme pista do Nurburgring Nordschleife, com 22 quilómetros de extensão. O pelotão esteve ocupado nessas duas semanas a tentar arranjar os vários carros acidentados na corrida anterior, mas mesmo assim, houve consequências.
Um exemplo foi a Surtees, que não conseguiu arranjar os seus carros a tempo. Assim sendo, emprestou o seu principal piloto, John Watson, à Lotus, para poder disputar a corrida. Na Hesketh, um dos seus chassis, que tinha pertencido a Harry Stiller e corrido por Alan Jones no inicio do ano, era agora pertencente ao austriaco Harald Ertl, que era corredor e jornalista motorizado em part-time. Ertl corria graças ao patrocinio da marca de cervejas Warsteiner.
Na Williams, para além de Jacques Laffite, Frank Williams inscreveu um outro carro, para o britânico Ian Ashley, que tinha corrido no ano anterior pela Token e uma entreda privada, a bordo de um Brabham BT42. A Maki voltava à acção, mas Hiroshi Fushida foi substituido pelo britânico Tony Trimmer. apesar desta mudança, o resultado foi o mesmo: uma não-qualificação.
Os organizadores tiveram um trabalho muito grande em colocar várias barreiras de protecção ao longo da pista, tal como os pilotos tinham sugerido. Mas o circuito continuava perigoso: durante os treinos, o Williams de Ashley despistou-se em Pflantzgerten e sofreu fraturas num tornozelo, impedindo-o de correr no resto do fim de semana.
Os treinos foram marcados pela pole-position de Niki Lauda, que consegue uma marca inédita: 6.58,6 segundos, a primeira vez que um carro de Formula 1 baixava dos sete minutos. Ainda por cima, o irónico é que o histórico tempo foi feito por homem que era um critico feroz do Nordschelife, que a considerava como demasiado perigosa para correr por lá. Ao seu lado na grelha fica o Brabham de José Carlos Pace. Na segunda fila estão os Tyrrell de Jody Scheckter e de Patrick Depailler, enquanto que na terceira fila estão o Ferrari de Clay Regazzoni e o McLaren de Jochen Mass. O march de Hans-Joachim Stuck é o sétimo a partir, à frente de Emerson Fittipaldi, no seu McLaren. A fechar o "top ten" estavam o Hesketh de James Hunt e o Brabham de Carlos Reutemann.
No dia da corrida, o tempo estava limpo e fazia calor na zona de Eifel, onde ficava o circuito de Nurburgring, e mais de 200 mil espectadores viam a prova. Na partida, Lauda arranca melhor que Pace e Depailler, enquanto que Scheckter tem dificuldades e cai para o fundo do pelotão. A meio da volta, Depailler conseque passar Pace e começa a assediar Lauda pelo comando da corrida.
Entretanto, no final da primeira volta já havia três pilotos de fora: Mass tinha tido um furo e bateu forte, sem consequências, enquanto o mesmo acontecia a Mark Donohue, no seu March da Penske. E Ronnie Peterson tinha a embraiagem do seu Lotus quebrada por essa altura.
Nas oito voltas seguintes, a luta pela frente era entre o piloto da Tyrrell e o da Ferrari, que davam o seu melhor naquele circuito, sem se largarem um do outro, à medida em que a concorrência tinha problemas: Fittipaldi tem um problema na suspensão, na volta três, a mesma coisa acontece a Pace na volta cinco, o Shadow de Jean-Pierre Jarier tem um furo na volta sete, na mesma volta em que Jody Scheckter, que estava a efectuar uma excelente recuperação, tem também um furo em Wippermann e bate nas barreiras a alta velocidade, sem se magoar.
Contudo, na nona volta, Depailler tem problemas na suspensão e é obrigado a ir à boxe para fazer reparações, perdendo uma volta no processo. Isso deixava os Ferrari nos dois primeiros lugares, mas em pouco tempo, esse dominio esfumava-se: o motor de Regazzoni rebenta e na volta seguinte, Lauda tem um furo, que o leva à boxe. Quando troca os pneus, volta à pista no quinto posto, atrás do novo lider, o Brabham de Reutemann, o Shadow de Tom Pryce, o Hesketh de James Hunt e o Williams de Laffite. A partir dali, Lauda faz uma corrida para recuperar o tempo perdido, mas só consegue melhor do que chegar ao terceiro posto, quando Hunt encosta devido a problemas mecânicos, e Pryce tem uma fuga de combustivel, que o impede de correr a todo o gás.
Mas no final, o argentino vence na Alemanha, com Jacques Laffite a gozar um inédito pódio para ele e para a Williams, a primeira de Frank como construtor independente. Lauda foi o terceiro, minimizando os estragos, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Shadow de Pryce, o Hill de Alan Jones e o Hesketh do holandês Gijs Van Lennep, que dava à Ensign o seu primeiro ponto da história.
Em termos de campeonato, Lauda tinha agora 51 pontos, e era cada vez mais candidato ao título, dado que o segundo classificado era agora Carlos Reutemann, com menos dezoito pontos que o austriaco, e melhor ainda, tinha acabado de passar Emerson Fittipaldi, que tinha menos um ponto do que o argentino.
Fontes:
http://www.grandprix.com/gpe/rr261.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1975_German_Grand_Prix
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